Embora a semeadura da safra 2020/21 de soja tenha sido tardia no Brasil, devido ao atraso das chuvas, posteriormente, o clima favoreceu as lavouras, resultando em produção recorde pela segunda temporada consecutiva. Mesmo assim, na média de 2021, os preços domésticos registraram patamares também recordes, em termos reais (IGP-DI de nov/21). A temporada 2020/21 se iniciou com o menor estoque de passagem dos últimos sete anos, segundo o USDA. Além disso, conforme pesquisas do Cepea, mais da metade da produção de 2021 havia sido comercializada antecipadamente, o que deixou sojicultores resistentes em realizar novas vendas no spot nacional. E a restrição para novas vendas se somou ao maior interesse comprador, elevando os preços. No meio do ano, especificamente, os valores se enfraqueceram pontualmente, voltando a subir no início do segundo semestre, quando as indústrias brasileiras começaram a sinalizar necessidade de repor os estoques do grão, acirrando a disputa com os consumidores internacionais. No agregado do ano (até o dia 22 de dezembro), as médias dos Indicadores da soja ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá e CEPEA/ESALQ – Paraná foram de R$ 175,67/sc e de R$ 171,07/sc, respectivas altas de 14,8% e de 13,75% sobre as de 2020, em termos reais.
MILHO: COM MENOR OFERTA DOMÉSTICA, VALORES ATINGEM RECORDES EM 2021
Os preços do milho atingiram patamares recordes no mercado brasileiro ao longo de 2021. Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio dos baixos estoques da safra 2019/20 e, sobretudo, de preocupações com os efeitos do clima na semeadura e no desenvolvimento da safra 2020/21. Além disso, uma parte relevante da semeadura da segunda safra foi concluída fora da janela considerada ideal. Esse contexto, indicam pesquisadores do Cepea, elevou a perspectiva de menor oferta no segundo semestre, sustentando o movimento de alta das cotações. No meio do ano, a proximidade da colheita pressionou os valores, que voltaram a subir já no início do segundo semestre, influenciados por geadas no Centro-Sul do País. Atentos a esse cenário, vendedores se afastaram do spot nacional. Entre setembro e novembro, houve novas desvalorizações, devido à retração de compradores, ao avanço da colheita da segunda safra, à redução das exportações e à semeadura da temporada de verão 2021/22 em condições favoráveis. Mas em dezembro, os preços subiram novamente, favorecidos pela disponibilidade enxuta e pelo clima seco, que afastaram vendedores do spot. No acumulado do ano (até o dia 22 de dezembro), o Indicador ESALQ/BM&FBovespa avançou fortes 12,8%, a R$ 88,69/sc no dia 22.
MANDIOCA: OFERTA SE ESTABILIZA; RENDIMENTO DE AMIDO FICA ABAIXO DO DE 2020
Ao longo de 2021, a oferta de mandioca foi praticamente a mesma da registrada no ano anterior, apesar do clima desfavorável. Segundo colaboradores do Cepea, o tempo seco, principalmente no outono, prejudicou de forma expressiva o avanço da colheita. No inverno, geadas causaram perdas em algumas lavouras, inclusive do material de plantio (manivas). Dados do Cepea apontam que a moagem de mandioca pelas fecularias em 2021 deve ser de 1,95 milhão de toneladas, apenas 0,12% abaixo da de 2020. Isso se deve ao crescimento de 4% no esmagamento no primeiro semestre em comparação com o mesmo período de 2020 – na segunda metade do ano, porém, houve diminuição de 4,4%. Com relação ao teor de amido, foi menor que os de anos anteriores em todos os meses de 2021, o que foi bastante considerado na tomada de decisão de comercialização dos produtores. Na média do ano, o rendimento de amido foi de 542,83 gramas, 0,2% abaixo do observado em 2020. Quanto aos preços da raiz, tiveram altas mais consideráveis a partir de julho, quando os agricultores já haviam feito o planejamento de plantio e tomado a decisão sobre o total das áreas a serem ocupadas com a cultura. Além disso, simulações realizadas pelo Cepea apontaram aumento nos custos de produção em regiões de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. Com exceção de setembro, as médias nominais da raiz foram superiores às de 2020 nos demais meses deste ano. Já em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI), os valores mensais de 2021 superaram os do ano passado apenas em maio, junho, agosto, setembro e novembro. Em 2021, o preço médio nominal da tonelada de mandioca posta indústria foi de R$ 496,17/tonelada (R$ 0,8629 por grama de amido), superando em 28% a de 2020. Em termos reais, o valor médio deste ano esteve 0,4% acima do registrado no ano anterior.