Historicamente, o que temos visto é que a Vale (VALE3) costuma acompanhar o desempenho econômico chinês. Quando a China divulga dados econômicos fortes, principalmente em relação à infraestrutura, as ações da mineradora tendem a desempenhar bem. Por quê? Basicamente, a China hoje compra minério de ferro de três empresas: duas australianas e a Vale.
No entanto, a economia chinesa está ficando para trás no setor de infraestrutura nos últimos meses, o que diminui sua demanda por aço para construção e, naturalmente, reduz as compras da sua matéria-prima: o minério de ferro que a Vale vende.
O impacto dessa baixa afeta diretamente os resultados da empresa e, claro, põe pressão sobre o valor das ações. Por isso, por mais que a bolsa brasileira tenha subido ao longo das últimas três semanas devido a ruídos macroeconômicos, por conta dessa correlação entre o desempenho operacional da empresa e sua dependência do setor de infraestrutura chinês, os papéis da mineradora tiveram dificuldade de acompanhar o rally.
Contudo, o sentimento geral é de que esse cenário já esteja precificado nas ações da mineradora, que hoje podem ser consideradas descontadas. É o “fundo do poço”? Difícil prever, uma vez que novos ruídos macroeconômicos, no Brasil ou na China, têm o poder de derrubar mais as ações.
Para os próximos meses, poderemos ver uma melhora no cenário econômico chinês, o que deve impulsionar as empresas do setor de mineração e siderurgia, com destaque para a mineração, porque é um setor que está bastante descontado, principalmente em relação ao índice, quando olhamos os demais ativos.
Com a melhora da demanda chinesa e uma recuperação econômica no Brasil — que já estamos começando a ver — as mineradoras devem voltar a ganhar protagonismo e puxar para cima também os papéis das siderúrgicas. Esse é outro setor que deu uma desacelerada, mas teve desempenho “menos pior” que o de mineração, e que por isso tem “upside” menor, isto é, menos espaço para ganhos na bolsa. Porém, também vale a pena ficar de olho.