Possivelmente teremos uma segunda safra de bons preços e oferta restrita de açúcar e etanol. A hora é de recuperar a saúde financeira e de investir em aumento de eficiência para aumentar a competitividade e enfrentar situações menos favoráveis de mercado.
Safra 2021/22: produção
Centro-Sul
O clima seco no Centro-Sul (CSUL) do Brasil será responsável por uma safra de cana de açúcar menor que a do ano passado. Estimamos uma redução de 5%, conservadora no momento, e uma moagem de 576 mi t na safra atual 2021/22.
A produção de açúcar também será menor que no ano passado, apesar das usinas procurarem reduzir ao mínimo possível esta quebra. Isto porque o açúcar ao longo da safra tem sido um produto que remunera a usina bem melhor que o etanol. Estimamos uma produção de açúcar no Centro-Sul de 37,2 mi t contra 38,5 da safra passada.
A produção prevista de etanol de cana é de 24,5 bi litros contra 27,8 bi no ano passado. Cabe lembrar que em 2019 a produção de etanol no CSUL foi de 31,6 bi litros.
A exportação de açúcar deve alcançar 28,2 mi t , o que representa cerca de 4 mi t a menos que na safra passada.
Norte-Nordeste
O clima nesta região está sendo impactado pelo fenômeno climática La Niña. Ou seja, a quantidade de chuva no Norte-Nordeste (NNE) deve ser igual ou acima da média.
Estamos admitindo para a região uma safra ligeiramente maior que a safra anterior com moagem de cana de 54 mi t e uma produção de açúcar e etanol de 3,2 mi t e 2,25 bi litros, respectivamente. Em termos gerais, o NNE representa 9% da moagem de cana do Brasil e representa cerca de 23% do açúcar e 15% do etanol consumidos no mercado interno do Brasil. O NNE é um bom cliente do CSUL.
Safra 2021/22: mercados e preços no curto prazo
Mercado internacional
O entusiasmo verificado nos mercados financeiros do mundo desenvolvido foi arrefecido desde Abril passado. Existem motivos para otimismo (vacinas e estímulos fiscais) e existem motivos de preocupação (pandemia do Covid 19 e retorno da inflação), além da geopolítica. Tem aumentado a volatilidade diária dos mercados de açúcar-NY e petróleo, o que é um reflexo deste momento.
Câmbio: a taxa de câmbio no Brasil oscilou na semana de 17 a 21 Mai21 entre 5,25 e 5,35 R$/US$, com média de 5,29 R$/US$, apresentando alta de 0,5% em relação à semana anterior. É possível admitir no curto prazo um dólar relativamente estável com viés de baixa.
Petróleo WTI: o preço médio semanal do petróleo WTI na semana de 17 a 21 Mai21 recuou 1,5%, encerrando a semana em 64,2 US$/barril, com oscilação entre 62,1 a 66,3 US$/barril. Nossa percepção para o petróleo WTI é de preços oscilando, no curto-prazo, na faixa de 57,0 a 67,00 US$/barril que foi verificada nos últimos dois meses.
Açúcar-NY: o preço na semana de 17 a 21 Mai21 (tela de Jul/21), apresentou queda de 3,0% em relação à semana anterior, oscilando entre 16,67 a 17,21, com média de 16,97 cents/lb. É possível que o açúcar oscile na faixa de 16,50 a 18,50 ¢/lb no curto-prazo, faixa esta verificada nos últimos dois meses.
Mercado interno
Região Centro-Sul
Açúcar e etanol: o preço médio do açúcar em São Paulo, conforme a Pesquisa Semanal da JOB Economia realizada na semana de 17 a 21 Mai21, recuou 0,9% e situou-se em torno de R$ 110,80/saca 50kg, com impostos (ICMS 7%). O preço médio do etanol hidratado em São Paulo apresentou queda de 6,3%, situando-se em torno de R$ 3,43/litro, com impostos (ICMS 13,3%).
Estamos com a expectativa de que os preços apresentem viés de baixa no curto prazo. A oferta de produto ainda é reduzida, porém, vêm aumentando com a entrada de mais unidades produtoras em operação.
Região Norte-Nordeste
Os preços de açúcar e etanol nesta região, que começa sua entressafra em Maio, serão arbitrados com aqueles do Centro-Sul, dado que o NNE é importador da região CSUL, particularmente de Goiás.
Resultado econômico-financeiro esperado – Safra 2021/22
Vamos considerar somente a região CSUL, pois o NNE ainda não começou a nova safra 2021/22.
No CSUL estimamos uma quebra de safra que deverá levar a uma redução da oferta de produtos finais (açúcar e etanol) de 8%. Por outro lado, estimamos, conforme análise mensal divulgada em nosso último relatório Radar, que a receita líquida da usina, por tonelada de cana moída, será algo próximo de 24% acima daquela da safra passada. Ou seja, a diferença de 16% (grosso modo) ou 14% (mais exato) vai amenizar o aumento de custos esperado para a nova safra 2021/22.
Poderemos ter mais uma safra de bons resultados econômicos e financeiros para as usinas. É hora de melhorar a saúde financeira das empresas e se preparar com investimentos e aumento de competitividade para uma nova onda menos favorável de mercados.