Iniciamos a semana focados na agenda política, embora a econômica não fique muito atrás, dada a divulgação do IPCA de maio na quarta-feira, as vendas de varejo e de serviços no Brasil, importantes prévias sobre o que deve ser decidido no Copom da semana seguinte. Teremos também sinalizações das políticas monetárias no mundo, na divulgação de variados indicadores de inflação e atividade nos EUA, Europa e China. Acontecem reuniões do BCE, BC do Canadá, e de diversos países emergentes, como Chile e Rússia.
No Brasil, o crescimento do PIB segue em revisão, não descartando para este ano crescimento mais próximo de 6% do que de 5%. Isso acontece depois da divulgação do PIB do primeiro trimestre, mostrando bom dinamismo, com crescimento de 1,2% contra o trimestre anterior e 1% contra o mesmo trimestre do ano passado. Neste desempenho, destaque para os investimentos e o consumo das empresas, com o consumo das famílias e do governo “meio de lado”.
Isso posto, observamos a bolsa de valores “rompendo” recordes diários e o dólar, testando o piso de R$ 5,00. Como a diferença de juro interno e externo segue elevada, o ingresso de recursos estrangeiros é intenso, derrubando o dólar.
Isso impulsiona, também, as empresas brasileiras a emitirem dívidas corporativas, como vimos na última semana com a Petrobras (SA:PETR4). Estimula também a ocorrência de IPOs, que devem começar a aparecer, dada a “janela de oportunidade”, com o rally da bolsa de valores.
Na semana não teremos discursos dos membros do FOMC e do COPOM, já que o período é de black-out, quando os membros não podem se pronunciar, pois na semana seguinte teremos reuniões destas instituições, com a divulgação das respectivas taxas de juros.
Na esfera política, a semana é movimentada pela CPI da Pandemia no Senado. Um dos depoimentos marcados é mais uma vez do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
No Senado, destaque para a MP da Eletrobrás, que pode ser votada na quinta-feira (dia 10). Lembremos que como é uma MP, possui prazo para ser votada, até o dia 22, sob o risco de perder validade (“caducar”). Na terça-feira, dia 08/06, o PSDB deve discutir as regras das prévias, marcadas para novembro, para decidir o candidato à presidente da legenda.
Arthur Lira promete definir um calendário para a Reforma Administrativa com os líderes partidários. Sobre esta, estejamos atentos, pois o presidente Bolsonaro já deixou nas “entrelinhas” não estar interessado em votá-la com pressa, por mexer com os servidores em período pré-eleitoral. Sobre a reforma tributária, de certeza temos que será fatiada, com a primeira etapa a fusão do PIS Confins pela CBS. Ainda temos debates sobre uma reforma dos impostos que incidem sobre o consumo, as alíquotas do Imposto de Renda, a fusão do IPI e do ISS, dentre tantas demandas.
Iniciamos a semana, também, repercutindo a eleição no PERU, com a possível vantagem da candidata Keiko Fujimori, contra o candidato populista Pedro Castillo. Dois extremos, de direita e esquerda, com a filha do ex-presidente Fujimori, pegando 30 anos de cadeia, se eleita, prometendo uma anistia ao pai. Pelo lado das esquerdas, um candidato do campo, do interior do PERU, surgido das profundezas dos Andes, professor e ligado aos sindicatos. Muitos o veem seguindo o mesmo caminho de Evo Moralles na Bolívia e Rafael Correa no Equador. Muito populismo, muita corrupção, não que Keiko também não represente isso.
Pesquisas “rodadas” em Lima, pelo IPSOS, indicavam Keiko com 50,3% contra Castillo, com 49,7%. Uma eleição muito “apertada”, disputada no detalhe, meio que repetindo o que acontece em muitos países hoje em dia, na disputa entre “extremos”. Existe no Peru, de fato, uma “barreira”, entre os “cholos”, os nativos, do interior profundo do país, e os que vivem na grande capital peruana, Lima.
Lembremos que nas últimas eleições, Keiko também disputou, mas perdeu para Ollanta (PPK) por POUCO e agora sua vantagem também é apertada, 0,6%, o que deve levantar muita polêmica e até a exigência de recontagens.
É o fenômeno do populismo. Eleições muito disputadas, entre candidatos da extrema esquerda e da direita, não sabendo qual mais “inconveniente”, com discursos delirantes, de difícil cumprimento. No entanto, imaginem, até Mario Vargas Llosa, o Nobel de Literatura peruano, receoso da bandeira populista de Castillo, apoia Keiko Fujimori. Imagina que Vargas Llosa já travou uma batalha eleitoral com Fujimori nos anos 90.
Retornando ao Brasil, na semana como um todo o debate sobre a extensão do auxílio emergencial deve ganhar força. Já se comenta que o programa Bolsa Família deve ser reformulado, com destaque para o nome alterado e o montante a ser distribuído entre os mais pobres.
Na segunda-feira, dia 07/06, a MP 1034/20, que aumenta a CSLL para os bancos e acaba de forma gradual com o Reiq, benefício tributário para o setor petroquímico, começa a ser analisada pelo Senado.
Na terça-feira, dia 08/06, como já dito, a CPI da Pandemia do Senado ouve o depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, fala na Comissão do Trabalho da Câmara sobre orçamento paralelo. E acontece a reunião da Executiva Nacional do PSDB, debatendo a proposta para as prévias do partido, marcadas para 21 de novembro.
Na quarta-feira, dia 09/06, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), relator da MP da Eletrobrás, deve apresentar seu relatório. Na CPI da Pandemia do Senado temos o depoimento do ex-secretário de Saúde Élcio Franco.
Na quinta-feira, 10/06, o presidente Jair Bolsonaro promove sua live, às 19h, para apresentar o seu balanço da semana; o Senado pode votar a MP que trata da privatização da Eletrobrás; a CPI da Pandemia do Senado ouve o depoimento de Wilson Lima, governador do Amazona; e o Supremo Tribunal Federal (STF) discute a possibilidade de cancelamento de registro de empresas tabagistas pelo não pagamento contumaz de tributos.
Na sexta-feira, 11/06, a CPI da Pandemia do Senado promove debate com médicos e cientistas.
No cenário internacional, estejamos atentos à leitura da inflação nos EUA (CPI de maio) e o mercado de trabalho na quinta-feira, podendo impactar nos rendimentos (yields) do Tesouro norte-americano nessa semana pré-reunião do FOMC/FED. É semana também de decisão sobre a taxa de Juros do BCE e de decisão sobre a taxa de Juros de outros países emergentes, destaque para a Rússia. Teremos o crescimento do PIB no Japão e na Zona do Euro. Na China, destaquemos o CPI e a balança comercial.
Boa semana e bons negócios!