Uma semana doméstica relativamente mais calma. O recesso do parlamento contribui para isso, assim como o retorno do presidente Bolsonaro ao “dia a dia”, mas talvez com certos cuidados. Não está descartada uma cirurgia, por causa da “obstrução intestinal”. Uma declaração, ao fim do domingo, parece ter tido boa repercussão. Disse ele que discordava do fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões, avaliando que os parlamentares não precisavam destes recursos e com estes, várias obras do Tarcísio Freitas (infraestrutura) e do Rogério Marinho (desenvolvimento regional) poderiam ser feitas. Sinais para um veto.
Os mercados na semana passada operaram ao sabor dos fatos. Nos três primeiros dias até que tivemos algum otimismo com o encaminhamento da reforma tributária, a ser votada apenas depois do recesso. A redução do IR para empresas foi uma boa notícia, assim como a isenção para fundos imobiliários. Como ainda deve haver discussão sobre estes temas em agosto, a perspectiva é de que algo seja alterado. A partir da quarta-feira, no entanto, o mercado acabou dando uma virada, diante de eventos no cenário externo, como a desaceleração da economia chinesa (PIB com crescimento de 7,9% no segundo trimestre) e a inflação norte-americana, mais elevada do que o esperado (0,9% em junho e 5,4% em 12 meses).
Ao fim, o dólar fechou próximo da estabilidade, com queda de 0,01%, a R$ 5,124, e o Ibovespa, em dia de vencimento de opções, recuando 1,18%, a 125.960 pontos.
Para esta semana, o presidente volta ao “cercadinho”, mas a expectativa é de que ele dê uma desacelerada nas declarações polêmicas. Será uma semana carregada também de balanços corporativos nos EUA, devendo vir melhores. Na agenda de indicadores sexta-feira será um dia intenso com os vários PMIs dos EUA, Zona do Euro e Alemanha. Será uma semana também de reunião do BCE e de IPCA-15 de julho.
Fundo eleitoral. A aprovação do fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões para as eleições do ano que vem, continua repercutindo. Tal fundo representa um aumento muito pesado no valor anterior (R$ 2 bilhões). O principal motivador, no entanto, é lembrar que muito provavelmente fará mais sentido gastar a mesma quantia no amparo aos idosos pobres e deficientes físicos.
CPI em recesso? Um fato a repercutir nesta semana será um vídeo em que o ex-ministro Antonio Pazuello parece negociar vacinas chinesas, Coronavac, cerca de 30 milhões de doses, pelo triplo do preço. A averiguar este fato. Em paralelo, a discussão em torno do voto impresso parece que não deve prosperar. No entanto, o relator Filipe Barros, ligado ao governo, parece que deve retornar em agosto aceitando as sugestões da oposição.
Na agenda desta semana, destaque para a reunião do BCE na quinta-feira e no Brasil, o IPCA-15 na sexta-feira e variados PMI (como dito acima).
Na Zona do Euro, os 19 países envolvidos estarão atentos ao que Christine Lagarde deve dizer, dado o risco de uma terceira onda da pandemia, dado o espalhamento da cepa Delta. Por lá, o número de novos casos aumentou 60% na semana passada e a previsão é de novas altas nesta semana. Estimativas do Centro Europeu de Prevenção e Controle da Doença indicam que ao fim de julho os novos casos devem chegar a 420 por 100 mil habitantes (cinco vezes acima da semana anterior). No Reino Unido, na sexta-feira tivemos o maior número de novos casos desde janeiro, o que deve adiar o fim das medidas restritivas. Na Ásia, na Indonésia, o número de casos diários ultrapassou o Brasil, chegando a 56,7 mil infecções na quinta-feira passada.
Sobre a reforma tributária é grande a expectativa sobre como o novo texto do relator, deputado Celso Sabino, deve ser debatido depois do recesso, em agosto.