O setor de saúde está tão abandonado pelos investidores quanto estava o setor de agronegócio antes do novo “boom” das commodities, que começou no início de 2020.
Acontece que o setor está com métricas que valem a pena. Um otimismo já pode ser observado nos três primeiros meses deste ano.
Um levantamento da Plataforma da TC/Economatica feito a pedido do E-Investidor mostrou que o valor de mercado de 22 empresas do setor de saúde apresentou uma alta de +19,2 por cento durante o primeiro trimestre de 2022.
O bom desempenho também foi acompanhado pela performance dos ativos. As ações das companhias Hypera (SA:HYPE3) (+38 por cento), Mater Dei (+20,5 por cento) e Alliar (SA:AALR3) (+20 por cento) apresentaram os maiores ganhos durante o período.
Diante do resultado, vale a pena investir em empresas do setor de saúde?
O mercado esperava que os resultados das companhias pudessem ser impactados de forma negativa com a maior parte da população vacinada e com a redução dos atendimentos hospitalares, mas, pelo contrário, os balanços apresentados mostram que as empresas estão entregando resultados próximos aos do período pré-pandemia.
A perspectiva do fim da pandemia é um ponto positivo, uma vez que as pessoas poderão voltar às consultas de rotina. Serviços e médicos esperam pela retomada de exames diagnósticos, análises clínicas e laboratoriais.
No que diz respeito a aquisições, destacamos movimentos de grandes empresas do mercado, como a Rede D'or (SA:RDOR3), dona dos hospitais São Luiz. É uma empresa bastante sólida frente a outros hospitais e possui bastante caixa. Recentemente, a rede adquiriu a seguradora SulAmérica, uma das mais tradicionais do País, em um negócio avaliado em 15 bilhões de reais, e anunciou dezessete aquisições de hospitais espalhados pelo Brasil, aumentando ainda mais a sua área geográfica de atuação e suas perspectivas de crescimento de receitas nos próximos anos.
No nosso entendimento, Dasa (SA:DASA3)) está tentando fazer um movimento bem semelhante de aquisições, enquanto Hermes Pardini (SA:PARD3) e Grupo Fleury (SA:FLRY3) ainda não fizeram a plena retomada de exames. Assim, temos resultados a serem considerados para ambos os laboratórios a partir do momento que esse fluxo voltar ao normal.
O setor também se beneficia com o atual cenário macroeconômico e internacional. Diante de um cenário de incertezas geradas pelas eleições de 2022, movimento de alta de juros e aumento da inflação, os investidores buscam ativos avaliados como defensivos a essas volatilidades.
O setor de saúde consegue repassar a inflação. São empresas que conseguem crescer independentemente do cenário porque conseguem repassar o aumento dos custos.
Por fim, acreditamos que os convênios médicos devem repassar a atual inflação de forma integral, o que alivia as contas operacionais das empresas do setor.
Dentre as companhias que oferecem visibilidade de resultados com boas perspectivas para 2022, destacamos: Rede D’or, Hermes Pardini e Fleury.