Volatilidade foi a principal característica do mercado de câmbio ao longo da semana passada e o real foi a moeda emergente que mais se favoreceu. O tom mais duro da Ata do Copom somado à expectativa de que os EUA não devem subir juros tão cedo foram os principais motivos para esse alívio. Contudo, vale destacar que o nível da taxa de câmbio ainda é bastante elevado e a tendência continua sendo de alta, já que os imbróglios fiscais não foram totalmente costurados.
O dólar aprofundou as perdas em relação ao real na sexta-feira, a moeda caiu 2,12%, com os investidores digerindo dados de emprego dos Estados Unidos melhores do que o esperado enquanto continuavam monitorando o noticiário fiscal doméstico. No âmbito doméstico, a incerteza fiscal continuava no radar, em meio a planos do governo de financiar auxílio financeiro de 400 reais para a população vulnerável, vista como fator de pressão negativa para o real.
A melhora do mercado de trabalho americano veio após diminuição dos casos de covid-19, o que aponta para uma aceleração da recuperação econômica após perda do vigor no terceiro trimestre, quando o PIB dos EUA subiu 2% em relação ao trimestre anterior, uma desaceleração em relação aos 6,7% do segundo trimestre e abaixo da estimativa de 2,7% do mercado. A economia dos EUA criou 531 mil empregos não-agrícolas em outubro de acordo com o Payroll. A taxa de desemprego caiu para 4,6% da força de trabalho, abaixo dos 4,8% de setembro. Os analistas esperavam uma taxa de 4,7%.O comunicado pós-decisão do Fed condicionou à revisão da intensidade do tapering de acordo com a evolução da atividade econômica. A taxa de juros nos EUA continua no intervalo entre 0% e 0,25%, com previsão de início de alta para o fim de 2022, após a retirada total dos estímulos.
O ano que vem tende a ser de desaceleração no crescimento agregado mundial, com taxas mais próximas dos níveis estruturais. Além disso, a política fiscal americana deve ser menos expansionista.
As vendas no varejo da zona do euro registraram queda inesperada em setembro uma vez que a Alemanha, maior economia do bloco, teve desempenho fraco, bem como as vendas fora do setor de alimentos.
Aqui no Brasil, com a inflação em doze meses em dois dígitos e o pagamento de um novo programa social, chamado de Auxílio Brasil, para substituir o Bolsa Família, a expectativa é que um reajuste fiscal para diminuir o déficit nas contas públicas ocorra apenas em 2023, após as eleições. A PEC dos Precatórios, que altera regras do teto de gastos, não é vista com bons olhos pelos mercados financeiros, uma vez que é considerada prejudicial para a credibilidade fiscal do país. Mesmo assim, a proposta passou a ser vista como a melhor saída possível para a incerteza que têm dominado os mercados nas últimas semanas em meio à pressão do governo por mais gastos.