A semana será mais curta para os mercados financeiros, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Na terça-feira, o Dia da Consciência Negra em São Paulo suspenderá os negócios na bolsa brasileira e, na quinta-feira, os americanos comemorarão o Dia de Ação de Graças, feriado mais importante até que o Natal. Com muitos americanos emendando a sexta-feira e cruzando o país para visitar suas famílias e outros partindo para as compras de fim de ano na Black Friday, a sexta-feira deve ser um dia de menor volume de negócios nos EUA e no Brasil. Lembrando que, por aqui, muitos emendaram o feriado de quinta-feira, de Proclamação da República, com o da Consciência Negra, voltando na quarta-feira.
IPCA-15 deve mostrar deflação
Por aqui, o principal indicador será o IPCA-15, prévia do IPCA usado pelo Banco Central (BC) em suas metas de inflação, e que será divulgado na próxima sexta-feira pelo IBGE. O índice considera os preços coletados de 16 de um mês a 15 do mês de referência, e fecha 15 dias antes do IPCA do mês fechado, que serve de referência para o BC calibrar a taxa de juros básica da economia. Ao que tudo indica, o IPCA-15 confirmará uma tendência de inflação em queda neste mês também para o IPCA, após a definição do cenário eleitoral e da queda do dólar.
O Banco Fator estima uma desaceleração da inflação de 0,58% em setembro para 0,15%, o que levaria a inflação em doze meses para 4,35%. O Bradesco (SA:BBDC4) trabalha com 0,26% e a LCA, de 0,19%. “Esperamos a confirmação da trajetória benigna da inflação corrente, em linha com a descompressão observada no atacado”, diz o Bradesco.
Já a Rosenberg Associados estima alta de 0,30% para o IPCA-15. Em 12 meses, a inflação deve ficar relativamente estável, passando de 4,53% para 4,51%, estima a consultoria. Em relação à variação de novembro, a Rosenberg destaca o arrefecimento do grupo Transportes, reflexo da tendência de queda observada sobre os combustíveis e pela deflação esperada para o item passagem aérea. Na contramão, o grupo Alimentação de Bebidas deverá ficar mais pressionado por conta da elevação sofrida pelos itens in natura.
Emprego com carteira assinada
Outro dato importante será o volume de contratações com carteira assinada divulgados pelo Ministério do Trabalho no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e a arrecadação federal, ambos relativos a outubro e sem data definida.
O Bradesco espera que o Caged deve indicar contratação liquida de 40 mil empregados em outubro. Já o Banco Fator estima a criação de 69,89 mil empregos em outubro.
Arrecadação deve subir
A Receita Federal, em outubro, deve registrar uma arrecadação de 128,91 bilhões de reais, estima o Fator. Os destaques deste resultado seria a arrecadação de imposto de renda, responsável por 27% do montante do mês, previdência (26%) e Cofins (16%). Este resultado significaria uma alta de 6,4% em relação ao arrecadado no mesmo mês do ano anterior. Em relação a esta alta, destaca-se as altas de Imposto de importação e IPI importação, ambos sob influência da alta do dólar, e IRPJ, diz o banco.
A arrecadação atingiria 1446 bilhões, no acumulado em doze meses, alta de 9,6% sobre o acumulado em doze meses um ano atrás.
Já a Rosenberg projeta uma arrecadação de R$ 128 milhões em setembro, o que corresponde ao crescimento real acumulado no ano de 5,6%. Passada a paralisação de maio dos caminhoneiros e seus efeitos adversos sobre a atividade econômica, os dados da arrecadação federal se acomodam ao cenário de crescimento mais comedido projetado para os últimos meses do ano, diz a consultoria.
PIB da Alemanha e PMI da Europa e dos EUA
O destaque na agenda internacional será a divulgação dos dados finais do Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha do terceiro trimestre deste ano, na sexta-feira. A prévia divulgada nesta semana veio abaixo das expectativas e reiterou a expectativa de desaceleração da atividade na Europa, diz o Fator. Os Índice de Gerentes de Compras (PMI) dos Estados Unidos e da União Europeia de novembro também serão divulgados. “Esperamos que os índices PMI continuem mostrando dinâmica mais favorável dos EUA em relação aos seus pares”, diz o Bradesco. Adicionalmente, serão divulgadas informações do setor de construção civil americano e de confiança.
