A semana na Renda Fixa foi de devolução de prêmios de risco em toda a extensão da curva, apoiada na leitura de desaceleração do mercado de trabalho e de enfraquecimento do setor de serviços nos EUA, o que consolidou a aposta de que o Fed não deve mais subir os juros e fortaleceu a de queda em meados de 2024. A inclinação medida pelos contratos para janeiro de 2025 e janeiro de 2029 terminou em 34 pontos, ante 38 pontos na sexta-feira anterior (27).
Os principais vetores que influenciaram o fechamento da curva de juros foram:
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o recuo em torno de 30 bps dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano de longo prazo. A taxa da T-Note de dez anos fechou em 4,52%, de 4,84% na sexta-feira anterior (27),
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o payroll de outubro mostrou criação de 150 mil vagas, abaixo do consenso de 183 mil. A taxa de desemprego subiu de 3,8% para 3,9%, contrariando a previsão de estabilidade, e o salário médio por hora trabalhada subiu 0,21%, contra estimativa de 0,30%. Os pedidos de auxílio-desemprego já haviam mostrado aumento além do estimado,
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a ideia de arrefecimento da economia, que tende a amenizar as pressões inflacionárias e sobre a política monetária, foi ainda reforçada pela queda do PMI medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM) de Serviços maior do que o consenso,
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o resultado aquém do esperado do índice de gerentes de compras da indústria americana trazendo alívio à preocupação com a resiliência da economia americana e o impacto na inflação,
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o aumento das emissões de títulos dos EUA divulgado no relatório trimestral de refinanciamento da dívida abaixo do esperado e menor do que havia sido recomendado pelo comitê consultivo. A necessidade de financiamento da dívida vinha gerando pressão recentemente e ajudando a impulsionar o prêmio da T-Note de 10 anos desde o último relatório,
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as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, na entrevista após a reunião de política monetária, que manteve os juros entre 5,25% e 5,50%, e que foram interpretadas pelo mercado com um viés mais "dovish". Powell considerou sobre o mercado de trabalho que o avanço dos salários desacelerou bastante, para ritmo bem mais perto do necessário, e sobre as expectativas de inflação, que claramente estão em um bom lugar, além de dizer que o efeito total do aperto monetário já adotado ainda será sentido. Afirmou ainda que pode retomar as elevações nas taxas, mas que nada sobre dezembro foi decidido ainda,
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o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central seguiu o plano de voo e reduziu pela terceira vez seguida a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, de 12,75% para 12,25% ao ano, em decisão unânime. No comunicado, o BC destacou que o Copom entende que "essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025, e manteve a sinalização de que esse ritmo deve continuar pelas próximas reuniões,
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a expectativa de medidas de estímulo à economia da China, após queda do PMI abaixo de 50 pontos,
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o petróleo fechando em baixa diante da ausência de uma escalada dos conflitos no Oriente Médio. Passou de US$ 90,48 na sexta-feira anterior (27) para US$ 84,89,
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e as leituras do PIB e da inflação na Zona do Euro reforçando a possibilidade do Banco Central Europeu (BCE) não mais elevar seus juros.
Fizeram o contraponto ao fechamento da curva de juros:
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a piora do risco fiscal refletindo a preocupação com a possibilidade de que a meta de zerar o déficit primário das contas públicas em 2024 poderá ser alterada para um déficit de 0,25% ou 0,50%.
Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:
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a produção industrial de setembro subindo 0,10% na comparação com agosto, contrariando a mediana das estimativas, de -0,10%,
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a taxa de desemprego no Brasil ficou em 7,7% no trimestre encerrado em setembro, de acordo com a Pnad Contínua, em linha com as previsões,
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o saldo do Caged acima da mediana das estimativas. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o mercado de trabalho formal registrou um saldo positivo de 211.764 carteiras assinadas em setembro, acima da mediana que era de saldo positivo de 202.132 vagas,
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e o IGP-M acelerando a 0,50% em outubro, ante 0,37% em setembro, abaixo da mediana das estimativas que apontava alta de 0,58%. No acumulado em 12 meses, o índice tem queda de 4,57%, ante contração de 5,97% registrada em setembro.
No Relatório de Mercado Focus (06), a projeção para a inflação oficial em 2023 seguiu em 4,63%. Um mês antes, a mediana era de 4,86%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção piorou de 3,90% para 3,91%. Há um mês, a mediana era de 3,88%. A mediana supera o centro da meta (3,00%), mas está dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%.
A conferir:
No Brasil
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a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) na terça-feira (7), que dará detalhes sobre a decisão de reduzir a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 12,25% ao ano, e sobre os próximos passos,
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a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de setembro na quinta-feira (9),
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o IPCA de outubro na sexta-feira (10). É esperada uma desaceleração na comparação com setembro e também na taxa acumulada em 12 meses,
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a possível votação do projeto de reforma tributária no Senado, tanto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) quanto no plenário.
