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Semana Tensa Para os Mercados de Risco

Publicado 18.10.2021, 18:31
IBOV
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Certamente, teremos mais uma semana de tensão para os mercados de risco no mundo, com destaque para o segmento doméstico. A inflação em alta, que começa a mostrar que pode não ser tão transitória quanto se esperava, está pesando. Já que a pandemia parece ter abrandado um pouco e as variantes da covid-19 não estão causando grande medo neste momento, o tema passa a ser a inflação em alta em países desenvolvidos, decorrente, basicamente, de problemas na cadeia de suprimentos globais e escassez de energia.

Isso em um ambiente onde os principais bancos centrais se preparam para retirar estímulos monetários e fiscais, alguns planejando até mesmo elevações de juros, como parece ser o caso do BOE, o BC inglês. Felizmente, os EUA devem anunciar o tapering, mas altas de juros devem ficar para bem depois, exceto se houver episódio imprevisto de inflação. Em posição contrária e não podendo conviver com forte desaceleração de sua economia, a China pode voltar a estimular, assim como o Japão pode seguir a mesma trilha no novo governo do primeiro-ministro Fumio Kishida.

Por conta da inflação ascendente em diferentes países e incertezas reinantes, a curva de juros se acelera e o câmbio incorpora grande volatilidade, principalmente contra moedas de países emergentes, com destaque para os desequilibrados. Nesse grupo, podemos incluir a Turquia, o Chile e o Brasil. A Turquia, para piorar um pouco, destituiu membros do conselho do banco central, e o Chile promoveu forte alta dos juros na semana passada. Aqui, o Bacen optou por manter o plano de voo, apostando em certa transitoriedade da inflação e queda do PIB, alegando que a elevação da Selic dará tempo de medir melhor os impactos futuros, mas acreditando que o ritmo de alta possa levar a inflação para a meta de 2022.

Neste momento, entendemos que existe desancoragem entre as projeções oficiais do governo (notadamente, do ministro Paulo Guedes) e as expectativas das instituições financeiras e dos investidores, não só em relação à inflação, mas principalmente em termos de crescimento esperado. Paulo Guedes fala em PIB de 5,5% em 2021 e surpresa em 2022 acima de 2%, enquanto as previsões do mercado se situam na casa máxima ao redor de 5% (1,5% em 2022). Para o IPCA de 2022, a nova pesquisa semanal Focus coleta taxa de 2021 em 8,69% (recente em 8,79%) e, para 2022, em 4,18%, bem acima do centro da meta de 2022 (3,50%).

Temos que considerar ainda todos os problemas deste final de ano e o complicado ano de 2022 com eleições majoritárias. Tirando algumas alternativas criativas, como estender o Auxílio Emergencial por 60 dias, precatórios parcelados e fundo estabilizador de preços dos combustíveis, temos uma série de outros eventos deixando a desejar. Isso me faz relembrar aquela tirada de que, para temas complexos, existe sempre uma saída fácil – e, quase sempre, errada.

Os precatórios demoram a ter uma solução, os caminhoneiros ameaçam entrar em greve se o governo não estabelecer novo piso de frete, aposentadoria especial e política para diesel. As mudanças do ICMS dos combustíveis, aprovadas na Câmara, terão dificuldades de serem aprovadas no Senado, sofrendo pressão dos secretários de Fazenda dos estados. O relator do Auxílio Brasil diz que não aceita a extensão do Auxílio Emergencial por não ser uma política de estados, e sim uma postura eleitoreira. Já a CPI da Covid-19, que foi adiada, promete muito barulho com a leitura em 20/10 e votação marcada para 26/10, inclusive no plano internacional, com muitos processos de indiciamento e a atitude cada vez mais populista do governo.

Ora, com isso, não há mercado de risco que resista, mas, mesmo com esse filme de terror, nossa visão é que a Bovespa pode tentar recuperação com a safra de balanços, o apetite ao risco demonstrado na semana anterior e fluxo de investidores estrangeiros para a Bovespa, que já carreou em outubro (até 13/10) recursos de R$ 9,6 bilhões e, no ano, entradas líquidas de R$ 51,9 bilhões. Tudo em uma visão de mais médio e longo prazo.

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