Nesta semana os investidores estarão atentos aos dois dados de inflação brasileira: IGP-DI assim como o IPCA, ambos de agosto. Para os dois indicadores a expectativa é de deflação, a qual deverá ser majoritariamente explicada pela redução dos preços dos combustíveis, em especial a gasolina.
Assim, para o IGP-DI a expectativa do mercado é que a taxa tenha recuado 0,44% no comparativo mensal, na qual, tanto a inflação ao produtor, medida pelo IPA (índice de preços ao produtor amplo) assim como o IPC (índice de preços ao consumidor), tendem a apresentar mais um mês de taxas negativas.
Já a deflação do IPCA, a qual o mercado espera de 0,39%, deverá ser percebida pelo peso do grupo de transportes na cesta do consumidor, que no mês passado correspondeu a 22,28%, maior que o grupo de alimentação e bebidas, 21,29%. Contudo, mesmo com o processo de desinflação já consolidado para este ano, as preocupações quanto à inflação de serviços seguem no radar, explicadas por um mercado de trabalho que segue resiliente, de acordo com os últimos dados da taxa de desemprego medida pela PNAD e pelo CAGED.
Inflação x Selic
Olhando para frente, a mediana das expectativas do mercado divulgada pelo Banco Central através do Boletim Focus mostra, pela décima semana consecutiva, mais uma revisão baixista para o IPCA de 2022, chegando a 6,61%.
Neste contexto, os fundamentos seguem os mesmos: queda dos preços dos combustíveis, como a gasolina que tem impacto no curto prazo, assim como também do diesel, trazendo menores pressões nos preços das passagens aéreas assim como no custo do transporte para os próximos meses.
Na minha análise, após o comunicado da Petrobras (BVMF: BVMF:PETR4) na semana passada sobre a redução dos preços dos combustíveis, minha expectativa de inflação para 2022 passou de 6,49% para 6,06%, com a taxa de inflação para setembro zerada e desaceleração da taxa para outubro.
Fonte: Projeções calculadas autora a partir dos dados do IBGE
Neste cenário, a expectativa para a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, na reunião dos dias 20-21 de setembro, ganha força, com a tendência de fechar o ano na atual taxa de 13,75% a.a.
Para confirmar essa expectativa, além das menores pressões inflacionárias, as negociações das opções do Copom da última sexta-feira, 02/09, trouxeram uma probabilidade de manutenção da Selic de 78% e de 16% para o aumento de 0,25 ponto percentual (queda de 2 pontos percentuais frente ao dia anterior).
Fonte: B3 (BVMF:B3SA3)
O que interessa para o investidor
Assim, o que o investidor precisa saber é que a escalada dos juros no Brasil tem chegado ao fim e, sem dúvida, a próxima expectativa é quando começa o corte de juros. Na minha visão, o cenário de atividade segue aquecido, conforme verificado no PIB brasileiro na semana passada, assim, acredito que estaremos com o cenário dos juros no atual patamar pelo menos nos próximos dois trimestres pela frente.
Contudo, vale lembrar que o novo ciclo, de manutenção, já começou a trazer oportunidades nas diferentes classes de investimentos, especialmente na renda fixa, com as taxas futuras de juros cedendo em toda a curva nos últimos dias.
Dessa forma, ainda que o cenário internacional requer cautela, as oportunidades desse novo ciclo não devem ser deixadas para trás e vale, sempre, o bom discernimento do investidor frente aos objetivos de curto e médio prazo para aproveitá-las.