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Semana Tem Brasil e México, IPCA, Feriado e Dados de Emprego e Ata do FOMC nos EUA

Publicado 01.07.2018, 23:00
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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Os mercados prometem seguir agitados neste mês de julho, assim como ocorreu em junho, em meio ao cenário externo conturbado pelo ajuste dos juros nos Estados Unidos e pelas atitudes protecionistas tresloucadas do presidente Donald Trump contra a China e contra o resto do mundo. No Brasil, a preocupação é com o impacto dessa turbulência externa nos mercados locais, em especial no dólar, e na economia, que tentará sair do ponto morto após o choque da greve dos caminhoneiros.

O ambiente político continuará pesado, com denúncias contra o presidente Michel Temer limitando a capacidade de ação do governo, enquanto a campanha eleitoral vai caminhar para uma definição com a aproximação do fim do prazo para o registro dos candidatos a presidente em meados de agosto, tornando cada pesquisa eleitoral um fato novo para o mercado e acelerando as negociações para coligações e candidaturas entre os partidos, forçando os nomes com pouca pontuação a abandonar a corrida eleitoral.

O recesso do Supremo Tribunal Federal (STF), por sua vez, pode acalmar as especulações sobre a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao menos até agosto, quando será julgado um novo pedido de liberdade da defesa. A ministra de plantão será a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, que é a favor do cumprimento da pena após condenação em segunda instância. A libertação do ex-presidente embaralharia ainda mais a disputa presidencial e poderia reduzir as chances de vitória de um candidato de centro a favor do ajuste fiscal e das reformas, com a da Previdência.

Brasil e México e boletim Focus abrem a semana

Nesta semana. porém, todas as atenções estarão voltadas para o jogo entre Brasil e México nesta segunda-feira, às 11 horas. Se o Brasil passar, jogará na sexta-feira contra Bélgica ou Japão. Antes do jogo de amanhã, porém, o mercado fará um aquecimento acompanhando o boletim Focus, que trará as projeções dos analistas para a economia (para o jogo, o Itaú Unibanco (SA:ITUB4) aposta no Brasil e vê a seleção com chances de ganhar a Taça do Mundo novamente).

BC de volta ao câmbio, mas dólar caminha para os R$ 4

Além disso, o mercado ficará atento à atuação do Banco Central (BC) no mercado de câmbio. O BC já avisou que vai rolar todo o vencimento de swaps cambiais de agosto durante este mês e poderá oferecer mais contratos para quem precisar de proteção para a variação cambial, além de voltar a vender dólar físico via linhas externas. O BC tenta conter a disparada do dólar, que parece caminhar para os R$ 4,00, mesmo com todo o esforço da autoridade monetária durante o mês de julho.

Se a pressão, especialmente a externa, continuar, o BC não terá muito o que fazer, já que forçar a mão na venda de dólar significaria admitir que o câmbio não é flutuante. E aumentariam as chances de a inflação ser impactada e os juros subirem antes do fim do ano.

Independência dos EUA, IPCA e produção industrial

Na agenda econômica, que será encurtada pelo feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos na quarta-feira, dia 4, os destaques serão, por aqui, a produção industrial de maio na quinta-feira e o IPCA de junho, usado nas metas de inflação do BC, na sexta-feira. Ambos deverão refletir os efeitos da paralisação dos caminhoneiros.

Segundo o Departamento Econômico do Bradesco (SA:BBDC4), contaminados pelos impactos da greve, a produção industrial de maio deverá mostrar forte retração, de 14% ante abril, enquanto o IPCA de junho, para o qual o banco espera alta de 1,22%, deverá trazer aceleração dos preços, especialmente de produtos alimentícios.

Mas o banco avalia que os resultados apresentados não revelam tendência, mas sim efeitos transitórios que se dissiparão à frente. Esse também é a aposta do presidente do BC, Ilan Goldfajn, que em entrevista na semana passada defendeu que a política de juros não deve ser afetada por eventos extraordinários.

