Os Indicadores da soja em grão subiram no mercado interno em junho e voltaram ao maior patamar desde dezembro/18, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI maio/19). O impulso veio do aumento nos contratos futuros na CME Group (Bolsa de Chicago), que voltaram a operar acima dos US$ 9,00/bushel em meados do mês. O enfraquecimento do dólar frente ao Real, no entanto, limitou a alta no preço doméstico e a liquidez. O ritmo de negócios internos também esteve menor devido à disparidade entre as ofertas de compra e venda e à retração de parte de compradores, que se mostra abastecida.
Do lado da oferta, sojicultores estiveram retraídos nas vendas, visto que tinham incertezas sobre a safra de soja nos Estados Unidos, onde o excesso hídrico retardou o semeio, preocupando agentes sobre a produtividade e a qualidade da safra daquele país.
Além disso, grande parcela dos sojicultores já se capitalizou e, agora, prefere segurar o remanescente da produção para comercializar no segundo semestre, período em que a safra norte-americana terá melhor definição.
Nesse cenário, se comparadas as médias de maio e junho, os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ Paraná avançaram fortes 4,5% e 4,6%, com médias de R$ 81,90/sc de 60 kg e R$ 76,26/sc de 60 kg, respectivamente, em junho. No mesmo comparativo, o dólar se desvalorizou 3,4%, com média mensal de R$ 3,8612.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, as cotações da oleaginosa subiram expressivos 5,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 5% no de lotes (negociações entre empresas) entre maio e junho.
Na CME Group (Bolsa de Chicago) entre maio e junho, o primeiro vencimento da soja (Jul/19) avançou expressivos 7%, a US$ 8,8891/bushel (US$ 19,60/sc de 60 kg) no último mês. No mesmo comparativo, o contrato de mesmo vencimento do farelo de soja subiu fortes 6,5% entre os dois últimos meses, a US$ 317,69/tonelada curta (US$ 350,18/t). Quanto ao óleo de soja, houve alta de 2,8%, a US$ 0,2785/lp (US$ 614,05/t).
Os futuros foram impulsionados pelas consecutivas chuvas no cinturão agrícola dos Estados Unidos no decorrer de junho, que retardaram o andamento dos trabalhos de campo. O USDA apontou que o semeio da soja havia alcançado 92% da área até o dia 30 de junho – no mesmo período de 2018, o cultivo já havia se encerrado e, na média dos últimos cinco anos, 99% da área fora semeada. Apenas 83% da área emergiu, contra 98% em 2018 e 95% na média dos últimos cinco anos. Em relação à qualidade das lavouras, o USDA aponta que 47% estavam em boas condições, 35%, em médias e 11%, em ruins e muito ruins.
DERIVADOS – Entre maio e junho, os preços do farelo de soja subiram expressivos 7,9% na média das regiões acompanhadas pelo Cepea. Isso porque a demanda pelo setor de ração segue firme, principalmente por parte de suinocultores, que registram bom desempenho nas exportações, especialmente à China. Avicultores também estiveram ativos, repondo estoques.
Outro fator que elevou os valores do derivado foi o alto patamar de preço do grão, fator que, inclusive, reduziu a margem de lucro de indústrias processadoras. No dia 26 de junho, o crush margin foi calculado a US$ 5,25/tonelada para julho/19 em Paranaguá, o menor para o primeiro vencimento desde 21 de novembro de 2018. Vale ressaltar que, no mesmo período de 2018, o crush margin era calculado a US$ 51,75/tonelada para o mesmo mês.
Para o óleo de soja, na cidade de São Paulo (com 12% de ICMS), houve alta de 0,6% de maio para junho, com média de R$ 2.742,36/tonelada. As negociações envolvendo o derivado ocorreram em ritmo lento, uma vez que compradores do setor alimentício travaram contratos antecipadamente para entrega alongadas e estavam apenas recebendo. Em relação ao biodiesel, os preços foram considerados baixos por agentes e a demanda esteve retraída.