Será que as Empresas Brasileiras Estão Fazendo o Feijão com Arroz?

Publicado 23.11.2016, 11:50
USD/BRL
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Arroz e feijão. Tipicamente brasileiro, nutritivo e saboroso se bem feito. Não sei se estou sendo influenciado pelo estômago roncando, mas o Economática faz uns estudos bem bacanas e simples de mercado com os dados compilados por eles. Dão uma boa ideia do que vem acontecendo com as empresas. Nada de absurdamente novo, mas acho MTO relevante observar o passado, os value investors sempre acreditam mais no passado do que nas promessas e predições futuras. Aliás, antes de começar deixo-vos esse pensamento:

Pensamento da semana

Mas então o Economática fez um estudo que mostrou que, de forma agregada, as Receitas das empresas de capital aberto NÃO cresceu (comparação trimestral ante o ano anterior) nos últimos 10 trimestres quando ajustados pela inflação (IPCA). Ou seja, estamos falando de crescimento real, ou melhor, decrescimento real.

“A retração no terceiro trimestre de 2016 é a segunda maior já registrada no período analisado. A maior queda de receita com valores constantes aconteceu no quarto trimestre de 2015, quando as receitas recuaram -9,81% com relação ao mesmo período de 2014.”

Mediana do crescimento da receita líquida ajustada pelo IPCA

Abaixo eles listaram setores com pelo menos 4 empresas e para cada setor. Saneamento se destacando. Obviamente que a construção civil não teria como ir bem mesmo.

Mediana do crescimento da receita líquida por setor ajustada

E abaixo uma lista com as 20 empresas de maior faturamento da amostra e suas respectivas performances na comparação anual (ante o 3T15).

20 empresas de maior faturamento

CONCLUSÃO DO POST:

  1. Feijão com arroz é bom.
  2. Acreditar nas predições macroeconômicas ou nos economistas não é uma boa
  3. Grandes empresas ainda tiveram uma dificuldade ENORME para os custos de inflação aos seus preços. Na verdade não repassaram, tanto que receita caiu em termos reais. Tá tem ressalvas como dólar e o impacto de uma única empresa repercutindo toda a média, mas a tônica me pareceu clara.
  4. Me faço a pergunta: será que melhora no 4T? Será que o 3T foi bottom? Sei não, muita gente falava que o 2T seria bottom. Enfim, só reforça a tese do stock picking para achar empresas que consigam se diferenciar repassando custo aos seus preços e gerando mais retorno na última linha, pois SÓ ASSIM suas ações vão performar no médio/longo prazo!
  5. Tá difícil pras empresas fazer o feijão com arroz que proteger suas receitas doo efeito corrosivo da inflação!

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