O avanço da colheita de soja no Brasil, a melhora do clima na Argentina e a falta de cota para embarcar o grão nos portos nacionais pressionaram os valores internos e também os prêmios de exportação da oleaginosa na semana passada, conforme indicam pesquisadores do Cepea. No campo, em Mato Grosso, o baixo volume de chuva no início da semeadura de soja e, depois, o excesso das precipitações na colheita elevaram a quantidade de grãos avariados e com excesso de umidade, o que pode resultar em descontos nos valores pagos. No Paraná, produtores consultados pelo Cepea indicam que um pequeno volume dos primeiros grãos colhidos estava avariado, mas isso não deve impactar na produção total do estado. Já no Rio Grande do Sul, o déficit hídrico e o aumento dos casos de pragas e fungos nas lavouras de soja preocupam agricultores. O estado gaúcho é o que mais apresentou focos de ferrugem asiática nesta temporada.
MILHO: DEMANDA AQUECIDA MANTÉM PREÇO EM ALTA; INDICADOR RENOVA RECORDE
Impulsionados pela demanda aquecida e pela restrição da oferta no spot nacional, os preços do milho seguem em alta na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. Apesar do avanço da colheita das lavouras de verão, compradores relatam dificuldades em realizar negócios. Segundo pesquisadores do Cepea, muitos produtores, mesmo diante dos preços recordes, comercializam apenas pequenas quantidades – esses agentes relatam não ter problemas com armazenagens. Vendedores estão à espera de valores ainda maiores, fundamentados na baixa disponibilidade do cereal no spot, em incertezas quanto à oferta do milho da segunda safra e no dólar valorizado. Na semana passada, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), renovou o recorde diário real da série histórica do Cepea, ao fechar, na quarta-feira, 17, a R$ 93,44/sc de 60 kg (a série foi deflacionada pelo IGP-DI de fevereiro/21).
MANDIOCA: MESMO COM OFERTA RESTRITA, PREÇOS SE MANTÊM EM BAIXA
Parte dos agricultores passou a priorizar a colheita da soja ou a semeadura do milho em algumas regiões, e os mandiocultores que cultivam as raízes em áreas próprias diminuíram o ritmo das entregas por conta dos preços atuais, que não têm remunerado como o esperado, segundo esses agentes consultados pelo Cepea. Como resultado, a oferta esteve limitada nos últimos dias, visto que somente os produtores que ainda têm áreas arrendadas a entregar nos próximos dois meses focaram na colheita da raiz. Mesmo assim, os preços continuam em queda. Entre 15 e 19 de março, o valor médio nominal a prazo para a tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 407,41 (R$ 0,7085 por grama de amido na balança hidrostática de 5 kg), baixa de 2,3% na comparação com a da semana anterior. A média atual está 18,9% menor que a do mesmo período de 2020, em valores atualizados (deflacionamento pelo IGP-DI de fevereiro/21).
OVOS: LIQUIDEZ DIMINUI, MAS COTAÇÕES SEGUEM PRATICAMENTE ESTÁVEIS
A intensificação das medidas de distanciamento social em muitas regiões do Brasil nos últimos dias reduziu ainda mais a liquidez no mercado interno de ovos, devido à restrição de funcionamento de bares, restaurantes e outros estabelecimentos que demandam o produto. No entanto, segundo colaboradores do Cepea, os preços se mantiveram praticamente estáveis na última semana, apesar da redução das vendas e dos descontos concedidos por alguns agentes que buscavam garantir a comercialização. Para as próximas semanas, agentes do setor se mostram apreensivos, visto que a demanda pelo produto é incerta.