Mesmo com a desvalorização cambial, nos últimos dias, a demanda seguiu maior que a oferta de soja e derivados no mercado doméstico. No entanto, sojicultores se capitalizaram no início da safra e, atualmente, não mostram interesse em comercializar grandes lotes. Segundo colaboradores do Cepea, esses agentes se voltam às condições climáticas no Brasil, já que o cultivo deve se iniciar nos próximos dias. Mesmo assim, os preços do grão recuaram na última semana, refletindo a baixa liquidez interna, que, por sua vez, esteve atrelada à ausência de operadores no mercado e à disparidade entre os preços ofertados por compradores e os pedidos por vendedores. No porto de Paranaguá (PR), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa fechou a R$ 134,08/sc na sexta-feira, 4, queda de 1,8% em relação à sexta anterior, 28 de agosto. O Indicador CEPEA/ESALQ Paraná recuou 0,2% em sete dias, indo para R$ 129,89/sc de 60 kg na sexta.
MILHO: TENDÊNCIA ALTISTA DOS PREÇOS SE ENFRAQUECE NO BR
Após os preços atingirem recordes nominais no fim de agosto, o movimento de alta se enfraqueceu nos últimos dias. Enquanto a restrição da oferta e a demanda aquecida deram o tom altista no mês passado, neste início de setembro, a reta final da colheita da segunda safra e a maior pressão de compradores limitaram os aumentos. Em algumas regiões, inclusive, já foram registradas pequenas quedas nos valores. Segundo colaboradores do Cepea, com o bom andamento da colheita da segunda safra, produtores retomaram as negociações e voltaram a fixar mercadoria nas cooperativas. A necessidade de fazer caixa, devido à proximidade do vencimento de dívidas de custeio, e o início do semeio da safra verão podem elevar ainda mais o interesse de produtores em negociar. Do lado dos consumidores, após realizarem aquisições a patamares elevados de preços, muitos indicam estar abastecidos para o curto prazo e aguardam desvalorizações mais significativas, negociando apenas lotes pontuais. Assim, entre 28 de agosto e 4 de setembro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas/SP) caiu 3,1%, fechando a R$ 59,06/sc de 60 kg na sexta-feira, 4.
MANDIOCA: INDÚSTRIAS TÊM DIFICULDADES PARA MANTER RITMO DE MOAGEM
Com a disponibilidade de lavouras com raízes de 2º ciclo cada vez menor e o baixo interesse da maioria dos agricultores em comercializar as mais novas – o que ocorre somente nos casos de liberação de áreas para a soja –, a oferta de mandioca para as indústrias de fécula e de farinha continuou abaixo das expectativas nos últimos dias, e o ritmo de processamento caiu novamente. Segundo colaboradores do Cepea, a demanda por matéria-prima tem sido maior, principalmente por parte das firmas que visam formar algum estoque. Além disso, também já há o planejamento de fim de ano. Estimativas do Cepea apontam que, entre 31 de agosto e 4 de setembro, 42,7 mil toneladas de mandioca devem ter sido processadas pelas fecularias, queda de 2% frente ao que se apurou no período anterior. A ociosidade industrial teve média semanal de 53,5% da capacidade instalada. Nesse cenário, a maior parte das empresas optou pela manutenção dos preços pagos aos produtores. Entre 31 de agosto e 4 de setembro, a média semanal a prazo para a tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 323,82 (R$ 0,5632 por grama de amido na balança hidrostática de 5 kg), alta de 0,3% frente ao preço médio do período anterior.
OVOS: PREÇOS RECUAM PELO 4º MÊS CONSECUTIVO
Apesar da leve alta na última semana de agosto, as cotações dos ovos apresentaram tendência baixista ao longo do mês, o que derrubou a média mensal para o segundo pior patamar do ano, atrás somente do registrado em janeiro, acumulando quatro meses seguidos de desvalorizações mensais. A elevada oferta de ovos associada à baixa liquidez do produto na ponta final da cadeia pressionaram as cotações. Segundo colaboradores do Cepea, apesar da tentativa do setor de controlar a produção por meio de descartes das poedeiras mais velhas, muitas regiões tiveram dificuldades em negociar as galinhas com frigoríficos, o que limitou os descartes. Na região de Bastos (SP), o ovo branco tipo extra teve preço médio de R$ 85,47/caixa de 30 dúzias em agosto, recuo de 1% frente ao de julho, mas ainda 6,1% acima da média de agosto/19, em termos reais (deflacionados pelo IPCA de julho/20). Para os ovos vermelhos, o recuo mensal foi de 1% em Bastos, com a caixa negociada na média de R$ 105,84 em agosto, ainda 15,5% acima da cotação observada no mesmo mês de 2019.