As exportações brasileiras de soja em grão somaram 22,09 milhões de toneladas no primeiro trimestre, um recorde para o período e 15,7% acima do embarcado no mesmo intervalo de 2023 – dados Secex. Segundo pesquisadores do Cepea, o bom ritmo das vendas externas reflete as negociações de contratos a termo, realizados ainda em 2023. E agentes do setor acreditam que os embarques nacionais da oleaginosa devem seguir intensos, fundamentados na valorização do dólar frente ao Real. Já o preço médio recebido pelas vendas externas de soja no primeiro trimestre de 2024 foi de R$ 136,30/sc de 60 kg, o menor para o período desde 2019, em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI de mar/24). No spot nacional, consumidores estão limitando as aquisições, atentos à maior oferta na Argentina e à possível necessidade de produtores brasileiros de liberar espaço nos armazéns. Vendedores, por sua vez, seguem cautelosos nas negociações envolvendo grandes volumes, devido à menor produtividade e aos altos custos com a atual safra.
MILHO: PREÇOS CAEM, PRINCIPALMENTE NO CENTRO-OESTE
O mercado doméstico de milho segue com baixa liquidez e preços em queda na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea, sobretudo nas do Centro-Oeste. Segundo pesquisadores deste Centro, consumidores postergam as aquisições de grandes lotes, pois acreditam em negócios mais atrativos nas próximas semanas, fundamentados na entrada da safra verão, no clima favorável à segunda safra do cereal no Brasil e na possível necessidade de liberação de espaço nos armazéns. Até o dia 31 de março, 98,7% da área nacional estimada para a segunda safra havia sido semeada, conforme dados da Conab. Quanto à safra verão, a colheita somava, até o dia 31 de março, 46,4% da área nacional, também de acordo com a Conab.
MANDIOCA: CLIMA LIMITA AVANÇO DA COLHEITA E PREÇOS REAGEM
O clima seco vem limitando o avanço da colheita de mandioca em boa parte das regiões acompanhadas pelo Cepea – segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, o volume acumulado de chuvas em março foi o mais baixo desde julho/22. Além disso, considerando a queda na rentabilidade, parte dos produtores está optando por reduzir o ritmo das entregas, exceto nos casos em que há necessidade de liberação de áreas. Nesse cenário de menor oferta, a pressão sobre as cotações diminuiu na última semana, com reações em algumas praças. Segundo pesquisadores do Cepea, apesar da redução no volume ofertado, o esmagamento ainda deve apresentar alta de 31% frente à semana anterior, que foi mais curta, ou seja, com menos dias trabalhados por conta do feriado.
OVOS: MESMO PÓS-QUARESMA, DEMANDA SEGUE FIRME E SUSTENTA COTAÇÕES
O período pós-Quaresma é geralmente caracterizado por queda na demanda por ovos, o que pressiona os valores. Neste ano, porém, as cotações seguiram praticamente estáveis em boa parte das praças acompanhadas pelo Cepea, refletindo um ajuste entre oferta e procura. Segundo pesquisadores do Cepea, o período de início de mês (recebimento de salários) elevou o consumo, que, combinado à oferta relativamente controlada, sustentou os preços. Para as próximas semanas, colaboradores consultados pelo Cepea relatam a possibilidade de enfraquecimento na demanda e nas cotações, especialmente na segunda quinzena.