Será que o presidente Lula não poderia ter deixado de falar sobre a autonomia do Banco Central? Afinal, ainda tem muito tempo para que ele possa mexer ali e isso nem está na pauta.
Pois é, pessoal do mercado de câmbio! Não bastam boas notícias.
Não basta a China ter reaberto, não basta nosso diferencial de juros estar muito atrativo para os estrangeiros, não basta o Federal Reserve diminuir o ritmo de aperto monetário. Aqui no Brasil é assim, e já deveríamos estar acostumados.
A política causa tanto desconforto e insegurança no mercado financeiro, que as reações são muito exacerbadas. Com isso, a volatilidade segue sendo nossa máxima, e quando tudo ajudaria a nossa moeda a estar mais forte, vem uma fala que não precisava nem ao menos ser dita e pronto, dólar para cima.
Preocupação real no Brasil será a reforma tributária, o novo arcabouço fiscal e colocar em prática promessas e falas das equipes econômica e do planejamento.
Se o governo for comprometido com o fiscal e menos gastador, tem tudo para o país ir bem, mas por outro lado, se ficarem criando cargos, fazendo conchavos em nome de maioria para aprovar situações políticas, não vai ter jeito, e o dólar abaixo de R$ 5,00 não vai conseguir se manter.
No último dia da semana passada, fechamos com o câmbio comercial à vista cotado a R$ 5,1476. Pois é, mercado de câmbio não é brincadeira.
Lembrando que no dia anterior o mercado operou boa parte abaixo de R$ 4,98 chegando a atingir R$ 4,947. Eita presente, não dá para “segurar” as falas, pelo menos quando o exterior está ajudando?
Para completar o cenário de aversão a risco, esse exterior ajudando virou o jogo e vieram dados de Payroll (relatório de empregos americano) mostrando que o mercado de trabalho está muito apertado, sem sinais de que terá um arrefecimento significativo no curto prazo, que por si só já é um indicador que puxa o dólar para cima.
O relatório de emprego forte do governo dos Estados Unidos reduziu esperanças de abrandamento do aperto monetário do Fed. O dólar disparou globalmente. E para validar ainda mais este cenário, dados mais fortes do que o esperado do setor de serviços dos EUA, cuja atividade se recuperou acentuadamente em janeiro respaldam a perspectiva de uma postura ainda rígida por parte do Fed.
Juros mais altos na maior economia do mundo tendem a redirecionar recursos de ativos mais arriscados para o mercado de renda fixa norte-americano, que é extremamente seguro. Pois é, isso mesmo, parece loucura né? Mas no dia anterior era exatamente o contrário, apostávamos no “carry trade”.
Por isso falo sempre aqui, análise de câmbio é diária! As perspectivas e cenários de longo prazo são “chutes”. Não dá para validar. Qualquer “espirro” do presidente ou qualquer índice diferente do que era esperado e tudo muda.
Calendário econômico para hoje teremos na Europa a confiança do investidor, PMI da construção e vendas no varejo. No Brasil o tradicional boletim focus.
Só me resta então desejar que a semana seja de boas notícias, comprometimento fiscal, silêncio na política e que vocês realizem nas janelas de oportunidade, que aliás, é o que não falta aqui no câmbio.