Mesmo com notícias “altistas” a semana foi negativa para o mercado de café. O Set-23 terminou a sexta-feira @ +180,65 centavos de dólar por libra-peso caindo aproximadamente -2,68% (máxima/mínima/fechamento respectivamente @ +187,35 / +178,55 / +180,65 centavos de dólar por libra-peso). O R$ voltou a valorizar e terminou a semana @ +4,92 R$/US$ afetando diretamente os preços no mercado interno.
A combinação “NY em centavos de dólar x R$/US$” reduziu os preços no mercado interno para o café tipo arábica em aproximadamente -50,00 R$/saca (preços oscilando entre +950/+1.150 R$/saca dependendo da qualidade/certificados/localização). Por outro lado, o café tipo robusta continuou firme com preços oscilando entre +630/+700 R$/saca.
Notícias de seca ainda castigando regiões produtoras no Vietnam, Indonésia e China junto com a confirmação na queda das exportações do Vietnam em -22% no mês de abril-23 continuam dando suporte ao robusta. Coincidentemente as exportações do Vietnam em abril-23 ficarem praticamente iguais as exportações brasileiras: +2.727.328 sacas (163.607 toneladas) e +2.722.180 sacas respectivamente (segundo dados da Cecafé)! Com essa redução nas exportações, apenas nesse mês de abril-23, o “mundo consumidor” deixou de receber aproximadamente -1.000.000 de sacas apenas dessas duas principais origens!
Segundo a projeção dos dados da Cecafé, em maio-23 o Brasil deverá exportar novamente quantidade
Na semana passada tivemos as notícias altistas vindas da Colômbia (expectativa produção
Produtores brasileiros do café tipo robusta continuam reclamando dos baixos rendimentos da safra atual. Algumas chuvas pontuais prejudicaram o andamento da colheita dessa semana.
Em algumas regiões do café arábica alguns produtores detectaram o avanço da ferrugem e “bicho-mineiro” demandando novas aplicações de herbicidas nessa reta final da maturação das suas lavouras (procurando evitar prejuízos/surpresas). Por outro lado, alguns produtores do café tipo arábica já estão reportando rendimentos acima do esperado (mesmo colhendo café ainda um pouco verde e maturação desigual em alguns talhões).
O IBGE soltou nova previsão da safra 23/24 e reduziu levemente sua estimativa inicial para +55,20 milhões de sacas (sendo +38,30 milhões de sacas para o café tipo arábica e +16,90 milhões de sacas para o café tipo robusta).
Também na semana o NOAA (Departamento Nacional da Atmosfera e Oceanos dos Estados Unidos) divulgou novo relatório indicando uma probabilidade em +90% para nova ocorrência do fenômeno “ElNino” para o segundo semestre. Segundo o NOAA*, o “ElNino” desse ano deverá trazer aumento nas temperaturas e tempo seco prejudicando a próxima safra de grãos dos Estados Unidos e afetar diretamente as próximas safras de café nos principais países produtores (Brasil, Vietnam, Indonésia, Colômbia).
Então, por que os preços em NY continuam caindo?
Aversão ao risco!
O “fantasma” da crise financeira continua assustando os investidores. No último mês a inflação na Inglaterra em alimentos chegou atingir +19%! Nos Estados Unidos a crise nos bancos regionais continua exigindo atenção especial do FED*. “Novos socorros” /aportes /fusões” deverão ocorrer nos próximos meses. E o governo americano voltou novamente no impasse entre os Democratas e Republicanos para autorizar um novo aumento/limite no teto de gastos. O governo americano está solicitando uma autorização para elevar o limite em aproximadamente +30 bilhões de dólares! Esse limite precisa ser aprovado até o final do mês. Caso contrário em junho o governo já será obrigado a começar a atrasar pagamentos/compromissos assumidos.
Dados vindos da China continuam indicando uma recuperação mais lenta da economia chinesa. Com menor demanda chinesa no mercado interno (principalmente por petróleo e minério) o mercado continua apostando em novos estímulos do governo chinês para aquecer a economia interna e manter um crescimento neste ano em pelo menos +5%. Caso contrário a desaceleração chinesa poderá confirmar e acelerar o início da recessão global.