Ata do Fomc e relatório de inflação nos EUA podem mexer com juros

Já no exterior, a agenda traz de importante a ata do Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, banco central americano) na quinta-feira e os dados de emprego (payroll) de junho nos EUA. O relatório de emprego continuará reportando criação expressiva de vagas, ao redor de 200 mil postos, enquanto a comunicação do Fed será relevante para indicar o grau de preocupação quanto ao impacto da atividade econômica na trajetória de inflação dos EUA, avalia o Bradesco.

Mercados de risco devem continuar pressionados

Uma coisa parece certa: a volatilidade não deve largar os mercados de risco, tanto no exterior como no segmento doméstico, afirma Álvaro Bandeira, economista-chefe do homebroker ModalMais. Do lado externo, duas questões surgem como importantes: as tensões sobre o comércio transnacional e as discussões no âmbito europeu de um projeto conjunto de imigração que pode evoluir para entrelaçamento de ideias ou separar ainda mais os países, avalia o economista.

“Para completar, não podemos esquecer Donald Trump sempre fazendo das suas, seja no que tange às tensões comerciais ou até com os problemas imigratórios envolvendo o México e países próximos”, afirma o economista. A imprevisibilidade de Trump é constantemente motivo de bruscas mudanças de sinais dos mercados, ainda mais que agora está assessorado por seu núcleo duro.

No Brasil, o economista do ModalMais não vê situação muito melhor, com a conjuntura econômica se deteriorando sem que o governo consiga emplacar ajustes, o Supremo Tribunal Federal (STF) piorando, “como fez Lewandowski, proibindo a privatização de empresas estatais sem aval do Congresso”, diz.

Balança comercial, PMI e emprego na Europa e ISM nos EUA

A semana começa com o Índice de Preços Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas e o Boletim Focus do Banco Central nesta segunda-feira. Sai também a balança comercial de junho, que deve vir com superávit de US$ 5,8 bi segundo o Banco Fator. Na Europa, saem o Índice de Gerentes de Compras (PMI na sigla em inglês) da Manufatura de junho e os Preços ao Produtor (PPI) e a taxa de desemprego de maio da zona do euro.

Nos EUA, está prevista a divulgação do PMI da Manufatura de junho e os Gastos com Construção de maio. Além disso, serão conhecidos o Índice da Manufatura, de Emprego, de Preços Pagos pela Indústria e de Encomendas do Instituto de Gerentes de Suprimento (ISM) de junho.

IPC-Fipe e preços ao produtor

Na terça-feira, sai o Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (IPC-Fipe) de junho e o Índice de Preços ao Produtor (IPP) de maio, do IBGE. Na Europa, sai o índice de Vendas no Varejo de maio e, nos EUA, as encomendas à indústria de maio. Na China, serão conhecidos o PMI de Serviços e da Manufatura de junho.

Na quarta-feira, com feriado nos EUA pelo Dia da Independência, haverá dados apenas da zona do euro, com o PMI de Serviços e o Composto de junho.

Produção industrial e de automóveis no Brasil trará impactos da greve

Na quinta-feira, será conhecida a Produção Industrial de maio calculada pelo IBGE. O Banco fator estima uma queda forte por conta da greve dos caminhoneiros, de 17,20% sobre o mês anterior e de 13,60% sobre maio de 2017. Já o banco suíço UBS avalia que a greve dos caminhoneiros derrubou os embarques de papelão, a produção automotiva e os pedágios de veículos pesados em dois dígitos em maio. “Seguindo essa evidência, prevemos uma queda de 12% na produção industrial sobre o mês anterior e de 16% sobre o mesmo mês do ano passado), diz o UBS.

