Mercado Brasileiro de Soja Recua Sob Efeito de Chicago

Publicado 25.07.2016, 10:06
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COM CLIMA FAVORÁVEL PRESSIONANDO QUEDAS, FUNDOS DE INVESTIMENTOS ACELERAM RETIRADA DO MERCADO.

Na última semana as cotações de soja em Chicago se desvalorizaram cerca de 7% no contrato com vencimento em agosto de 2016. O clima bastante favorável nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos segue sendo o principal fator de influência. Temperaturas elevadas e bons volumes de precipitação têm criado condições ideais para o desenvolvimento da soja americana, que se encontra mais avançado do que o esperado para este período do ano.

A atualização de progresso das safras e condições das lavouras divulgada essa semana pelo Departamento de Agricultura Americano (USDA, na sigla em inglês) apresentou uma leve piora nas condições gerais das lavouras do país. Nas regiões com maior volume de produção de soja, contudo, o clima favorável dos últimos dias propiciou melhora. Os estados do Sul foram os mais prejudicados nos últimos sete dias abrangidos pela pesquisa. Em relação à safra passada, os números ainda estão bastante melhores neste ano.

Os registros de vagens de soja apresentaram aumento de 157% na comparação semanal em todo país. O destaque negativo neste quesito segue sendo o estado de Kentucky, onde somente 1% da área plantada já apresenta a formação de vagem. Por outro lado, Iowa, Illinois e Kansas estão mais avançados do que o esperado para esta época do ano.

Para a próxima semana, centro de previsão climática americano projeta que os níveis de chuva estarão acima do normal para este período do ano. No médio prazo as precipitações tenderão a normalidade.

Na quinta-feira (21), o Ministério de AgroIndustria argentino (Minagri, na sigla em espanhol) ajustou os valores da produção estimada de soja no país na safra 2015/16. Oficialmente com mais de 98,5% da área colhida, o Minagri aumentou de 58 para 58,8 milhões de toneladas a safra argentina da oleaginosa, contribuindo para o movimento bearish do mercado.

Simultaneamente, com o gradual aumento de confiança nos mercados financeiros e de capitais mundiais, que se recuperam da saída do Reino Unido da União Europeia, os fundos de investimentos reduziram e acentuaram pela quarta semana consecutiva a redução de suas posições compradas de contratos futuros. Enquanto o contrato com vencimento mais próximo encerrou a semana cotado a 1006 cents/bushel, o contrato de setembro já está cotado abaixo da importante faixa de 1000 cents, o que deverá dar continuidade à queda do mercado na próxima semana, enquanto o clima colabore com o desenvolvimento da safra.

Os contratos futuros de soja na Chicago Board of Trade seguem apresentando tendência de queda desde meados de junho. Na última sexta-feira (22), as cotações romperam o suporte em 1025 cents/bushel encerrando a semana muito próximo à faixa de 1000 cents e sobre o limite inferior da banda de Bollinger.

Pela quarta semana consecutiva os fundos de investimentos reduziram suas posições compradas em contratos futuros de soja. Por outro lado, os produtores vêm comprando posições, o que indica que se sentem cada vez mais confortáveis com os preços registrados em CBOT.

SOB EFEITO DE CHICAGO, MERCADO DE SOJA BRASILEIRO ESFRIA

No Brasil vive-se um momento de entressafra e é neste período que as cotações ficam mais vulneráveis ao cenário externo como está sendo possível observar nos últimos dias. Atualmente mais de 80% da safra já foi comercializada. O produtor não tem incentivo algum de comercializar a soja que resta. Os principais motivos são o dólar baixo e as cotações em Chicago caindo semana após semana.

As notícias referentes ao clima pressionaram negativamente as cotações no mercado interno. Em algumas praças no Mato Grosso as cotações caíram mais de 10% no acumulado da semana. Nos principais portos do país Rio Grande e Paranaguá houve uma variação negativa de 4% em média. Isso afastou ainda mais a ponta vendedora. Os poucos negócios registrados foram compromissos contratuais. O produtor está segurando a soja e só deverá voltar ao mercado caso haja uma reviravolta cambial ou algum incidente excepcional nos Estados Unidos que faça com que as cotações voltem a subir. Caso nada disso ocorra, deveremos ver uma melhor oferta de soja no final de agosto e início de setembro, quando historicamente os preços são mais altos.

Na última semana, divulgou-se na mídia especializada um boato de que o La Niña previsto para este ano poderia se tornar um El Niño. Porém, somente uma entre as 20 maiores agências nacionais de meteorologia prevê este aquecimento das águas no pacífico para os próximos meses. As demais, seguem projetando o fenômeno La Niña.

matriz apexsim de análises para quarta semana de julho

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