Com juros mais altos ao redor do mundo o custo do dinheiro continua elevado. As “chamadas de margem” precisam ser financiadas e estão muito mais caras que o ano passado! Quem tomava dinheiro a “Libor+2%” ao ano estava tomando dinheiro emprestado ao redor dos +2/3% ao ano. Agora essa mesma linha de credito passou a custar +6%/+7%/+8% ao ano! Em DÓLAR!
Para nossa surpresa, mesmo com o cenário ainda construtivo para o curto/médio prazo os fundos + especuladores reduziram a posição comprada em -5.194 lotes e continuam comprados em +12.878 lotes. No período de apuração (segundo o CFTC* o período de apuração ocorre entre a quarta-feira da semana anterior até a terça-feira da semana corrente sendo publicado na sexta-feira) o mercado em NY (contrato Set-23) trabalhou respectivamente caindo -110 pontos na quarta-feira, -155 pontos na quinta-feira, depois subiu +510 pontos na sexta-feira, voltou a cair -370 pontos na segunda-feira e subiu +280 na terça-feira dessa semana. Nesses dias o Set-23 oscilou (em centavos de dólar por libra-peso), entre fechamento dia anterior/máxima/mínima/fechamento no dia respectivamente @ +183,95 / +185,60 / +179,40 / +182,85; +182,85 / + 183,25 / +178,55 / +180,50; +180,50 / +186,70 / +180,45 / +185,60; +185,60; +187,35 / +181,05 / +181,60; +181,60 / +184,65 / +181,35 / +184,20! E o volume diário negociado em todos os meses ficou ao redor dos +33.000 lotes.
O que será que os “fundos + especuladores + algorítimos” estão vendo que nós não estamos? Com a posição mais “leve” os fundos + especuladores + os “computadores/algoritimos” continuarão ditando as regras no curto prazo. Porém, no final, os fundamentos sempre prevalecerão.
No lado “técnico” o mercado continua testando os suportes das médias-móveis dos +200 e +50 dias e com objetivo importante na média móvel dos +100 dias! No Julho-23 e Set-23 esses suportes estão agora respectivamente @ +183,40 / + 182,60 / +176,30 e @ +181,90 / +180,50 / +174,90 centavos de dólar por libra-peso. E resistências relevantes no Julho-23 e Set-23 respectivamente @ +198 / +195,80 centavos de dólar por libra-peso.
Por essas e outras, continuamos enfatizando a necessidade e urgência para o produtor “se proteger” e garantir preços acima dos +1.000 R$/saca, tanto para a safra 23/24 e quanto para a próximas safras 24/25 em diante.
Existem muitas incertezas no mundo que poderão afetar diretamente a remuneração dos produtores ao redor do mundo (isso sem falar no risco do inverno que se aproxima). Dinheiro/lucro no bolso nunca quebrou ninguém! Com dinheiro no bolso oportunidades irão surgir no curto/médio/longo-prazo.
Quantos produtores não querem “comprar a terra do vizinho”? O produtor que fizer a sua lição de casa, sua gestão de controle de custos / vendas / contratação de seguros e HEDGE irá sim “comprar o seu vizinho”. E infelizmente, o produtor que continuar apostando na sorte, no clima, na “dança da chuva” apenas “olhando pra cima e pedindo um milagre” e “torcendo por preços melhores” vai acabar saindo do mercado.
Depois, não adianta “culpar o Homem lá de cima”. Ele está dizendo pra você há anos, através de vários analistas/consultores: “Proteja-se”… Depois não adianta reclamar/chorar/lamentar…
Com base no fechamento da semana ajustamos a estratégia / indicativo para a compra da estrutura de venda “put-spread*” agora nos strikes +190/-150 vendendo a opção de compra “call*” -220 no Set-24, como segue:
Como sempre, fiquem atentos, acompanhem o mercado diariamente, aproveitem as oportunidades, e, PROTEJAM-SE!