Iniciamos a semana focados na reunião do Fed na quarta-feira, no Brasil, com a temporada de balanços e os ruídos políticos de sempre. Manifestações contrárias ao governo, neste fim de semana, em várias capitais, foram intensas e, tudo leva a crer, que teremos greve de caminhoneiros nesta segunda-feira, mas com adesão fraca. Na agenda de indicadores, destaque para os dados externos, fiscais e de emprego no Brasil; reunião do Fed, crescimento do PIB e PCE nos EUA e crescimento do PIB na Zona do Euro.
A greve dos caminhoneiros teve início nesta madrugada de domingo para segunda-feira, com a mobilização em pelo menos nove Estados (RS, SC, PR, interior de SP e litoral, RJ, MG, PR, BA e RN). Cerca de 1,2 milhão de caminhoneiros devem aderir e a preocupação são os vários bloqueios nos fluxos das rodovias, algo previsível. Entre as demandas dos caminhoneiros: o julgamento de constitucionalidade do piso mínimo de frete pelo STF, o fim da política de paridade da Petrobras (SA:PETR4) e a unificação do ICMS do diesel e anulação de multas aplicadas aos caminhoneiros na greve de 2018.
No cenário externo, a moeda virtual bitcoin deu uma “esticada” nesta madrugada de domingo na Ásia, subindo mais de 15%, a US$ 40 mil. Na Tunísia, o presidente deu um autogolpe e anunciou a suspensão de parlamento, assim como a demissão do primeiro ministro Hicham Mechichi.
Nos mercados de ativos, tudo leva a crer que será uma semana agitada, destacando a reunião de política monetária do Fed, vários balanços corporativos importantes e alguns indicadores econômicos cruciais, tanto no exterior, como no Brasil. Por aqui, a temporada de balanços deve chamar atenção, com empresas relevantes, como Ambev (SA:ABEV3) e Vale (SA:VALE3), divulgando seus resultados do segundo trimestre. Estejamos atentos, como sempre, aos ruídos políticos, gerados pelo presidente da República e seus opositores. Afinal, desde sempre, já estamos em campanha política e tudo dito tem conteúdo eleitoral. Uma vergonha!
Na reunião do Fed desta quarta-feira, o grande insight será achar “alguma pista” sobre o “timing ideal” para o início do tapering na política monetária dos EUA. Ao que parece, os diretores regionais do Fed e o “presidente”, Jerome Powell, não se entendem sobre isso. Interessante observar que a inflação se mostra resiliente, por estes tempos, realmente, em função da reabertura da economia, sendo destaque os segmentos de carros novos e daí, usados, onde faltam insumos. Nestes, falta supercondutores, chips usados nos carros, o que atrasa a produção, “estrangula” a oferta e eleva os preços, tantos de carros novos, em produção atrasada, como na oferta de usados, mais demandados.
Os investidores devem olhar com atenção os resultados das bigtechs (grandes empresas de tecnologia) e, na quinta-feira, a prévia do crescimento do PIB dos EUA no segundo trimestre, esperando-se um “pico de recuperação” pós-pandemia. Enquanto isso, na sexta feira, a zona euro deve divulgar uma série de dados, incluindo relatórios sobre a inflação, PIB e desemprego. No Brasil, destaques serão a taxa de desemprego, os dados externos e do setor público na sexta-feira.
Ainda sobre os EUA, Powell não parece convencido em definir um “marco temporal” para o início do ciclo de apertos monetários do Fed. Ao fim de março, na conferência anual em Jackson Hole, Wyoming, ao fim de agosto, teremos novos elementos, assim como na ata do Fomc, nos próximos dias.
Agenda. Na agenda norte-americana de indicadores, na segunda-feira os dados de vendas de casas novas, na expectativa que atinjam novas máximas, e na terça-feira, as encomendas de bens duráveis e a confiança do consumidor. Na quinta-feira, a primeira parcial do crescimento do PIB no segundo trimestre. Muitos ainda esperam um crescimento forte, de 8,6% anualizado. Isso marcaria a recuperação de toda a produção perdida em função da pandemia e poderia representar o pico da recuperação pós-pandêmica.
