Na sexta-feira, o dólar renovou mínimas desde dezembro frente ao real, abandonando alta da abertura após dados de emprego nos Estados Unidos mais fracos que o esperado. A geração liquida de empregos em maio por lá ficou em 559 mil ante ao esperado de 650 mil.
Os dados garantem tempo ao Federal Reserve, ou seja, sem pressa para acelerar o processo de normalização monetária. Desde o dia 21 de maio, a moeda americana já se encontra em seus menores preços desde dezembro de 2020.
O exterior pró-risco fortalece no câmbio os efeitos do já positivo ambiente doméstico. Numa mistura de cenário externo benigno e, do lado doméstico, retirada do risco de ruptura fiscal aguda no curto prazo, sinais de aceleração do crescimento econômico e juros mais altos.
Essa queda se acentuou após a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre no Brasil, que ficou melhor que o esperado. Apesar disso, os investidores seguem em dúvida sobre a sustentação desse câmbio ou se há espaço para mais quedas.
O real ainda está em um patamar considerado alto se levarmos em conta a forte alta dos preços das commodities. Para hoje de dados temos no Brasil o Boletim Focus, que sai todas as segundas-feiras, nos Estados Unidos a tendência de empregos de maio e o crédito ao consumidor de abril.
As últimas divulgações de dados por aqui nos mostram um cenário mais positivo para o Brasil, dependendo apenas de dados e propostas mais concretas tanto do lado econômico, mas especialmente na questão fiscal. Outro ponto importante é o ajuste na política monetária.
O preço do dólar começa a devolver o exagero que havia na formação do seu preço.
Aqui na sexta-feira detectamos entrada de fluxo de exportação e sinais de ingressos de estrangeiros também, além de um movimento de investidores reduzindo posições compradas em dólar diante de anúncios de novas captações corporativas.
Para o segundo semestre deve haver ainda expectativa de mais fôlego para o câmbio, conforme a vacinação avance e permita uma reabertura mais rápida e ampla da atividade econômica.
Não posso deixar de fazer um alerta aqui para possíveis riscos que continuam no radar: a chance de valorização internacional do dólar no caso de uma política monetária mais dura nos EUA, uma terceira onda da pandemia de covid-19, ou mesmo uma crise hídrica e não deixemos de lado a vulnerabilidade política que impacta sim no câmbio, apesar de nos últimos dias ter sido deixada um pouco de lado na precificação.