Para o banco, o segundo trimestre começou melhor que o anterior. No entanto, a greve de transporte desencadeou piores condições financeiras provenientes de um real mais fraco, um mercado de ações encolhido e uma curva de risco soberano mais acentuada. “Somando-se a esses fatores um ambiente global mais adverso para mercados emergentes, isso poderia significar taxas de juros mais altas para o Brasil”, diz o banco suíço.

Esta nova realidade empurrou para baixo as perspectivas para o PIB de 2018 e 2019, apesar da projeção de alguma recuperação em junho. “Por enquanto, esperamos que o PIB de 2018-19 cresça 1,8% e 2,5%, respectivamente.”

Na quinta-feira, saem a Produção Total de Veículos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) de junho.

Prévia de emprego privado e ata do Fomc nos EUA

Já no exterior, serão conhecidos os dados prévios de emprego no setor privado em junho da consultoria ADP, que vão dar um sinal de como devem sair os números oficiais do payroll no dia seguinte. Saem também os PMIs de Serviços e Composto de junho.

Mas o grande evento do dia é a ata do Comitê de Mercado Aberto (Fomc), do Fed, que pode dar novas pistas sobre a política monetária americana e quanto os juros do país podem subir.

IPCA de junho e dados de emprego nos EUA

Na sexta-feira, o destaque é o IPCA de junho, inflação oficial usada pelo BC em suas metas de inflação, e que deverá trazer uma alta maior. A estimativa do Banco Fator, é de uma aceleração de 0,40% em maio para 1,27% em junho, ou de 2,86% para 4,40% em 12 meses.

Para o UBS, a greve dos transportes no fim de maio mostrará seus efeitos totalmente no IPCA de junho. O banco suíço projeta uma alta de 1,35% no mês e de 4,3% em 12 meses, uma alta de 1,6 pontos percentuais. A maior parte da pressão virá dos itens “Alimentação no Domicílio” e do combustível (gasolina e etanol). A eletricidade também aumenta, acompanhando os crescentes custos de produção das usinas termelétricas.

No entanto, no curto prazo, se a inflação geral aumentará, o núcleo da inflação permanecerá contido no intervalo de 3% ao ano. “Prevemos alguma desaceleração para o IPCA de julho e agosto, mas agora esperamos um acumulado em 2018 de 4,3%, perto da meta do BC de 4,5%”, diz o UBS.

Aumento da Selic ainda este ano

A inflação de 2019, estimada pelo banco suíço em 4,2%, tornou-se cada vez mais importante para a definição dos juros pelo BC. O UBS espera um aumento da Selic após as eleições de outubro.

Nos EUA, dados de emprego concentram atenções

Fechando a semana, nos Estados Unidos, saem os dados mais importantes, de criação de empregos, ou payroll, de junho, bem como a taxa de desemprego americana e o rendimento do trabalhador. Dependendo dos dados, o Fed pode ter de acelerar os juros para se antecipar a um eventual aumento do consumo e da inflação. O desemprego está em 3,80% da população ativa, taxa mais baixa em 18 anos, ou seja, desde 2000. E há uma correlação forte entre inflação e o chamado “pleno emprego”, que aparece no aumento do rendimento dos trabalhadores. Por isso, qualquer um desses indicadores pode mexer com os juros nos EUA e em todo o mundo, especialmente nos emergentes como o Brasil.

Bolsa brasileira segue nos 70 mil pontos

Do ponto de vista da análise técnica ou gráfica, afirma Álvaro Bandeira, do ModalMais, caso a bolsa brasileira retome a tendência de alta, seria preciso buscar a faixa de 72.600 pontos, para tentar objetivo de ultrapassar 73.700 pontos e depois 75.300 pontos. Na hipótese negativa, Bandeira afirma que o índice não deveria perder a faixa de 69.200 pontos, sob pena de entrar em nova precipitação. “De qualquer forma, as quedas recentes deixam boa margem para recuperações, mas seria preciso surgirem boas notícias externas e, principalmente, internas”, resume.

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