Se você acompanha os principais portais de notícias do mercado financeiro, você deve ter visto, na semana passada, o anúncio do SVB (SVB Financial Group (NASDAQ:SIVB)) referente a perda de aproximadamente US$ 1,8 bilhões em torno de seus títulos e também a emissão de US$ 2,25 bilhões em ações ordinárias.
Estamos falando de um dos maiores custodiantes de startups do Vale do Silício, e como é de conhecimento, não estamos passando por tempos fáceis, principalmente para essas empresas de alto crescimento que estão queimando caixa e precisam de dinheiro para girar sua receita.
O banco detinha muitos títulos do tesouro americano, que diminuem de valor devido à marcação a mercado com o aumento de juros do banco central. A gestão do banco foi displicente ao investir recursos de curto prazo em ativos mais arriscados, que pagariam rendimentos superiores aos títulos do tesouro no longo prazo. A instituição foi forçada a vender seus ativos, mesmo com prejuízo, para atender a demanda dos saques.
O problema é que, de acordo com as regras contábeis dos EUA, as empresas não precisam diminuir os preços dos títulos em seus balanços, e tecnicamente isso não teria nenhum problema caso o título ficasse em posse da instituição até o vencimento, porém não foi o que aconteceu. Por isso a preocupação de um risco ainda maior com a queda do preço dos títulos que podem impactar ainda mais instituições nos Estados Unidos, afinal quem quer arriscar sua liquidez e solvência em um banco que talvez não exista mais?
Em resumo, as ações da instituição caíram 60% na quinta-feira e pressionaram um risco contágio no sistema financeiro americano, forçando o preço das ações dos principais bancos para baixo “todo banco possui uma carteira de títulos".
Isso poderia gerar sim um risco sistêmico, pois forçaria primeiro o Federal Reserve a desacelerar o aumento da taxa de juros para evitar reduzir o preço dos títulos de outros bancos, e segundo o saque compulsório por parte de outras empresas em outras instituições bancárias - Recordações sobre a reestruturação do sistema crédito na época da grande depressão, em 1930, fizeram os custodiantes sacarem seus recursos.
Na minha análise, por enquanto, o problema parece estar controlado, pois refere-se ao público desta instituição em questão. Mas precisamos ficar atentos aos próximos movimentos do mercado, bem como outros dispositivos que o FED poderá utilizar para controlar esse risco.