Mercado repercutirá nomes do BC e do Tesouro
A reforma da previdência, o principal foco do mercado, foi prometida e negada diversas vezes durante a semana passada, lembra o Banco Fator. Apesar de os discursos de Paulo Guedes e do presidente eleito Jair Bolsonaro colocarem o tema da reforma como de extrema importância, a expectativa de qualquer avanço neste sentido ainda este ano foi esfriando com o passar da semana.
Assim os destaques do noticiário político foram novos anúncios de nomes que formarão o governo. Na quinta-feira, feriado de 15 de Novembro, a equipe de Paulo Guedes anunciou o economista Roberto Campos Neto para a presidência do Banco Central e informou que Mansueto Almeida ficará no Tesouro Nacional.
Para o Banco Fator, a indicação de Campos Neto agradou os investidores por ser um nome do mercado financeiro, atualmente responsável pela tesouraria do banco Santander (SA:SANB11), e pelo entendimento que ele dará continuidade ao trabalho de Ilan Goldfajn. A permanência dos membros da atual diretoria para um período de transição, entre eles do diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana de Carvalho, e a perspectiva de aprovação da independência do Banco Central reforçaram o otimismo, acredita o Fator. “Esta indicação é mais um marco para o novo governo dito liberal, ao menos em relação à economia”, afirma o banco em relatório.
O Fator lembra que Campos Neto carrega o peso do nome de seu avô, antigo ministro do Planejamento do governo do general Castello Branco e importante ícone do liberalismo econômico brasileiro, “apesar de ter criado o BNDE e de ter trabalhado diretamente com Juscelino Kubitschek.
Falas mais suaves do BC americano
Entre quinta e sexta-feira, Robert Kaplan (Federal Reserve de Dallas), Richard Clarida (Board do Fed) e Raphael Bostic (Fed de Atlanta) falaram de modo mais “dove” (suave) do que as manifestações dos colegas sobre os juros nos Estados Unidos, avalia o Banco Fator. “O tom recente dos membros do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Fed tem sido mais cauteloso e preocupado com a inflação de ativos e não com a baixa inflação de preços ao consumidor”, diz o banco. O fator cita Clarida, que disse que a taxa de juros se aproxima da faixa de 2,50% a 3,50% ao ano, considerada neutra (que nem incentiva o crescimento, nem o reduz para controlar a inflação) pelo Fomc. “Se assim é, a estabilização da Fed Funds Rate (juro básico americano) está próxima,”, avalia o Fator.
Ibovespa fechou semana em alta
A bolsa brasileira encerrou a semana em alta, fechando sexta-feira perto da máxima do dia, com apenas 6 papéis em baixa e puxada para cima pelas ações da Petrobras (SA:PETR4), da Vale (SA:VALE3) e do setor de bancos, diz o BB Investimentos. Ajudou também o ajuste do vencimento de opções sobre ações. O Índice Bovespa fechou aos 88.515 pontos, em alta de +2,96%, acumulando +3,36% na semana, +1,25% em novembro, +15,85% no ano e +22,07% em 12 meses.
O giro financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 15,7 bilhões, sendo R$ 15,1 bilhões no mercado à vista. No dia 12, houve retirada líquida de capital estrangeiro de R$ 30,271 milhões da bolsa. Com isso, o saldo negativo em novembro dos estrangeiros subiu para R$ 1,274 bilhão. Em 2018, o saldo de capital estrangeiro é deficitário em R$ 7,184 bilhões.
Dólar cai para R$ 3,74 para venda e juros recuam
O dólar comercial acompanhou o comportamento do mercado internacional na sexta-feira e fechou cotado a R$ 3,7380 para venda, em baixa de -1,19%, zerando sua variação na semana, mas acumulando altas de 0,27% no mês, de 12,97% no ano e de 14,00% em 12 meses, segundo o BB Investimentos. O risco medido pelo Credit Default Swap (CDS, espécie de seguro contra calote) do Brasil de 5 anos cedeu para 2,05 pontos percentuais acima da taxa de juros americana, versus 2,05 da sessão anterior.
Os juros no mercado futuro também recuaram, especialmente os mais longos, acompanhando o melhor humor do mercado com as indicações do futuro governo eleito e seguindo o arrefecimento do câmbio, diz o BB (SA:BBAS3).