Incertezas quanto à produção nacional de soja, expectativas de maior demanda e a recente desvalorização cambial (US$/R$) ampliaram a disparidade entre os preços pedidos e ofertados pela oleaginosa, limitando a liquidez no mercado brasileiro. De um lado, produtores, especialmente os da região Sul, relatam grandes perdas na produção devido à escassez hídrica no principal período de desenvolvimento das lavouras. De outro, agentes consultados pelo Cepea apontam que as produções nas demais regiões do Brasil devem ser volumosas, compensando boa parte das perdas no Sul. Agentes também indicam a possibilidade de maiores demandas doméstica e internacional nesta temporada, o que tem deixado produtores reticentes nas negociações do remanescente da safra 20/21 e também de contratos a termo da safra 21/22. Consumidores também estiveram cautelosos nos últimos dias, diante da desvalorização do dólar e da expectativa da entrada da nova safra. No spot nacional, o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná subiu 1,5% entre 14 e 21 de janeiro, a R$ 177,33/sc de 60 kg na sexta-feira, 21. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá (PR) registrou alta de 2%, no mesmo comparativo, a R$ 180,15/sc de 60 kg no dia 21. Dentre as regiões brasileiras, entretanto, os preços registraram direções distintas. O dólar registrou queda de 1,17% entre as duas últimas sextas-feiras, a R$ 5,457 no dia 21.
MILHO: RITMO DE NEGÓCIOS É LENTO; COTAÇÕES SEGUEM EM ALTA
Os preços do milho continuam em alta no mercado físico nacional, mesmo com o início da colheita da primeira safra no Sul. Segundo colaboradores do Cepea, as consecutivas valorizações têm preocupado compradores, que reportam dificuldades para recompor estoques. No estado de São Paulo, especificamente, mesmo com o aumento da oferta do Centro-Oeste, demandantes têm preferido comprar o cereal paulista, que estava nos armazéns desde a colheita da segunda safra. Porém, menores volumes – a preços mais altos – têm sido adquiridos, mas com entrega rápida. Entre 14 e 21 de janeiro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), subiu 1,6%, fechando a R$ 98,33/saca de 60 kg na sexta-feira, 21, acumulando 15 dias consecutivos de alta e voltando aos patamares de agosto de 2021.
MANDIOCA: BAIXA OFERTA E MAIOR PROCURA SUSTENTAM PREÇO DA RAIZ
O preço médio nominal a prazo da raiz de mandioca posta fecularia fechou a R$ 684,94 (R$ 1,19 por grama de amido na balança hidrostática de 5 kg) na última semana (17 – 21), praticamente estável (-0,02%) frente ao da semana anterior e 57,3% maior que o registrado em igual período de 2021. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário é reflexo da baixa oferta e da procura firme. Embora chuvas tenham sido registradas na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea, a umidade do solo continuou baixa em muitas lavouras. Assim, apenas alguns produtores seguiram com a colheita – em áreas mais arenosas – e abasteceram as farinheiras e fecularias que retomaram o processamento, o que manteve baixa a disponibilidade de raízes. A demanda, por sua vez, aumentou um pouco, ajudando a sustentar as cotações.
OVOS: RELAÇÃO DE TROCA POR MILHO É A PIOR DA HISTÓRIA
Com os ovos desvalorizados e os preços do milho e do farelo de soja em alta, o poder de compra do avicultor de postura recuou na parcial deste mês (até o dia 20). Considerando-se o milho, especificamente, a relação de troca em janeiro é a mais desfavorável ao avicultor em toda a série histórica do Cepea, iniciada em 2013 – na média parcial do mês, foi possível ao produtor de Bastos (SP) a compra de 65,9 quilos do cereal com a venda de uma caixa de 30 dúzias de ovos brancos tipo extra, considerando-se o preço do milho na região de Campinas (SP) – Indicador ESALQ/BM&FBovespa. Esse volume é o menor da série e ainda 14,9% inferior ao registrado em dezembro. Segundo pesquisadores do Cepea, as cotações do milho estão em forte alta neste mês, impulsionadas pela restrição de vendedores – devido às incertezas quanto à produtividade das lavouras – e pela demanda elevada. Quanto ao farelo de soja, após o recuo dos preços na maior parte do segundo semestre de 2021, os valores passaram a subir em dezembro, principalmente por conta do alto valor da matéria-prima e da firme procura. Assim, na média parcial de janeiro, o avicultor pôde comprar 38,3 quilos do insumo (mercado de lotes da região de Campinas) com a venda de uma caixa de ovos brancos, a menor quantidade em um ano, considerando-se a série mensal, e ainda 20,8% menor que a média de dezembro.