De forma atípica para esta época do ano, o mercado interno de soja apresenta maior liquidez neste começo de dezembro, devido ao dólar alto, que vem atraindo agentes ao spot nacional. Pesquisadores do Cepea destacam que a moeda norte-americana valorizada frente ao Real torna a oleaginosa brasileira mais competitiva no mercado global, o que, consequentemente, resulta em maior disputa entre consumidores domésticos e externos. O volume de negócios, contudo, foi limitado pela resistência de uma parcela vendedora, que prefere comercializar o remanescente da safra 2023/24 apenas no primeiro bimestre de 2025. Diante desse cenário, os preços da soja se sustentaram no Brasil ao longo da última semana.
MILHO: Com vendedor afastado, valores do milho reagem
Compradores domésticos seguem afastados do mercado spot, e as exportações brasileiras de milho – assim como verificado ao longo de toda a atual temporada – estão em ritmo muito lento. Pesquisadores do Cepea indicam que, apesar disso, vendedores também se retraíram do spot nacional na última semana, e os preços do milho reagiram. Enquanto compradores estão de olho no clima favorável, que pode resultar em maior volume de milho nos próximos meses, e na lentidão das exportações, que pode aumentar os estoques de passagem, vendedores estão atentos ao desenvolvimento das lavouras da safra verão. Assim, no geral, a liquidez é baixa. Pesquisadores do Cepea ressaltam que é comum que as negociações no físico nacional se reduzam nesta época do ano. Além de agentes trabalharem com o produto em estoque e/ou comprometido em períodos anteriores, muitos evitam comercializar o cereal por questões fiscais.
MANDIOCA: Volume de moagem cai 13%
A última semana foi de diminuição no ritmo de colheita de mandioca, diante da baixa disponibilidade de lavouras e, principalmente, da ocorrência de chuvas na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea. Esse cenário, somado ao fato de algumas empresas já terem entrado em recesso, resultou na queda do volume de esmagamento nas indústrias de fécula e de farinha. Estimativas do Cepea apontam 52,9 mil toneladas esmagadas nas fecularias na semana passada, recuo de 13% frente ao período anterior, com a ociosidade média em 53,5% da capacidade instalada. O maior ajuste entre oferta e demanda fez com que as cotações tivessem poucas movimentações na semana, ainda conforme pesquisas do Cepea. A média nominal a prazo para a tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 699,93/t (R$ 1,2173/grama de amido), leve aumento de 0,4% no comparativo semanal e de 11,6% sobre período equivalente do ano passado, em termos reais – utilizando o IGP-DI como deflator.
FEIJÃO: Valores caem com demanda retraída e aumento na oferta
Os valores dos feijões seguiram pressionados ao longo da semana passada, conforme mostra levantamento do Cepea realizado em parceria com a CNA. Segundo pesquisadores do Cepea, a pressão sobre os valores veio da retração da demanda e do aumento da oferta. As desvalorizações mais intensas foram observadas para o feijão carioca notas 8,0 a 8,5 e para o preto. Do lado da demanda, as vendas de atacado e varejo seguem lentas, um comportamento típico para este período que antecede as comemorações de final de ano. Com um mercado mais retraído, empresas têm optado por compras pontuais. Quanto à oferta, ainda que parte dos produtores opte por restringir o volume de produto de melhor qualidade, apostando em cotações mais atrativas, há lotes que começam a perder cor, sendo reclassificados com menores notas e comercializados a preços inferiores. Pesquisadores indicam que isso justifica as desvalorizações mais intensas para o feijão carioca notas 8,0 a 8,5, sobretudo nas regiões do Centro-Oeste.