Os mercados abriram nesta segunda-feira cautelosos, mas otimistas, com as bolsas de valores no Brasil e no exterior, em alta e o dólar, na mesma toada. O dia foi de “tomada de risco” no Brasil, com o ajuste sobre como os mercados internacionais, que operaram na sexta-feira passada em alta, quando em São Paulo foi feriado. O Ibovespa operou no azul ao longo do dia, superando a volatilidade dos dias anteriores e subindo 1,73%, a 127.593 pontos. Já o dólar seguiu pela mesma toada, em baixa de 1,25%, a R$ 5,1740. Contribuiu para isso os anúncios de IPOs e de que a reforma tributária deve vir mais branda do que o esperado, o que ajudou a reverter um pouco a fuga de recursos.
Na agenda desta semana, no Brasil o ambiente político conturbado, pesquisas Datafolha negativas ao presidente e reformas estruturais em compasso continuam a nortear os movimentos dos investidores, mesmo depois de deixadas de lado nesta segunda-feira.
Nos EUA estejamos atentos à temporada de balanços corporativos, aos depoimentos do presidente do Fed, Jerome Powell, na quarta e quinta-feira, e a alguma cautela com o “espalhamento” da variante Delta do Covid19 pelo mundo. Atenção também deve ser dada aos índices de inflação nos EUA, Zona do Euro e China. Uma boa notícia neste último foi a redução do compulsório em 50 pontos básicos, a partir do dia 15 de julho, o que deve sustentar sua economia. São recursos a serem mantidos nos balanços dos bancos, proporcionalmente, aos depósitos totais.
Sobre a reforma tributária é grande a expectativa sobre o novo texto, nesta terça-feira, do relator do projeto, deputado Celso Sabino. Comenta-se sobre a “reformatação” de propostas mais amenas, como a redução do IRPJ entre 7,5 a 10 pontos percentuais, logo no ano que vem, e não só em 2022, e a redução da carga de impostos sobre lucros e dividendos, recuando de 20% a 15%. Para isso, o governo deve anunciar o corte em torno de até R$ 40 bilhões em subsídios. Fala-se no fim da isenção para xarope de refrigerante na Zona Franca de Manaus e da isenção do Regime Especial da Indústria Química.
Outra novidade deve ser o repensar sobre a taxação de fundos imobiliários, a ser reduzida de 20% a 15%. Não descartamos também que este debate seja adiado para depois do recesso (a se iniciar dia 18) em agosto.
Ontem, ao fim do dia, o presidente Jair Bolsonaro realizou uma entrevista em que reiterou seu “alinhamento” com o Senado e a Câmara, além do esforço de reaproximação com o STF de Luiz Fux. Ontem, ele teve uma audiência com presidente da casa e, parece-me, foi “alertado” sobre suas declarações “destemperadas” em confrontação com parte do Congresso (membros da CPI) e o presidente do TSE (Luís Roberto Barroso).
Uma observação. O que chama atenção é que o presidente, no Senado, se confronta, mais uma vez, com um político em campanha, desta vez Rodrigo Pacheco, se movimentando para ser candidato à presidente (dizem que Rodrigo Maia também tinha esta ambição). Se esta candidatura vai se “cristalizar” ou se transformar em moeda de troca não sabemos.
Em paralelo, corre o processo de ratificação do nome de André Mendonça para a vaga de Marco Aurélio Mello no STF. Ao que parece ele se coloca “meio sem um padrinho” no Congresso, apenas “bancado” pelo presidente. E hoje são retomadas as oitivas da CPI da Covid.
No Congresso, com a necessidade da aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) para início do recesso no dia 18 de julho, a Comissão Mista de Orçamento pode votar, nesta terça, o relatório final do deputado Juscelino Filho (DEM-MA) sobre o projeto que trata da LDO.
Sobre a agenda de indicadores, nesta terça-feira serão divulgados dados do setor de Serviços de maio, com expectativa de alta 21,3% contra o mesmo mês do ano passado, voltando a “pegar tração” após as medidas de restrição social. Adicionalmente, na quarta-feira, teremos o IBC-Br também de maio, na expectativa de alta de 1,10%, refletindo resultados setoriais positivos, e, na sexta-feira, o IGP-10 em alta marginal, de 0,2% em julho.
No exterior, destaque nesta terça para o CPI de junho nos EUA. Espera-se 0,4%, com desaceleração em junho, mas ainda em patamar elevado. A ata da semana passada mostrou uma “divisão” entre os diretores do Fed. De um lado, os mais hawkish, que consideram as condições dadas para o início do “tapering”; do outro, os mais dovish, que visualizam os dados mais recentes como “ambíguos”, não permitindo um diagnóstico mais preciso sobre as condições econômicas.
Neste contexto, os dados econômicos a serem divulgados até a próxima reunião da autoridade monetária, no final de julho, ganham em importância. Nesta terça temos a divulgação do CPI, e na quarta-feira o PPI e o Livro Bege. Caso estes dados surpreendam, podem corroborar com os membros mais hawkish e pressionar a decisão para as próximas reuniões. Caso contrário, ganha a versão de que as pressões inflacionárias são transitórias. Em adição, dados de atividade são divulgados nesta semana, como a produção industrial na quinta-feira e as vendas no varejo na sexta.
Na China, depois do corte de 0,5 p.p. no compulsório bancário, a preocupação de desaceleração da economia pode ser reforçada pelos dados macroeconômicos, divulgados nesta semana. Na segunda-feira para terça-feira tivemos a balança comercial de junho e este resultado pode movimentar os preços das commodities HOJE. As exportações devem desacelerar de 27,9% para 23,0% ao ano e as importações, de 51,1% para 29,5%.
Contudo, o destaque da semana fica na quarta-feira à noite, com o PIB do segundo trimestre, que deve apresentar alta marginal de 1,0% no trimestre contra o anterior e de 8,0% contra o mesmo do ano passado (desacelerando de 18,3%), as vendas no varejo devem refletir uma demanda ainda reprimida, de 12,4% para 10,8% contra junho do ano passado, e a produção industrial, pelo desbalanceamento das cadeias produtivas, deve recuar de 8,8% para 7,9% em junho.
Na Zona do Euro, depois da decisão na última quinta-feira do Banco Central Europeu de colocar 2% como a nova meta de inflação, o mercado deve ficar atento à inflação ao consumidor na sexta-feira. Em seu discurso, a presidente da instituição, Christine Lagarde, afirmou que “flutuações de curto prazo não serão priorizadas em sua condução de política monetária, garantindo que dados inflacionários mais pressionados no curto prazo não mudam o direcionamento da política monetária do comitê”.