Na semana, os dados de inflação da Zona do Euro, Livro Bege do FOMC, pedidos de auxílio-desemprego dos EUA e até então os dados de atividade da China, que foram adiados na manhã de hoje, formarão as expectativas dos investidores quanto ao futuro das economias avançadas.
No cenário de inflação persistente e aumento de juros, o desafio das grandes economias é conseguir controlar os efeitos negativos da inflação e consequentemente do atual patamar dos juros na atividade econômica. Na Zona do Euro, após o IPC da Alemanha registrar uma inflação acumulada em 12 meses de 10% em setembro, a expectativa para o bloco econômico é a mesma, com uma aceleração do último dado, quando registrou 9,1%.
Ou seja, no cenário em que a inflação dos países europeus ainda não traz uma trégua, a expectativa é que o BCE, Banco Central Europeu, continue aumentando os juros, porém, não haverá espanto caso a alta seja de 100 pontos-base na próxima decisão de política monetária, diante da última quando se decidiu por 75 pontos-bases. Neste contexto, o cenário da política monetária, somado à atual situação energética desses países, impactará na atividade econômica, com enfraquecimento especial da indústria, fortalecendo a tese da entrada em uma recessão neste curto prazo.
Diferentemente dos países europeus, os EUA, que também se deparam com aumento de juros e inflação, ainda contam com uma economia que tem se sustentado pela demanda, explicada pelos dados robustos do mercado de trabalho e expectativas tanto de setores como indústria e serviços positivos para os próximos três meses, de acordo com os últimos dados do PMI divulgados. Em outras palavras, a expectativa de recessão da maior economia do mundo para este ano possivelmente foi postergada, e caso aconteça, sinais mais intensos de desaceleração serão observados no próximo ano.
Para entender melhor, o Livro Bege, relatório sobre as condições econômicas nos distritos do Federal Reserve será divulgado na próxima quarta-feira e deverá confirmar a expectativa de desaceleração econômica ao longo dos próximos dois trimestres. Contudo, poderá ressalvar que a atividade econômica ainda apresenta certo fôlego quando o assunto é produção; ou seja, há uma tendência de que os juros nos EUA continuem subindo com a expectativa de um tom mais duro por parte da autoridade monetária, o Fed.
Por fim, os dados da China que foram adiados são importantes no contexto econômico que caminha para uma desaceleração da atividade. Atualmente, a volatilidade observada nas commodities, como o petróleo e o minério de ferro, pode ser explicada pelas expectativas do crescimento chinês assim como pelas políticas econômicas que serão adotadas em uma situação de crise. Ou seja, na espera da divulgação desses dados, os investidores deverão seguir cautelosos nos seus investimentos.
Por fim, na agenda macroeconômica mais vazia no Brasil, nesta semana os investidores voltam sua atenção para as expectativas do próximo ciclo econômico nas economias avançadas, estas que consequentemente influenciam as expectativas da nossa economia no médio e longo prazo.