Soja: Demanda Interna e Externa Aquecidas em Agosto

Publicado 16.09.2020, 09:49
ZS
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A demanda pela soja brasileira esteve aquecida em agosto, tanto de indústrias domésticas quanto de importadores, sendo verificada, inclusive, disputa entre esses compradores por novos lotes. Esse cenário elevou os preços e diminuiu a diferença entre os valores pagos no porto de Paranaguá (PR) e no estado do Paraná. Na média de agosto, ambos os Indicadores renovaram os recordes nominais de toda a série do Cepea e operaram nos maiores patamares reais desde setembro de 2012 (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de julho/20). O Indicador ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá (PR) subiu significativos 10,8% entre julho e agosto e 51,1% entre agosto/19 e agosto/20, com média de R$ 128,59/saca de 60 kg no último mês. Quanto ao Indicador CEPEA/ESALQ Paraná, o avanço foi de 11,9% entre as médias de julho e agosto e 55,6% entre agosto de 2019 e de 2020, indo para R$ 122,52/sc de 60 kg.

A diferença entre os Indicadores de Paranaguá e do Paraná foi, em agosto, a menor desde 2016. Naquele ano, indústrias nacionais estavam consumindo 35,26% do volume de soja produzida no Brasil e, na atual temporada, o USDA estima que 35,12% da produção seja processada internamente. O aumento no consumo doméstico está atrelado à maior demanda por derivados, cenário que segue resultando em boa margem de lucro para as indústrias, mesmo com a matéria-prima a preços recordes. Diante dos preços elevados, o Mistério da Agricultura estuda isentar, temporariamente, a Tarifa Externa Comum (TEC), de 8%, sobre as importações de soja de países fora do Mercosul. Entretanto, caso essa ação seja implementada, dificilmente terá efeitos práticos, pois foi a taxa de câmbio que elevou os preços em Reais.

FARELO DE SOJA – Mesmo com a alta no preço da matéria-prima, indústrias nacionais repassaram o custo para os derivados, garantindo a margem de lucro e deixando-as ativas nas aquisições do grão em agosto. Cálculo realizado pelo Cepea mostra que, quando considerados os preços FOB de soja, farelo e óleo de soja, pelo porto de Paranaguá, o “crush margin” com embarque em setembro/20 subiu expressivos 43,11% entre as médias de julho e agosto. Consumidores domésticos que estavam resistentes em fechar novos negócios mostraram necessidade de adquirir novos lotes de farelo de soja em agosto. Assim, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços subiram 5,7% de julho e agosto. A média de agosto supera em expressivos 38,1% a do mesmomês de 2019, em termosreais. Nas regiões de Campinas (SP) e Ponta Grossa (PR), o farelo foi negociado no maior patamar real desde outubro/12; em Mogiana/SP, desde nov/12 e, em Chapecó (SC), Rio Verde (GO), Triângulo Mineiro (MG) e norte e oeste do Paraná, desde junho/16.

ÓLEO DE SOJA – A comercialização de óleo de soja, com entrega em setembro e outubro deste ano, também esteve aquecida no mês – indústrias começaram a fazer vendas agendadas. Ainda assim, demandantes nacionais relataram dificuldades nas aquisições, o que resultou em importação desse coproduto do Paraguai. Os preços do óleo de soja (com 12% de ICMS) na cidade de São Paulo subiram expressivos 24,9% no mês e 57,5% no ano, com média de R$ 5.743,37/tonelada em agosto.

SAFRA 2020/21 – As negociações de soja em grão envolvendo a temporada 2020/21 estiveram aquecidas em agosto, favorecidas por preços bastante elevados de vendas antecipadas. Em meados de setembro, o semeio de soja pode se iniciar no Paraná, em Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Antes mesmo de o semeio iniciar no Brasil, as negociações da safra 2020/21 já passaram de 50%, segundo indicam agentes consultados pelo Cepea, um recorde para o período. Esse cenário aconteceu porque a margem de lucro esteve atrativa ao sojicultor, uma vez que as aquisições de insumos e de fertilizantes também foram realizadas de forma bastante antecipada, segundo a equipe de Custos de Produção Agrícola do Cepea.

SAFRA 2021/22 – Vendas para entrega entre fevereiro e julho de 2022 também foram registradas no decorrer de agosto. A comercialização envolvendo o produto que será colhido daqui duas safras é inédito. Inclusive, as negociações com embarque no primeiro trimestre de 2022 foram realizadas de R$ 115,00 a R$ 120,00/sc de 60 kg – valores próximos aos de 2021.

FRONT EXTERNO – Os futuros negociados na CME Group (Bolsa de Chicago) subiram em agosto, impulsionados pela piora da qualidade das lavouras norte-americanas e por expectativas de vendas para a China na próxima temporada, que se inicia em setembro. Na CME Group (Bolsa de Chicago), o contrato de primeiro vencimento da soja se valorizou 1% entre as médias de julho e agosto e 5,6% comparandose agosto/19 e agosto/20, a US$ 9,0452/bushel (US$ 19,94/sc de 60 kg) – a maior média nominal desde janeiro deste ano. Para o óleo, a valorização foi de expressivos 9% no mês e 11,4% no ano, com média de 0,3179/lp (US$ 700,88/t) em agosto. Quanto ao farelo, os preços subiram ligeiro 0,2% entre julho e agosto, mas cederam 1,1% entre agosto/19 e agosto/20, a US$ 290,11/tonelada curta (US$ 319,79/t). Vale ressaltar, no entanto, que, com os altos estoques remanescentes da safra 2019/20 e a produção volumosa em 2020/21, os Estados Unidos devem iniciar a nova temporada com 137,56 milhões de toneladas de soja, um recorde.

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