Ambas são substâncias essenciais para a indústria automotiva e sua oferta é relativamente escassa, em comparação com a maioria das commodities. Além disso, uma delas é o metal mais valioso do mundo.
A questão é: será que a platina alcançará as vertiginosas máximas atingidas pelo seu metal irmão, o paládio?
É uma pergunta pertinente, pois os futuros de platina, metal usado para purificar as emissões de diesel e negociado em Nova York, despencaram em cinco dos últimos seis pregões, atingindo a mínima de cinco meses a US$ 785,55 por onça.
Enquanto isso, o paládio, usado em catalisadores de veículos movidos a gasolina, fechou a terça-feira negociado a US$ 1.379,05 por onça no mercado futuro norte-americano, não tão distante das máximas históricas de US$ 1.397,40 estabelecidas em 17 de janeiro. Seu preço à vista subiu ainda mais, alcançando US$ 1.404,05 no pregão anterior, após a máxima histórica de US$ 1.440,35 em 17 de janeiro.
Mas, com a platina sendo negociada na faixa intermediária desses patamares e abaixo das suas médias móveis de 20 e 100 dias, os investidores de metais preciosos estão relutantes em agregar esse metal à sua carteira, em caso de uma maior desvalorização.
Pode haver formação de fundo na platina apesar da sua recomendação de “Forte Venda”
Analistas técnicos do Investing.com recomendam “Forte Venda” nos futuros de platina nos EUA, estabelecendo suporte em US$ 778,41 por onça, não tão distante do fechamento de terça-feira, a US$ 789,60.
Isso faz com que pessoas como Mike Seery, analista técnico de commodities e fundador da Seery Futures, em Plainfield, Illinois, acredite que a platina atingiu o fundo por enquanto. Segundo Seery:
“Não vou recomendar uma posição de venda, pois acredito que a queda está bastante limitada, já que os preços fizeram máxima perto do patamar de US$ 835. Também houve a formação de um padrão gráfico de topo duplo naquele momento.”
Efeitos secundários do rali no paládio
Para os produtores sul-africanos, o rali no paládio está compensando parcialmente a queda nos preços da platina até a região próxima da mínima de uma década.
O declínio no rande, que reduziu os custos dos mineradores que vendem o metal em dólares, também ampliou a manutenção dos mineradores de platina na África do Sul. O Índice do Dólar Norte-Americano, que compara a moeda dos EUA a seis grandes divisas, atingiu a máxima de 7 semanas na semana passada, pesando sobre a maioria das moedas concorrentes, incluindo o rande, o que ajudou as operações de mineradoras como Impala Platinum (JO:IMPJ), Sibanye Gold (NYSE:SBGL) e Lonmin (LON:LMI).
O estrategista de commodities da Julius Baer, Carsten Menke, é outro analista com uma visão positiva sobre a platina, em razão os efeitos secundários gerados pelo rali no paládio. Menke foi citado pela Bloomberg na semana passada, ao afirmar:
“Apesar da perspectiva incerta para a indústria de platina na África do Sul, não acreditamos que o quadro seja tão nebuloso quanto se pinta, pelo menos para alguns produtores.”
Substituição na indústria automotiva é possível no longo prazo
Christopher Nicholson, analista do Morgan Stanley, também foi citado ao dizer que os altos preços do paládio, associados a um mercado com perspectiva de déficit até por volta de 2024, podem eventualmente incentivar os fabricantes de veículos a mudarem para a platina, que neste momento está confinada aos carros a diesel, de maneira geral.
A perspectiva de demanda para 2019, no entanto, não prevê uma substituição significativa do paládio pela platina nos catalisadores de gasolina, apesar de a diferença entre os dois ser de quase US$ 600 por onça.
Mas as preocupações com uma restrição de oferta de paládio constituem um forte argumento para que os fabricantes automotivos considerem uma mudança parcial, pelo menos no longo prazo. Além disso, os desafios continuam para a platina também no setor automotivo, na medida em que o apetite dos consumidores europeus pelo diesel segue em declínio, devido em parte à incerteza quanto às restrições a carros movidos pelo combustível.
Segundo analistas, apesar da lentidão da demanda automotiva, o crescimento continua forte em outros segmentos, incluindo joias e aplicações industriais, como fabricação de vidro, produção de petróleo e uso em aplicações médicas e biomédicas.