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Soja e Seca na Argentina, Análise de Preços e Comportamentos dos Agentes

Publicado 11.03.2018, 17:30
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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Os contratos futuros de soja tiveram um aumento de preços considerável nos dois meses recentes. Grande parte deste movimento é devido a seca na Argentina. Conforme o déficit hídrico foi se consolidando, e as perdas nas lavouras de soja (e milho também) se tornaram irreversíveis, o movimento de alta de preços ganhou força, e os participantes do mercado reajustaram suas posições. O impacto da notícia de redução de produção da Argentina foi sentido diretamente nos preços do farelo de soja, e soja grãos, na Bolsa de Chicago, tal qual se observa na série de preços do contrato futuro de soja vencimento Maio 2018, o contrato mais liquido, de vencimento de curto prazo.

contratos futuros de soja gráfico

Do dia 05 de dezembro de 2017, último pico de preços altos até janeiro os preços estavam em tendência de queda, até se observar e noticiar a seca na Argentina.

A partir de então, os preços saíram dos preços mínimos do período, e tiveram uma alta intensa. Os preços inferiores a 960 centavos por bushel alcançaram valores superiores a 1080 centavos por bushel. São 120 centavos em pouco mais de um mês e meio. Do começo de março em diante, os preços começaram a ceder.

O último candle diário foi o que apresentou maior queda em preços. Pesaram nos últimos dias de pregão o relatório do USDA, e suas projeções de safra, consumo e estoque, para Brasil, Argentina e Estados Unidos, os maiores produtores do mundo. Os dados de volume, na parte inferior do gráfico, também, mostram que no mesmo período de movimento de altas dos preços, os volumes de contratos futuros negociados foram bem superiores aos padrões anteriores.

Graficamente, os preços se encontram em um delicado patamar. Após uma intensa alta, pode ter uma correção de preços. Fundos realizando lucros e produtores rurais fixando preços futuros, ambos vendendo contratos futuros. Pela retração de Fibonacci, a primeira correção seria exatamente, no patamar atual.

Em seguida, pode recuperar movimento de alta ou continuar até a próxima retração, próximo a 1020 centavos. De quebra, os atuais preços também se encontram na linha de resistência, formada pela ultimo topo de alta, do dia 05 de dezembro.

É o momento de fixar preços?

(Na segunda parte do texto veremos como os produtores americanos negociando).

O momento é peculiar, preços de soja no interior do Brasil e no porto acompanharam a alta de preços. Quem produz soja tem um bom momento para garantir preços. Seja vendendo parte dos grãos colhidos a um preço bem superior ao esperado, seja segurando os grãos e com preço garantido pela Bolsa. Uma possibilidade para os agricultores é a compra de put para quem segurar os grãos remanescentes, ou venda dos grãos e compra de call.

Com ambas as estratégias, garante-se o preço atual, e participa de possíveis altas. Sobre o relatório recente do USDA, estima-se uma produção de soja na Argentina de 47 milhões de toneladas. A Bolsa de Cereais, da Argentina, trouxe dados ainda menores, de 42 milhões de toneladas. A mesma ainda indica que novas projeções de queda podem ocorrer na ausência de chuvas. Para o Brasil, o USDA elevou-se a produção, de 112 para 113, milhões de toneladas. Outro dado relevante são os estoques de soja nos EUA, em 15 milhões de toneladas, pouco acima do que o mercado esperava. Fato decorrido de uma redução nas exportações dos EUA, de soja. O comportamento dos principais participantes durante essa movimentação de preços, em função da seca na Argentina, está dividido em dois comportamentos distintos: a indústria de fundos e os “hedgers”.

Seguem os dados da Bolsa para contratos em aberto dos fundos: COTSheet (3)

Os "manager money" a partir do dia 16 de janeiro, elevaram suas posições compradas em soja, objetivando ganhos financeiros com a alta dos preços. O "net", somatório líquido (de posições compradas e vendidas), destes participantes aumentou de - 100 mil contratos vendidos (estavam vendidos, apostando na queda dos preços) para quase 200 mil positivos, passando a apostar na alta dos preços. Os números de contratos negociados (posições em aberto) dos participantes altistas (long), quase dobrou, saindo dos 104 mil contratos abertos para 195 contratos, de dezembro até março.

As posições vendidas se reduziram de 53 mil contratos para 183 mil contratos em aberto. Os fundos, até então vendidos, se reposicionaram frente aos prejuízos da virada de preços, para alta! Esta categoria, formada por profissionais do mercado financeiro, migra facilmente de posição. A segunda categoria importante são os hedgers, produtores rurais, e compradores, que buscam se proteger das oscilações de preços, e garantir preços mínimos e margens de lucro, atraves a Bolsa.

Segue dados da Bolsa para contratos em aberto de hedger: COTSheet (2)

A partir do dia 23 de janeiro, já dentro do movimento de alta dos preços, as posições vendidas começaram a aumentar. Em março estão com mais de 500 mil contratos em aberto posicionados para venda. O "net", somatório líquido de comprados e vendidos, caiu passou de positivo para negativo, no começo de fevereiro. As posições compradas, posições "long" se mantiveram estáveis, entre 260 a 280 mil contratos em aberto. As posições líquidas de hedgers no dia 06 de março estavam em 250 mil contratos vendidos, com viés de queda de preços. Em resumo, pela movimentação dos participantes vê-se que os especuladores estão altistas, após serem "stopados" de suas posições.

O stress na Argentina reforça essas posições, com viés especulativo. Os produtores rurais aproveitam a alta inesperada de preços, e travam seus preços na bolsa. O net de hedgers esta em 250 mil contratos vendidos e o net dos fundos, 200 mil contratos comprados. Os bancos estão dando liquidez e cobrindo essa diferença. Voltando ao assunto dos preços. Os preços se encontram em uma resistência de topo, e em uma retração de Fibonacci.

Uma virada na posição dos fundos pode mudar a tendência dos preços. De agora em diante a Argentina pode ter mais perdas na produção, e em Abril, começam os plantios nos EUA. Toda informação sobre clima é importante para e determinar o rumo dos preços no futuro. Pense na sua rentabilidade! Está na hora de comercializar grãos ou derivativos agrícolas?

Um abraço, Maurilio.

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