As boas margens de esmagamento e os baixos estoques de matéria-prima estão fazendo com que indústrias domésticas se disponham a pagar por novos lotes de soja o equivalente aos valores do produto nos portos. Essa é uma ação que tem levado vendedores consultados pelo Cepea a optar, em alguns casos, por ofertar o grão no mercado interno em detrimento do externo. Dados levantados pelo Cepea mostram que, na sexta-feira, 28, a soja foi negociada a R$ 132,20/saca de 60 kg em Dourados (MS), a R$ 131,22/sc em Rondonópolis (MT), a R$ 126,63/sc no Triângulo Mineiro, a R$ 134,67/sc na região de Campinas (SP), a R$ 131,89 no oeste do Paraná e a R$ 134,79/sc em Ijuí (RS). Nos portos de Santos (SP) e de Rio Grande (RS), a saca da soja foi comercializada a R$ 133,74 e a R$ 135,46, respectivamente. Essa igualdade entre os valores no interior e no porto é um fato inédito, considerando-se a série do Cepea. No porto de Paranaguá (PR), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa fechou a R$ 136,63/sc na sexta-feira, aumento de 2,9% em relação à sexta-feira, 21. O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná avançou 2,6% em sete dias, indo para R$ 130,21/sc de 60 kg na sexta.
MILHO: PREÇOS ATINGEM RECORDE NOMINAL
Atentos à colheita, à valorização do dólar, à alta nos preços externos e ao maior ritmo de exportação, produtores brasileiros de milho consultados pelo Cepea seguem afastados das vendas e resistentes em fixar valores do cereal junto a cooperativas e cerealistas. Na maior parte da semana anterior, compradores precisaram ofertar preços maiores para conseguir atrair vendedores e efetivar negócios. Neste contexto, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas/SP) acumula fortes avanços de 2,2% em sete dias e de 20,8% em agosto (até o dia 28), fechando a R$ 60,97/saca de 60 kg nessa sexta-feira, 28. Este é o maior valor nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 2004.
MANDIOCA: OFERTA FICA ABAIXO DAS EXPECTATIVAS E LIMITA QUEDA NO PREÇO
Os trabalhos no campo foram retomados entre 24 e 28 de agosto em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, devido ao clima favorável. No entanto, a oferta de mandioca para as indústrias de fécula e de farinha ficou abaixo das expectativas, o que limitou a queda nas cotações. Isso porque há um número bastante reduzido de lavouras de raízes com mais de 1 ciclo e meio para serem colhidas, ao mesmo tempo em que parte dos agricultores voltou a priorizar o plantio, que está em fase final. Vale destacar, ainda, que o rendimento de amido mais baixo também é determinante para a comercialização. De acordo com pesquisas do Cepea, a baixa oferta pode continuar em setembro e meados de outubro, pelo fato de as lavouras podadas ainda não estarem disponíveis. Assim, o rendimento de amido, que sazonalmente tem quedas expressivas a partir da primavera, também será determinante para a tomada de decisão de colheita. Quanto à demanda industrial, mais enfraquecida em outros períodos, deve se intensificar, especialmente no início do último trimestre, devido à maior procura pela fécula, seja para a reposição de estoques ou mesmo para atender aos contratos de entrega de final de ano.