Publicado originalmente em inglês em 05/01/2021
Sem dúvida, os investidores da Intel (NASDAQ:INTC) (SA:ITLC34) não têm nada do que se orgulhar do ano passado. Afinal, a maior fabricante mundial de processadores perdeu espaço para concorrentes menores, após as unidades produtivas da companhia não conseguirem lançar novos modelos mais rápidos no mercado.
Esses persistentes reveses são vistos por alguns como um sinal de ineficiência da antiga estratégia de 50 anos da empresa, que se concentra em projetar e fabricar seus próprios semicondutores.
Concorrentes como Advanced Micro Devices (NASDAQ:AMD) (SA:A1MD34) e NVIDIA (NASDAQ:NVDA) (SA:NVDC34) projetam seus processadores, mas usam empresas terceirizadas para fabricá-los, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing (NYSE:TSM) (SA:TSMC34).
Enquanto a californiana Intel luta para superar sua pior crise na última década, um investidor ativista, após montar uma “significativa” posição em suas ações, exige que a companhia explore novas estratégias, como uma possível divisão da fabricante de processadores e venda dos seus ativos.
Segundo Dan Loeb da Third Point LLC, em uma carta ao conselho da Intel citada para a Bloomberg:
“Não conseguimos compreender como os membros que presidiam o conselho da Intel durante o declínio da empresa permitiram que sua gestão debilitasse a posição de liderança da companhia, ao mesmo tempo em que recebiam belos pacotes de compensação. Os acionistas não vão mais tolerar essa aparece abdicação de dever".
Essa frustração dos acionistas sem dúvida tem razão. Os papéis da Intel tiveram no ano passado o pior desempenho em comparação com seus principais concorrentes.
Eles se desvalorizaram cerca de 17% nos últimos 12 meses, quando rivais como AMD e NVIDIA mais do que dobraram de valor.
Alternativas estratégicas
Loeb, em sua carta, instou a Intel a contratar um banco de investimento para avaliar outras alternativas estratégicas, inclusive sua condição de fabricante integrada, e explorar o desinvestimento de “certas aquisições mal sucedidas".
Loeb disse ainda que a Intel deve ser capaz de fabricar produtos que atendam grandes empresas, como Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) e Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), que estão desenvolvendo seus próprios processadores e terceirizando sua fabricação.
Para os investidores de longo prazo que querem aproveitar a fraqueza das ações da Intel, o principal ponto de preocupação é se o ano-novo será pior que 2020. Ou será que a empresa fará a mudança que tanto precisa?
Mesmo com toda a concorrência e desafios de produção, acreditamos que a Intel oferece grande valor no longo prazo. Bob Swan, CEO da Intel, já está trabalhando para preparar a companhia para enfrentar esses desafios. Ele quer que a equipe de projeto da Intel seja mais flexível quando à fabricação dos processadores e espera anunciar uma decisão neste mês sobre uma possível terceirização da produção em 2023, de acordo com a Reuters.
O executivo também está rebalanceando rapidamente o portfólio da companhia e saindo de mercados onde não consegue superar a concorrência. A Intel anunciou, no último trimestre, que concordou em vender sua subsidiária Nand de chips de memória para a sul-coreana SK Hynix por cerca de US$ 9 bilhões.
Por outro lado, a pandemia impulsionou a demanda por seus produtos de margem mais elevada, inclusive seus processadores mais avançados para data centers. Esse aumento de demanda impulsionou os resultados nos últimos três trimestres, graças às fortes remessas para data centers operados pelas maiores empresas mundiais de computação na nuvem, como a Amazon.
Resumo
Alguns analistas estão extremamente pessimistas com o momento difícil vivenciado pela Intel, mas continuamos acreditando que a companhia tem tudo para se recuperar. A Intel está arraigada na mente do mundo da tecnologia, e sua gerência tem capacidade de tirar os negócios desse impasse. O envolvimento de um investidor ativista só tende a acelerar esse processo.