Os preços da soja em grão subiram significativamente nos últimos dias, preocupando representantes de indústrias quanto ao abastecimento da matéria-prima no segundo semestre – grande parte das unidades tem estoques apenas para curto prazo. Segundo pesquisadores do Cepea, a expressiva valorização cambial na semana passada aqueceu a demanda externa pela soja brasileira, o que elevou a liquidez doméstica. Esse cenário, atrelado ao baixo excedente interno, impulsionou os preços da soja no Brasil. No início da pandemia de covid-19 no Brasil, agentes estavam incertos quanto ao consumo de farelo e óleo de soja. No entanto, as procuras doméstica e externa continuaram firmes, especialmente por farelo de soja. Agora, com o câmbio ainda elevado, indústrias, principalmente as do Sudeste do Brasil, preferem exportar o derivado ao invés de vendê-lo no mercado interno, fazendo com que uma parte dos consumidores brasileiros de farelo tenha dificuldades em se abastecer.
MILHO: MOVIMENTO DE QUEDA NOS PREÇOS PERDE FORÇA
Em parte das regiões acompanhadas pelo Cepea, o movimento de baixa nas cotações do milho perdeu força nos últimos dias. De 12 a 19 de junho, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas-SP) subiu 0,49%, a R$ 47,15/saca de 60 kg na sexta-feira, 19 – na parcial do mês (até o dia 19), contudo, o Indicador acumula queda de 6,06%. Pesquisadores do Cepea afirmam que a sustentação está atrelada às recentes valorizações do dólar, que fizeram com que vendedores voltassem as atenções à paridade de exportação e, consequentemente, reduzissem a oferta no mercado interno. Compradores, por sua vez, seguem adquirindo lotes pontuais e suficientes para o curto prazo, ainda à espera de um ritmo mais acelerado da colheita em julho.
MANDIOCA: MAIOR DEMANDA SUSTENTA PREÇOS
Enquanto parte dos agricultores avança na colheita de lavouras remanescente de raízes com mais de um ciclo e meio, outros priorizam as atividades relacionadas ao plantio. Dessa forma, e também por considerarem pouco atrativos os atuais patamares de preços, muitos produtores postergaram as entregas. No geral, houve aumento na oferta de mandioca em relação à semana passada, mas o volume ainda é considerado abaixo das expectativas, segundo agentes consultados pelo Cepea. A demanda industrial, por sua vez, passou a dar sinais de aumento, uma vez que há expectativa de retomada do consumo, especialmente de fécula. A maior demanda foi determinante para o aumento dos preços, que ocorreu na maioria das regiões. De acordo com dados do Cepea, a média semanal a prazo para a tonelada de mandioca posta fecularia foi de R$ 321,96 (R$ 0,5599 por grama de amido), alta de 1% na comparação com o período anterior.
OVOS: NOVA QUEDA NOS PREÇOS REDUZ PODER DE COMPRA DE AVICULTOR
Após quedas consecutivas nas cotações dos ovos, o poder de compra do avicultor de postura recuou no acumulado de junho, tanto em relação ao milho quanto ao farelo de soja. No caso do derivado de soja, os preços registraram forte alta, reduzindo o poder de compra do produtor paulista ao menor patamar desde janeiro/19. No mercado de ovos, a valorização registrada no início de junho foi interrompida pela demanda da população cada vez mais enfraquecida no correr do mês, principalmente por conta dos impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus. Dessa forma, agentes do setor apontam que as principais regiões passaram a ter sobras na produção, o que pressionou as cotações.