Na semana passada o mercado fechou em boa alta, mas cauteloso, diante dos acontecimentos na “seara política”. A CPI da Covid segue capitalizando as atenções, tivemos o super pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro e a abertura de inquérito, por parte da Procuradoria Geral da República. Serão estes fatos, aliás, a nortearem os mercados nesta semana.
Na agenda econômica estejamos atentos aos dados de vendas de varejo pela PMC do IBGE, o IPCA e o debate em torno das reformas. No exterior, atenção para a ata do Fomc, os PMIs e os vários balanços corporativos.
Na semana passada, os dados da CAGED vieram positivos, com geração de 281 mil vagas formais em maio, quinto mês seguido na geração líquida positiva de vagas e décimo mês positivo em 11 meses, consolidando uma tendência de recuperação iniciada em meados do ano passado. Por outro lado, pelo IBGE, a taxa de desemprego da PNAD Contínua se manteve elevada, em 14,7% da PEA na média dos três últimos meses, o maior nível registrado desde 2012, quando do início da pesquisa.
Estes dois levantamentos, CAGED e PNAD Contínua do IBGE, aliás, trazem diferenças, como o primeiro só mostrar pessoas com carteira assinada contratadas, conhecidas como “formais”, enquanto o segundo mostrar também pessoas na informalidade, procurando emprego formal, ao contrário daquelas que “desistem”, em “desalento”.
Na bolsa de valores doméstica, sexta-feira (02) foi dia de alta, com o Ibovespa avançando 1,56%, a 127.621 pontos, impulsionado pelos bons ventos de Wall Street, depois dos dados “favoráveis” do mercado de trabalho norte-americano. Destaquemos que esta alta de sexta-feira acabou zerando as perdas da semana, acumulando 0,29% de alta. As três semanas anteriores haviam sido de queda. No ano, o índice do B3 (SA:B3SA3) acumula 7,23%, em alta de 0,65% neste início de julho.
Na geração de empregos urbanos dos Estados Unidos, pelo payroll de junho, foram 850 mil vagas a mais, 150 mil acima do esperado. Já os ganhos salariais e as horas trabalhadas acabaram abaixo do projetado, com a taxa de desemprego a 5,9% da PEA, pelo aumento de pessoas procurando vagas. Estes dados acabaram importantes, por reduzir a pressão sobre os receios com a inflação, permitindo a queda dos juros longos norte-americanos. O rendimento dos Treasuries de dez anos caiu de 1,48% ao ano na quinta-feira para 1,431% no fim da tarde de sexta, bem abaixo do 1,54% do fim da semana anterior. Decorrente disso, as bolsas de valores de NY fecharam em alta e o dólar recuou no exterior, com o índice DXY perdendo 0,38% no dia e reduzindo a alta na semana para 0,43%.
Já no Brasil, o dólar, depois da forte alta no dia anterior, abriu em queda na sexta-feira (dia 02), oscilou 10 centavos, entre a máxima de R$ 5,07 e a mínima de R$ 4,98, para fechar em suave avanço de 0,15%, a R$ 5,0569. Na semana a alta foi de 2,34%.
Nos eventos políticos em destaque, o pedido de inquérito na PGR se justificaria pela suspeita de prevaricação no caso das negociações da vacina Covaxin da Índia. Desgastam também as negociações denunciadas pelo “negociador”, o PM Luiz Paulo Dominguetti, do pedido de propina de um dólar por dose para a Astra Zeneca. Para piorar, tivemos fortes manifestações contrárias ao governo pelas ruas nas principais capitais do País neste fim de semana.
Na reunião da Opep, a terminar nesta segunda-feira, ainda não foi solucionado o impasse entre os Emirados Árabes e os demais membros do grupo, sobre a extensão do corte na produção até fins de 2022.
Três possibilidades estão na mesa: (1) mais conversas e finalmente resolução; (2) manter os tetos atuais, sem aumento de produção em agosto; e (3) uma análise da coesão Opep.
Antes dos Emirados Árabes gerarem o impasse atual, havia na Opep um acordo pelo aumento da produção em 400 mil barris ao dia, entre agosto e dezembro, para reduzir o preço do petróleo em meio ao ambiente atual de reaquecimento da economia global. Mais uma reunião é esperada nesta segunda-feira, as 15 horas, horário de Viena, para se tentar um consenso.