O baixo excedente interno, o cultivo tardio no Brasil e a valorização externa elevaram os preços da soja no mercado doméstico nos últimos dias. Ainda assim, as negociações estão em ritmo lento, devido à retração de produtores, que não têm interesse em negociar o restante da safra 2019/20. O pouco volume disponível no spot está sendo disputado por indústrias locais, que oferecem preços acima dos da paridade de exportação, algo incomum de se observar. Indústrias sinalizam não ter estoques longos, o que deixa avicultores e suinocultores em alerta quanto ao consumo de farelo de soja no primeiro bimestre de 2021, especialmente diante da possibilidade do atraso da colheita da safra 2020/21, devido ao atual semeio tardio. Nos últimos dias, os trabalhos de campo foram intensificados, favorecidos por chuvas. Quanto aos preços, o Indicador CEPEA/ESALQ Paraná avançou expressivos 4,2% entre 16 e 23 de outubro, a R$ 164,50/sc de 60 kg na sexta-feira, 23 – na parcial do mês, este Indicador registra a segunda maior média real da série do Cepea, inferior apenas à verificada em outubro/2002 (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de out/20). Inclusive, o Indicador Paraná está superior ao Indicador ESALQ/BM&FBovespa Paranaguá (PR) – porto de referência de formação de preços de soja no Brasil –, que, por sua vez, fechou a R$ 164,23/sc de 60 kg na sexta, aumento de 3% frente à sexta anterior.
MILHO: INDICADOR SOBE QUASE 24% NA PARCIAL DO MÊS E SE APROXIMA DO RECORDE
O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas, SP) de milho está em alta consecutiva desde o encerramento de setembro. Nesta parcial de outubro (até o dia 23), o Indicador já subiu expressivos 23,87%, fechando a R$ 78,82/saca de 60 kg na sexta-feira, 23, o maior valor nominal da série do Cepea e próximo do recorde real, de R$ 81,4/saca de 60 kg, registrado no dia 30 de novembro de 2007 (os valores diários foram deflacionados pelo IGP-DI de setembro/2020). Segundo pesquisadores do Cepea, o forte avanço das cotações está atrelado à retração de vendedores, às aquecidas demandas externa e interna e à maior paridade de exportação.
MANDIOCA: OFERTA AUMENTA, DEMANDA SE ENFRAQUECE E PREÇOS RECUAM
Os valores da raiz de mandioca registraram queda nos últimos dias, pressionados pela combinação entre maior oferta e demanda enfraquecida. Segundo colaboradores do Cepea, produtores elevaram o volume ofertado, devido à maior umidade do solo e aos preços ainda considerados atrativos. Porém, a quantidade disponibilizada permanece abaixo das expectativas porque muitas lavouras ainda não estão prontas para serem colhidas. A demanda, por sua vez, diminuiu por conta do menor ritmo de moagem nas indústrias de fécula e de farinha de mandioca. Assim, entre 19 e 23 de outubro, o preço médio nominal a prazo para a tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 500,31 (R$ 0,8701 por grama de amido, na balança hidrostática de 5 kg), baixa de 9,3% frente à média da semana anterior.
OVOS: PODER DE COMPRA FRENTE AO MILHO É O MAIS BAIXO DA SÉRIE
Os preços dos principais insumos consumidos na avicultura de postura, milho e farelo de soja, têm atingido patamares recordes neste mês de outubro. Esse cenário vem pressionando o poder de compra de avicultores, apesar da recente valorização dos ovos – a atual relação de troca entre ovos e milho é a mais desfavorável de toda a série histórica do Cepea, iniciada em 2013; frente ao farelo, o poder de compra neste mês é o terceiro mais baixo da série. Segundo colaboradores do Cepea, com a firme demanda por milho nas regiões produtoras, vendedores se mantêm afastados das negociações, na expectativa de novas valorizações. Atualmente, a saca de 60 kg é comercializada a valores recordes nominais na série histórica do Cepea, iniciada em 2004 para esse produto. Quanto ao farelo de soja, a dificuldade da indústria esmagadora em negociar lotes do grão tem limitado a disponibilidade do derivado e, consequentemente, elevado os preços, que também operam nas máximas nominais. Para os ovos comerciais, as temperaturas elevadas nas principais regiões produtoras vêm limitando a produção de ovos maiores, o que, por sua vez, eleva as cotações.