Os preços da soja caíram no Brasil e nos Estados Unidos nos últimos dias. Segundo pesquisadores do Cepea, a desvalorização doméstica esteve atrelada à menor demanda externa, sobretudo da China, ao enfraquecimento da procura por parte de indústrias internas e à queda dos prêmios de exportação. No caso da demanda interna, representantes de esmagadoras indicam que adquiriram maiores lotes do grão na primeira quinzena de julho, sem necessidade de realizar novas aquisições na última semana. Além disso, esses compradores estão atentos à menor demanda externa. Vale lembrar que, no primeiro semestre de 2022, o Brasil embarcou 53,07 milhões de toneladas de soja, a menor quantidade para o período desde 2019. O recuo na exportação brasileira, por sua vez, se deve à diminuição dos embarques à China e aos Países Baixos (Holanda), que registraram respectivas quedas de 11,53% e de 19,8% no comparativo entre os primeiros semestres de 2021 e de 2022 – de acordo com dados da Secex. No spot nacional, de 15 a 22 de julho, os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ – Paraná da oleaginosa caíram 2,7% e 2,3%, com respectivos fechamentos de R$ 185,06/sc e de R$ 179,28/sc de 60 kg na sexta, 22.
MILHO: COMPRADOR SE RETRAI E PRESSIONA INDICADOR, QUE RETORNA À CASA DOS R$ 80/SC
As cotações do milho seguiram recuando nos mercados interno e externo na última semana. Na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa voltou para a casa dos R$ 80/saca de 60 kg, fechando a sexta-feira, 22, a R$ 80,06/sc, queda de 2,9% em relação ao dia 15 e o menor valor nominal desde 30 de dezembro de 2020. Segundo pesquisadores do Cepea, as desvalorizações estão atreladas ao avanço da colheita da segunda safra, que tem mantido consumidores retraídos, apostando em maiores desvalorizações. Além disso, a melhora do clima nos Estados Unidos pressionou os vencimentos futuros, o que reduziu os valores nos portos brasileiros. Compradores também estão atentos à limitação de armazenagem – relatos já indicam armazéns lotados no Sudeste e produto a céu aberto no Centro-Oeste, cenário que pode reduzir a qualidade do grão.
MANDIOCA: INDÚSTRIA DE FÉCULA JÁ REDUZ TURNOS DE ESMAGAMENTO
A quantidade de mandioca de segundo ciclo (cultivada em 2020) está muito baixa na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea, e agricultores seguem sem interesse em comercializar raízes mais novas (entre 10 e 12 meses), devido aos menores teor de amido e produtividade. Além disso, a umidade dos solos segue baixa, o que também tem limitado o avanço dos trabalhos no campo, em especial a colheita, mantendo a oferta abaixo das expectativas. Assim, parte da indústria de fécula já diminuiu os turnos de moagem, sobretudo em Mato Grosso do Sul e no Paraná. Estimativas do Cepea apontam que a moagem caiu 5% na última semana frente à anterior, com ociosidade média em 47% da capacidade instalada das fecularias. Nesse cenário, os preços continuam em elevação. Entre 18 e 22 de julho, a média nominal a prazo da tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 914,74 (R$ 1,5909 por grama de amido), avanço de 1,2% na semana. Em valores atualizados (deflacionamento pelo IGP-DI), o aumento foi de 95,3% em relação ao mesmo período de 2021.
OVOS: OFERTA E DEMANDA AJUSTADAS MANTÊM PREÇOS ESTÁVEIS HÁ 45 DIAS
Mesmo com o avanço da segunda quinzena e a consequente redução da demanda interna, os preços dos ovos comerciais seguem estáveis há 45 dias nas principais regiões acompanhadas pelo Cepea. Isso porque, apesar da menor procura, o setor segue controlando a oferta da proteína, sustentando as cotações. Na quinta-feira, 21, a caixa com 30 dúzias de ovos brancos tipo extra, comercializada em Bastos (SP), foi negociada a R$ 145,31, estável frente à quinta anterior, 14. Em Santa Maria de Jetibá (ES), a pressão da menor procura nesta segunda metade do mês levou vendedores a concederem descontos. Assim, os preços tiveram leve recuo de 1% entre 14 e 21 de julho, a R$ 145,42/cx na quinta. Para os ovos vermelhos, as cotações recuaram ligeiro 0,4% em ambas as praças, para R$ 162,51/cx na capital paulista e R$ 170,72/cx na capixaba no dia 21. Com relação à média mensal, o preço do ovo branco comercializado em Bastos está em R$ 145,09/cx na parcial deste mês (até o dia 21), 0,4% inferior ao de junho. Para o produto vermelho, o recuo mensal é ainda menor, de 0,2%, a R$ 162,09/cx na parcial deste mês.