Na sexta-feira, temos os dados sobre renda e pessoal e gastos, no PCE, principal métrica do Fed para a inflação (Índice de Preços ao Consumidor e gastos pessoais). Na apuração de maio foi estável e agora deve ir a 0,1%.
Na Zona do Euro, os dados do PIB do segundo trimestre na sexta-feira dando aos investidores uma perspectiva sobre a força da recuperação econômica do bloco depois de uma “recessão dupla’, à medida que as vacinas são aplicadas. Enquanto isso, os dados da inflação, no mesmo dia, devem indicar que esta atingiu a meta de 2% do Banco Central Europeu (BCE) em julho. O BCE disse que pode permitir que a inflação supere temporariamente a sua meta quando for necessário um apoio monetário “especialmente forte ou persistente”. Na quinta-feira passada, a presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou que uma nova onda da pandemia do Covid19 poderia representar um risco à recuperação econômica da zona do euro, após de o banco ter sugerido um período ainda mais longo de apoio monetário durante a sua última reunião de política monetária.
No Brasil, a semana começa, nesta segunda-feira, com a Pesquisa Focus, após a confiança do Consumidor de julho. Na terça-feira, os dados do setor externo de junho serão conhecidos, com foco no saldo em conta corrente e nos investimentos externos diretos. Após a prévia da inflação oficial acima da previsão na última sexta-feira (0,72% pelo IPCA-15), na quarta-feira será conhecido o IPP da FGV, enquanto mais tarde serão conhecidos os dados de crédito doméstico, divulgados pelo BACEN, e o fluxo cambial estrangeiro. Outro dado de inflação, conhecido na semana será o IGP-M de julho na quinta-feira. A semana se encerra com a taxa de desemprego e os dados do setor público de junho, como a dívida pública e os resultados fiscais (primário).
No “circo político” de Brasília, o recesso parlamentar continua, sem muitas novidades na CPI da Covid, nem nos trâmites da reforma tributária (Imposto de Renda e a taxação de dividendos). Aguardemos a definição dos próximos passos no Congresso neste segundo semestre. De concreto, a reforma ministerial do presidente Jair Bolsonaro, com a recolocação do general Luiz Eduardo Ramos, saindo da Casa Civil, indo para a Secretaria Geral da Presidência, com a entrada do senador Ciro Nogueira (PP-PI), o que deve "melhorar a interlocução entre governo e parlamento, e maior aproximação com o Centrão". Por fim, novas polêmicas nos aguardam sobre o “fundo eleitoral”, cujo valor foi aprovado em R$ 5,7 bilhões pelo Congresso na semana passada. O presidente Bolsonaro prometeu que iria vetar esse valor.
Mercado. No Brasil, o Ibovespa fechou na sexta-feira em baixa de 0,87%, a 125.052 pontos, acumulando perdas de 0,72% na semana. O resultado acima do esperado do IPCA-15 de julho (0,72%) na sexta-feira aumentou a perspectiva de alta da taxa Selic em meio à concretização do cenário de fechamento do IPCA acima da banda superior de 1,5 ponto percentual da meta de inflação de 3,75% neste ano. Isso deve piorar a “curva de juro”, em INCLINAÇÃO, ou “reprecificação”, e esvaziar um pouco o mercado de renda variável. Por outro lado, se isso beneficiaria o real, frente ao dólar, não foi o que aconteceu na sexta-feira, com o mercado “meio receoso”, diante dos ruídos políticos de sempre. Ao fim do dia, o dólar fechou a R$ 5,2105 (-0,05%), depois de oscilar entre R$ 5,15 e R$ 5,23.
Boa semana a todos!