A semana começa e pode ser de grande importância para a consolidação dos movimentos nos mercados de risco do mundo e do Brasil. São vários os eventos na iminência de acontecerem, felizmente com viés mais para positivo que negativo, mas que contém alguma dose de incerteza.
Do lado externo, teremos a reunião do FOMC do FED já em 19 de março, sobre política monetária, onde pode ficar ainda mais claro para os participantes a atitude dovish (mais suave) dos membros do FOMC em elevar juros e atuar sobre o tamanho do balanço patrimonial do FED. As incertezas reinantes no cenário global devem tolher a atuação do FED no sentido de normalizar a política monetária e acabam dando força para que outros bancos centrais trilhem caminhos semelhantes.
Bem verdade que alguns bancos centrais já estão nessa vibe, e como exemplo citamos reuniões havidas onde as políticas monetárias forma mantidas e até flexibilizadas novamente, como no caso do BCE (BC europeu) e do PBoC (BC Chinês), passando pelo BoJ, o BC Japonês.
Outro evento diz respeito ao Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, depois de todos os sustos da última semana (de 11 a 15 de março) passada com diversas votações no parlamento britânico. De tudo, acabou redundando que Theresa May, primeira ministra, deve tentar formatar novo acordo, depois de pedido de adiamento de início do processo pelo menos até 30 de junho. Segundo expectativas internacionais
Theresa May deve levar outra votação ao parlamento britânico se, e somente se, tiver apoio suficiente de membros do partido conservador. A chance de uma terceira minuta de acordo ser rejeitada ainda é alta, mas a ideia central é de não sair sem acordo algum, o que seria quase uma catástrofe para a região e Reino Unido.
Do lado doméstico, temos a viagem do presidente Jair Bolsonaro aos EUA para encontro com Donald Trump. Esse é um fato positivo, mas existe um risco de o presidente expressar sua visão sobre as relações com os chineses, nosso principal parceiro comercial, e que está sendo colocado em corner pela política de Donald Trump. O encontro irá correr em 19 de março.
Teremos ainda o possível encaminhamento da reforma da Previdência dos militares, possivelmente em 20 de março, que pode dar início as discussões na CCJ, primeira etapa da longa tramitação da Nova Previdência no Congresso Nacional. Paulo Guedes tem sido bastante duro em fixar a necessidade de economia fiscal da ordem de R$ 1,0 trilhão em dez anos, base, inclusive, para mudar o modelo para capitalização. Nesse momento, Paulo Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, acham possível aprovar a reforma até o final do primeiro semestre, o que seria muito bom. Não no que ela possa ensejar de mudanças positivas no agregado macroeconômico, mas pelo fato de gerar mais credibilidade e capital político para a realização de outras reformas igualmente importantes.
Teremos ainda nova reunião do Copom, dessa feita já presidida pelo novo líder, Roberto Campos Neto. Expectativa é de linha similar à adotada por outros importantes bancos centrais, mas por motivo diverso. No Brasil, apesar da inflação em alta nos indicadores mais recentes, não há grande chance de termos sustos, exceto se a reforma da Previdência começar a desidratar muito e/ou demorar muito para ser aprovada. Ao contrário, se olharmos pela ótica da economia, a recomendação poderia até ser de reduzir a taxa Selic, dado que a inflação está controlada e os indicadores de conjuntura estão perdendo tração. Mas também não deve acontecer, o que significa Selic estabilizada por longo tempo.
Fora isso, os olhos dos investidores estarão voltados para a reforma da Previdência e ruídos produzidos. Com o Ibovespa já com nova máxima em 18 de março, a Bovespa descortina chances ainda maiores de alta.