Nos EUA
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os discursos de vários dirigentes do Fed, incluindo o presidente da instituição, Jerome Powell.
Na China
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a divulgação de dados do comércio exterior e inflação.
No Mundo
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os desdobramentos da guerra no Oriente Médio.
O dólar no mercado à vista terminou o pregão da sexta-feira (3) cotado a R$ 4,8963, encerrando a semana em queda de 2,33%. Em 2023, perde 7,27%.
Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana foram:
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o payroll informando que foram criados 150 mil empregos em outubro, bem abaixo dos 183 mil esperados pelo mercado, com aumento da taxa de desemprego a 3,9% no mês, também maior do que indicava o consenso de 3,8%, além do PMI de serviços no país abaixo das previsões em outubro. Esses números mostraram esfriamento do mercado de trabalho americano e consolidaram a avaliação de que o Fed já deve ter encerrado o ciclo de aperto monetário,
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as preocupações com o cenário fiscal doméstico, amparada em possível mudança da meta fiscal de 2024,
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o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) de novembro considerando o risco fiscal e a preocupação com o ambiente externo, sugerindo risco de uma Selic terminal mais alta, o que levaria a uma diminuição menor do diferencial de juros entre Brasil e EUA. Algumas instituições financeiras já adicionaram ao cenário base a possibilidade de desaceleração do ritmo de cortes dos juros domésticos para 0,25 ponto percentual, a partir de março de 2024,
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a decisão do Fed de manter a política monetária inalterada neste mês, com discurso do seu presidente, Jerome Powell, acenando com a manutenção das taxas por mais tempo,
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e o corte de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic, a 12,25% ao ano, e indicação de novos cortes, mas ressaltando que o governo deveria buscar metas fiscais já estabelecidas. Uma possível mudança na meta de déficit fiscal zero em 2024, pode mudar as expectativas para o mercado de câmbio.
Agenda de eventos e indicadores econômicos de 06 a 10 de novembro
Segunda-feira (6):
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Brasil - Início do horário de verão nos EUA; pregão à vista da B3 (BVMF:B3SA3) vai até 17h55, BC: Relatório Focus, BC/Setor Externo: CC e IDP de setembro, S&P Global: PMI Composto de outubro,
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Zona do euro - S&P Global /HCOB: PMI composto e PMI de serviços de outubro (final),
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Alemanha - S&P Global /HCOB: PMI composto e PMI de serviços de outubro (final),
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Mundo - S&P Global/JPMorgan: PMI de serviços global de outubro,
Terça-feira (7):
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Brasil - Tesouro faz leilão de NTN-B para 15/8/2028, 15/8/2040 e 15/8/2060 e de LFT para 1º/9/2026 e 1º/9/2029, BC divulga ata do Copom, FGV: Indicador Antecedente de Emprego em outubro, BC: Nota de crédito em setembro, Anfavea: Produção e venda de veículos em outubro,
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EUA - Deptº do Comércio: balança comercial de setembro, Fed: Crédito ao Consumidor em setembro,
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Zona do euro - Eurostat: PPI de agosto,
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Alemanha - Destatis: produção industrial de setembro,
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China - GACC: balança comercial de outubro: Importações e Exportações,
Quarta-feira (8):
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Brasil - FGV: IGP-DI de outubro e IPC-S de novembro (1ª Quadri), BC: Setor público consolidado de setembro, IBGE: Vendas no varejo restrito e ampliado e Pesquisa Industrial Mensal Regional de setembro,
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EUA - Deptº do Comércio: Estoques no Atacado de setembro, DoE: estoques de petróleo na semana até 03 de novembro,
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Zona do euro - Eurostat: vendas no varejo em setembro,
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Alemanha - Destatis: CPI de outubro (final),
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China NBS: CPI e PPI de outubro,
Quinta-feira (9):
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Brasil - Tesouro faz leilão de LTN para 1º/10/2024, 1º/10/2025 e 1º/7/2027 e de NTN-F para 1º/1/2029 e 1º/1/2033, FGV: IPC-S Capitais de novembro (1ª Quadri),
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EUA - Deptº do Trabalho: pedidos de auxílio-desemprego na semana até 4 de novembro e número de pedidos de auxílio-desemprego continuados na semana até 4 de novembro,
Sexta-feira (10):
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Brasil - Fipe: IPC de novembro (1ª Quadri), FGV: IGP-M (1º decêndio) de novembro, IBGE: IPCA de outubro, INPC de outubro e INCC/Sinapi também de outubro,
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EUA - Baker Hughes: poços de petróleo em operação,
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Reino Unido - ONS: PIB do 3ºtri (preliminar) e produção industrial de setembro,
Fonte: Broadcast