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Soja: Liquidez esteve menor em outubro no Brasil

Publicado 10.11.2023, 15:35
ZS
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A liquidez envolvendo a soja esteve menor em outubro no Brasil, devido à maior disparidade entre os valores pedidos por vendedores e os ofertados por compradores. De um lado, sojicultores estiveram focados nas atividades de campo no Brasil, sem interesse em comercializar grandes volumes no spot nacional. Esses agentes estiveram cautelosos, por conta das irregularidades climáticas no País. Por outro lado, os consumidores domésticos, abastecidos para o médio prazo, estiveram ausentes nas aquisições. Esses demandantes também estiveram atentos ao elevado excedente da safra 2022/23 e ao maior índice pluviométrico no final do mês, que, por sua vez, reforçou as expectativas de produção recorde de soja na temporada 2023/24. Já a demanda externa pela soja esteve aquecida em outubro. Em outubro, as exportações brasileiras da oleaginosa somaram 5,5 milhões de toneladas, segundo dados da Secex, um recorde para o mês, e ampliando para 92,8 milhões de toneladas a somatória do volume escoado em 2023 (até outubro). Somente neste segundo semestre, foram exportadas mais de 30 milhões de toneladas de soja, superando em 16,7% o volume exportado em todo o segundo semestre de 2022. A Secex indica também que, em outubro, a receita média foi equivalente a US$ 31,37/saca de 60 kg (ou R$ 158,91/sc de 60 kg), o maior faturamento nominal desde abril deste ano. Vale observar que o preço médio do spot nacional esteve significativamente abaixo do recebido pelas exportações em outubro.

CAMPO – Sojicultores do Sul e do Sudeste tiveram as atividades interrompidas pelo excesso de umidade em algumas áreas. Já os agricultores do Centro-Oeste do País tiveram problemas como altas temperaturas e os baixos índices pluviométricos. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), 40% da área de soja havia sido semeada no Brasil até 29 de outubro, abaixo dos 47,6% há um ano. Dentre as regiões, 70,9% da área foi semeada em Mato Grosso; 52%, em Mato Grosso do Sul; 58% em São Paulo e no Paraná. Em Mato Grosso do Sul, a semeadura da soja alcançou 52% da área e em Goiás, 31%. Os produtores de Minas Gerais cultivaram 17,8% da área de soja, os de Santa Catarina, 16%, e os do Rio Grande do Sul, 1%. A região de Matopiba deve intensificar as atividades de campo a partir de novembro. Mas a probabilidade de chuvas para esta região é baixa. A Conab mostra que 3% foi da área foi cultivada no Maranhão e 15% no Tocantins. Os produtores do Piauí ainda não iniciaram as atividades. Na Bahia, 4% da área de soja foi semeada até 29 de outubro.

PREÇOS – De setembro para outubro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá da soja recuou 2,1%, com a média do último mês a R$ 144,09/sc de 60 kg. Entre outubro/22 e outubro/23, a média caiu 17,7%, em termos reais (IGP-DI, de set/23). O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná teve média R$ 139,91/sc de 60 kg em outubro, quedas de 1,6% frente à de setembro e de 20% em relação à de outubro/22, em termosreais. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o preço da soja cedeu 2% no mercado de balcão (pago ao produtor) e 1,7% no de lotes (negociações entre empresas). Em um ano, os preços recuaram expressivos 25% e 23,7%, respectivamente.

DERIVADOS – A maior demanda por farelo de soja elevou os preços do derivado em outubro. Vale lembrar que, na primeira quinzena do mês, os consumidores estavam cautelosos nas aquisições, esperando por melhores oportunidades de compra – esses agentes estavam fundamentados na maior oferta no Hemisfério Norte, devido à entrada de soja da safra 2023/24. Entretanto, ao passar dos dias, a demanda global começou a se aquecer, o que elevou os preços futuros negociados na Bolsa de Chicago e, consequentemente, a paridade de exportação de farelo de soja no Brasil. Atentos a este cenário, representantes das indústrias esmagadoras elevaram os valores ofertados pelo derivado no Brasil. E, diante dos estoques reduzidos, os consumidores nacionais precisaram ir às compras, mesmo diante dos preços mais altos. Consequentemente, esse cenário elevou a disputa nas negociações entre os compradores domésticos e internacionais. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações do farelo de soja subiram 1,2% de setembro para outubro. Em um ano, contudo, observa-se queda de 11,1%, em termosreais. O óleo bruto e degomado na região de São Paulo (com 12% de ICMS incluso) se valorizou 0,7% entre as médias de setembro e de outubro, a R$ 5.281,57/tonelada no último mês. Esta é a maior média mensal desde março deste ano, em termos reais, porém, ainda ficou 23,2% abaixo da de outubro/22.

FRONT EXTERNO – Diante da entrada da safra 2023/24 de soja no Hemisfério Norte, o contrato da soja operou abaixo dos US$ 13,00/bushel em grande parte de outubro. Assim, o preço médio do mês foi o menor desde novembro/21, em termos nominais, a US$ 12,8438/bushel (US$ 28,32/sc de 60 kg), sendo também 3% inferior ao de setembro/23 e 7% abaixo do de outubro/22. Segundo o relatório de acompanhamento de safras do USDA, 85% da área cultivada com soja foi colhida nos Estados Unidos até o dia 29 de outubro, inferior aos 87% do mesmo período do ano passado, mas acima dos 78% colhidos na média dos últimos cinco anos. A queda no preço externo está atrelada, também, à menor demanda externa pelo grão norte-americano. De acordo com o relatório de inspeção e exportação do USDA, os Estados Unidos escoaram 9,95 milhões de toneladas de soja na parcial desta safra (de 1º de setembro a 26 de outubro), 2,7% a menos que em igual período de 2022. A queda do óleo foi mais significativa, uma vez que a firme demanda global por farelo de soja pode gerar maior excedente de óleo. O preço médio de outubro deste derivado caiu 11,9% na comparação mensal e 22,1% na anual. Quanto ao farelo de soja, a média avançou 0,5% frente à de outubro, mas cedeu 2,8% em relação a outubro/22.

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