Uma semana carregada com variados indicadores de atividade no mundo, IPCA-15 no Brasil, muitos discursos de autoridades monetárias, atas do Copom no Brasil e de política monetária no Japão, além de relatório do BCE e aprovação da MP da Eletrobras (SA:ELET3), talvez nesta segunda ou, no mais tardar, na terça-feira, ultimo dia da Medida Provisória. Será uma semana também importante em que os países redefinirão suas estratégias contra a pandemia, o ciclo de vacinação e a necessidade de manter lockdowns (ou não), dada a presença da variante indiana Delta.
Em Lisboa, por exemplo, esta foi responsável por 60% dos contaminados nestes dias. Por isso, o “fechamento” nos fins de semana, com as pessoas não podendo entrar, nem sair da capital portuguesa. Por lá o sinal amarelo acendeu depois das mortes aumentarem por estes dias, em sua maioria, na grande Lisboa. Importante que se diga que a cidade vinha liberando, saindo do processo de confinamento. Muito se via, inclusive, pessoas sem máscara pelas ruas. Agora, prudencialmente, um freio de arrumação se fez necessário. Importante, aliás, destacar o excelente trabalho das autoridades públicas portuguesas no enfrentamento, desde o início, da pandemia. Pelo ineditismo da situação, erros podem ter sido cometidos, mas logo corrigidos. Não houve espaço para brigas, ou bate-bocas de autoridades, frente ao público (algo tão comum no Brasil).
Por aqui, continuamos um país deflagrado, irresponsavelmente, ou criminalmente, com sinais trocados e discursos conflitantes sobre como encarar a pandemia. Quando o momento “clama” por unidade e coordenação, o que vê é justamente o contrário ! Negar a necessidade do uso de máscaras, do isolamento social e da urgência das vacinas, na nossa opinião, é crime e, em algum momento, terá que ser responsabilizado.
Não cabem aqui versões, opiniões, crenças, fanatismos ou negacionismos. Devem ser adotadas estratégias e ações públicas que o mundo consagrou e estão dando certo (na medida do possível). Defender “imunidade de rebanho”, num quadro de 502 mil mortes, é CRIME DE RESPONSABILIDADE. Apenas isso.
Sobre os indicadores desta semana, estejamos atentos à ata do Copom na terça-feira, o IPCA-15 de junho e uma variada gama de eventos no Congresso.
Falando da ata é possível que tenhamos a justificativa para a necessidade da “intensificação” no ciclo de ajustes da Selic nas próximas reuniões, já que a inflação se mostra resiliente e acontece uma crise hídrica no País. Por isso, o IPCA-15 de junho vir próximo de 1%, elevando em 12 meses a mais de 8%. Isso deve confirmar ao Banco Central um ciclo mais intenso de ajustes da Selic por estes meses. Estejamos atentos também aos dados do Caged e de Confiança na semana.
Nos EUA, teremos mais uma revisão do PIB no 1º trimestre, em torno de 4,6% pela taxa anualizada, o PCE, indicador parâmetro pelo Fed para a medição dos preços dos gastos das famílias norte-americanas, além do indicador de confiança de Michigan, PMI Industrial, Confiança do Consumidstidor, dentre outros.
Nos discursos dos diretores e autoridades monetárias, iniciamos nesta segunda-feira com Christine Lagarde, presidente do BCE, à tarde Williams, diretor membro do Fomc. Na terça-feira, o discurso de Mary Daly e de Jerome Powell do Fed. Na quarta-feira, Bownman e Bostic e na quinta-feira, Williams de novo.
Em todos estes, toda atenção para as sinalizações do “momento ideal” para a retirada dos estímulos e o início do ciclo de aperto monetário (“tapering”). Os indicadores econômicos norte-americanos também devem ser “monitorados com lupa”. Embora tenhamos a economia “rodando de forma desigual”, ou “insuficiente”, a inflação parece mais elevada do que o esperado, justificável pela “reabertura” da economia e a “assincronia dos setores e empresas” em responder à demanda. Alguns setores enfrentam a falta de insumos, como os circuitos eletrônicos para os carros na indústria automobilística. Isso explica o encarecimento dos carros novos e também dos usados.
Importante estar atento também, pois esta semana será a penúltima do semestre, importante para os leilões do tesouro norte-americano e do Tesouro e BACEN brasileiro (na terça e na quinta-feira). Todos estão prevendo mudanças fortes nos rendimentos dos títulos públicos globalmente.
No Brasil, chama atenção o debate sobre a crise hídrica e as movimentações de reajuste de tarifa de energia, já em “bandeira vermelha fase 2”, a mais extrema, devido ao uso intensivo das termelétricas. Isso pode mudar o rumo da inflação neste ano, pela intensisade do choque de energia, alterando o ritmo de ajustes da Selic. Como já dito acima, acreditamos numa intensificação dos ajustes neste ano, até chegar a 6,25% ou 6,5%, mas acompanhando de perto o IPCA.
A semana deve ser importante também pela definição da política de extensão do auxílio emergencial e no aumento do Bolsa Família. Comenta-se que este aumento do Bolsa Família deve chegar a R$ 300 e se prolongar até o ano que vem.
Outras novidades na semana merecem registro. Vamos a elas.
MP da Eletrobras. Será aprovada hoje, segunda-feira (dia 21) ou amanhã (dia 22), último dia de prazo para que a MP tenha validade e não “caduque”. Não teremos alterações. Deve vir com as alterações do Senado. Saíram alguns “jabutis”, foram mantidos outros.
Desburocratização do ambiente de negócios (MP 1040/21). Tem por objetivo "modernizar e desburocratizar o ambiente de negócios". A proposta promove diversas mudanças na legislação para simplificar a abertura de empresas, facilitar o comércio exterior e ampliar as competências das assembleias gerais de acionistas;
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Discussão do Projeto de Lei Complementar 16/21, que unifica em todo o País as alíquotas do ICMS incidentes sobre combustíveis. A lista inclui gasolina, diesel, biodiesel, etanol e gás natural e de cozinha, além de vários outros derivados de petróleo;
Reforma Tributária. O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que a reforma deve começar a “andar” na Câmara nesta semana. A expectativa é de que um projeto, que trata do Imposto de Renda para pessoas físicas e jurídicas, deve ser apresentado na quarta-feira (dia 23). Esta é uma das etapas da reforma tributária, que tramitará em fases no Congresso.
Reforma Administrativa. A comissão especial deve ouvir o ministro da Economia, Paulo Guedes, na semana. Neste caso, repercute os boatos de que o presidente mandou que esta reforma ficasse de lado neste ano, pela proximidade das eleições de 2022.
CPI da Covid. Nesta semana, a CPI ouvirá na terça-feira (22) o deputado federal Osmar Terra (MDB/RS); na quarta-feira (23), o médico Francisco Emerson Maximiano; na quinta-feira (24), o assessor especial da Presidência da República, Filipe Martins; e na sexta-feira (25), o epidemiologista e ex-reitor da UFPEL, Pedro Hallal, e a médica e ex-diretora-executiva da organização Anistia Internacional, Jurema Werneck.
Nos mercados globais, nesta segunda-feira, os asiáticos operaram em forte queda, refletindo temores sobre as mudanças no transcurso da política monetária do Fed. Nos futuros norte americanos, a bolsa S&P 500 avançava 0,2% e Dow Jones e Nasdaq recuavam 0,2%. Nos mercados de commodities, o Petróleo WTI avançava 0,3% e o Brent +0,4%. Nos metais, a prata avançava 0,1%, o ouro 0,8% e o minério de ferro recuava 4,0%.
Boa semana e bons negócios!