A Instabilidade Política e a Indefinição Econômica – Prenúncio de “Morte” Anunciada do Real?
Quando falo do Prenúncio de Morte Anunciada do Real, não quer dizer que o real irá acabar dando origem a outro nome qualquer, ou a qualquer outro plano, o que quero dizer é que o caminho que está sendo trilhado, afetará o real de uma tal forma em que a sua desvalorização será maximizada para valores que nem não me atrevo a projetar e muito menos a enunciar e valorar as suas consequências.
A instabilidade política, com um crescente acentuar da deterioração das contas públicas tornam difícil que o mercado tenha algum vislumbre no horizonte de que serão tomadas medidas corretivas e críveis, que travem essa mesma deterioração.
Neste momento a dívida pública nos 70% ou mais, a queda do PIB nos 3% ou mais, a inflação a manter-se em níveis altos próximo dos dois dígitos, o desemprego a aumentar, são fatos preocupantes com certeza, mas a falta de uma política de correção e crível são mais nefastos que os próprios números em si.
Atualmente o BC atua sobre o momento, no curto prazo, a espera de melhores dias, em que possa haver uma definição mais clara da política econômica que vai ser seguida. Mas não tenhamos ilusões, o rumo da política econômica poderá não ser aquela que se espera, que venha a corrigir este rumo, e até pode acentuar a deterioração das contas públicas tornando-se num cenário de Prenúncio de Morte Anunciada do real. Exagero? Talvez. Mas será que é preciso ir até ao fundo poço para que se mude o curso que devíamos ter tido nos últimos anos e confirmar esta afirmação? Espero que não.
Perdemos a grande oportunidade de outrora, o chamado estado social despesista, populista e dogmático já não é possível e nem era aconselhável nos moldes que foram elaborados e executados no passado, típico dos partidos de esquerda; mas pior que isso é que continuar a insistir no mesmo modelo, não que ache que não se deve ter um estado social, muito pelo contrário, somos todos iguais, somos um povo, mas vender e dar ilusões nunca deu bons resultados. Vários países da Europa já reveem os seus estados sociais, os seus modelos, ajustando-se a uma realidade que esteve sempre presente, mas foi demagogicamente e ideologicamente ignorada durante muitos anos, e as suas consequências estão à vista.
O problema do Brasil é igual a tantos outros países, não é nada diferente de alguns países Europeus que atravessaram ou atravessam dificuldades econômicas, mas os remédios são os mesmos, não há formula magica, mas se NÃO adotarmos uma estratégia econômica consentânea com o momento atual aí sim afirmo com todas as letras estamos a caminhar a passos largos para um Prenúncio de Morte Anunciada do Real em termos de valor em que uma desvalorização será mais acentuada, em que todos sabem as suas consequências, mas ninguém tem a coragem de as tomar as decisões necessárias, e porquê? Porque estão mais interessados na sua própria salvação e consigo próprios que na salvação e recuperação do país, POIS ESSAS MEDIDAS VÃO EXIGIR SACRIFICIOS.
Os números macroeconómicos são péssimos, a falta de confiança é gigantesca, a continuar assim todo o esforço do BC terá sido em vão, e esta ilusão momentânea de controlo da cotação do dólar a girar em torno dos R$3,85 não será sustentável, a meta de inflação de 2016 já é passado, a taxa de juros abaixo dos atuais 14,25% em 2016 é uma miragem e do crescimento económico nem é bom falar porque não existirá tão cedo. De que adianta fazer projeções se o cenário de instabilidade política e indefinição econômica não se altera? Quem se atreve a fazer tais projeções? Sobre que premissas? Eu não consigo fazer nenhuma, o que posso dizer é pode ser um cenário POTENCIALMENTE trágico.
O que nos resta, é ter fé, mesmo que já seja pouca, que as coisas vão mudar e no bom sentido, mas ninguém espere que se houver essa mudança a recuperação será rápida, será lenta, então comecemos com a virada da política econômica e de rumo a pensar em 2017 ou até mesmo em 2018.
A crise veio para ficar, mesmo adotando medidas de correção agora, vamos ter que ter paciência, mas a espera não é um problema em si, se é 2017, 2018 ou mais tarde não é o maior problema, o maior problema é a falta de perspectiva de futuro, porque se soubermos que estamos no bom caminho e os dados macroeconômicos a melhorar, o resto acabará por vir por acréscimo pelo ganho de confiança e a recuperação poderá não ser tão lenta, E ENTRAREMOS NUMA INVERSÃO DE CICLO.
Os números são importantes, mas mais importante que os números é a confiança, a confiança que estamos de volta ao rumo de que nunca devíamos ter saído, de uma forma consistente, equilibrada, assente em pilares e fundações firmes e não atropelar o Plano Real como foi feito.
Se os políticos não forem ou não quiserem ser capazes de mudar esta situação, então o Prenúncio de Morte Anunciada do Real, já não será mais anunciada, será uma realidade, em que a maior parte das pessoas irão pagar um preço muito mais alto no futuro do que seria agora, neste momento, pois não tenham dúvidas, se as correções que tem de ser feitas, mesmo sendo feitas agora haverá sempre um preço a pagar, que pode ser mais alto, dependendo do timing e do tipo de medidas que forem tomadas.
Não sei o que vai acontecer e nem posso fazer previsões, mas instabilidade política e a indefinição das medidas econômicas que serão adotadas perduram, o cenário macroeconómico é ruim, a desconfiança é grande, isto são factos, disso ninguém tem dúvida, O Resto A VER VAMOS!
Por último quero acreditar que as medidas necessárias vão ser tomadas e que este potencial trágico deste cenário é apenas fruto de um exercício de análise, sem fundamento e exacerbado. SERÁ? Vamos ver….