Os investidores globais voltam a privilegiar divisas de juros mais elevados e atreladas às commodities. Quanto mais altos os preços das commodities, mais dinheiro tende a ingressar nos países que as exportam, aumentando, assim, a oferta de moeda estrangeira, o que joga a favor de um dólar mais baixo.
Se o juro cobre o risco cambial que internaliza o diferencial de inflação, vale a pena investir no país. No caso, commodities em alta é oportunidades em juros para quem tem 'hedge' (proteção).
Ontem, o dólar à vista fechou em queda de 1,08%, a R$ 5,051 na venda. A cotação variou de R$ 5,109 (+0,06%) a R$ 5,0445 (-1,20%).
Em fevereiro, o dólar recua 4,80%, intensificando a queda em 2022 para 9,37%. O real tem o melhor desempenho no mês e no ano entre as principais moedas.
A principal pergunta agora é até que nível chegará essa queda do dólar. Podem comentar suas opiniões neste post.
O Brasil tem sido destaque na rotação global de fluxos.
Ontem, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, referendou essa narrativa ao dizer que a taxa de câmbio brasileira tem sido amparada por uma combinação entre juro mais alto, surpresa benigna do lado fiscal e rotação de ativos, a qual tem gerado entre investidores percepção de que é "importante entrar agora".
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou ontem que o Congresso vai tentar manter um ritmo de votações este ano, apesar das eleições, mas não fará nenhum movimento que possa trazer instabilidade econômica, mexer com teto de gastos ou afetar a taxa de câmbio ou o crescimento do país. Isso também contribuiu para apreciar o real.
E, para completar as boas notícias para o real, no exterior o estrategista diz que o JPMorgan Chase & Co (NYSE:JPM) avalia que o Federal Reserve (Fed) pode diminuir o número de altas de juros dos Fed Funds em função das incertezas geopolíticas no leste europeu, que podem ter impacto desinflacionário nos Estados Unidos. E, se assim for, um número menor de altas de juros pelo Fed neste ano reforçaria a atratividade do Brasil para carry trade, em função das perspectivas de continuidade de altas da Selic nos próximos meses.
Resta saber até onde essa apreciação do real vai…