Os principais destaques da agenda econômica local na semana serão o índice de atividade do Banco Central (IBC-Br) e o IPCA-15, prévia da inflação oficial de abril, que sairá na sexta-feira, dia 20. As atenções no mercado doméstico, segundo analistas, estarão voltadas principalmente para o ambiente político interno e, tanto no Brasil como no resto do mundo, serão acompanhados os desdobramentos das ações militares deflagradas pelos EUA, Grã-Bretanha e França contra a Síria. Já nesta segunda-feira, serão conhecidos indicadores importantes, como o IGP-10 relativo a abril, além do IBC-Br referente a fevereiro. Poderão sair ainda, mas sem data definida, números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e dados de arrecadação federal, ambos relativos ao mês de março.
Previsões de inflação comportada, com IPCA-15 na casa de 0,25% no mês
Na avaliação dos analistas do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Bradesco, os indicadores apresentados ao longo da semana devem reforçar o cenário de inflação comportada e de atividade em recuperação consistente, ainda que gradual. Para o IPCA-15, segundo relatório destinado a clientes, o Depec espera alta de 0,27%, com núcleos comportados e alimentos saindo da deflação, mas em ritmo lento. Para o IGP-10, a projetação é de alta de 0,49% em abril. O repasse para o consumidor final, dizem os analistas, continua sendo limitado e a trajetória recente de descompressão do núcleo do IPA (Índice de Preços do Atacado) industrial deve trazer alívio adicional, contribuindo para o cenário positivo de inflação.
Índice de atividade do Banco Central deve mostrar queda em fevereiro
Após os fracos desempenhos da produção industrial, das vendas no varejo e do volume de serviços, o IBC-Br de fevereiro, na visão da equipe do Bradesco (SA:BBDC4), deverá registrar queda de 0,4%, refletindo um cenário de moderação da atividade no começo do ano. Já para os analistas do Banco Fator, o indicador de atividade medido pelo Banco Central deverá apontar queda de 0,2% no mês e alta de 2,0% no ano.
De olho no PIB da China, inflação na Europa e atividade nos EUA
No âmbito internacional, tanto a Rosenberg Associados como o Banco Fator e o Depec-Bradesco vêem como destaque a divulgação do PIB chinês do primeiro trimestre que, na avaliação do Bradesco, deve mostrar crescimento robusto. Já os dados norte-americanos de produção industrial e de vendas no varejo de março, segundo os analistas do Bradesco, deverão corroborar a visão de desaceleração moderada, mas ainda em ritmo de expansão saudável. No Reino Unido, destaca a equipe, apesar da expectativa de arrefecimento na variação mensal, a inflação ainda deverá permanecer acima da meta, reforçando a expectativa de alta de juros pelo BC em maio. Esses analistas lembram que também serão divulgadas as primeiras sondagens de abril nos países desenvolvidos, as quais poderão já refletir negativamente o impacto do aumento das tensões comerciais.
Pesquisa eleitoral mostra cenários após prisão de Lula
No cenário político interno, a semana deverá iniciar com as repercussões da pesquisa Datafolha para a presidência da República. Publicada neste domingo, 14, na Folha de S. Paulo, ela já foi feita após a prisão do ex-presidente Lula (PT) e mostra o petista mantendo-se na frente, mas em queda nas preferências do eleitorado, e um quadro desfavorável a Geraldo Alckmin (PSDB) e aos aliados do governo Temer. O levantamento apresenta diversos cenários, desde a preferência dos eleitores até a percepção dos fatos envolvendo Lula, sinalizando um quadro eleitoral muito indefinido. A pesquisa trouxe o nome de Joaquim Barbosa, que se filiou ao PSB e pode disputar a presidência, complicando ainda mais o quadro dos candidatos de centro, em especial Alckmin.
Segundo os números do Datafolha, Lula recuou de 37% (levantamento de janeiro) para 31%, o que provavelmente não mudará a disposição do PT de manter a candidatura dele e a mobilização em favor da libertação de seu líder. Se espera ainda, para os próximos dias, que a prisão de Lula em Curitiba possa ser alvo de polêmica, com a possibilidade de sua transferência para outro local, sob alegação de que o acampamento montado por sindicalistas e simpatizantes do ex-presidente atrapalharia o trabalho da Polícia Federal.
Nos cenários sem a candidatura do PT, Jair Bolsonaro (PSL) e Marina Silva (Rede) dividem a liderança. Abaixo estão Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Joaquim Barbosa (PSB), tecnicamente empatados. Todos estão à frente do presidente Michel Temer e o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, indicando um quadro difícil para o MDB.
O Datafolha avalia ainda o índice de aprovação da gestão de Alckmin no governo de São Paulo, registrando oscilação positiva de apenas 2% em relação a dezembro – 36% contra 34%. A baixa intenção de votos em Alckmin poderá aumentar a preocupação dos aliados do tucano com o futuro da sua candidatura.
Outro foco de atenção dos tucanos é o julgamento do senador Aécio Neves e de sua irmã, Andrea Neves, na Primeira Turma do STF, por crime de corrupção passiva, marcado para terça-feira, dia 17.