Nas últimas três ou quatro semanas, a pressão sobre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para a redução da taxa básica de juros aumentou. Se antes apenas algumas pessoas ligadas ao governo teciam críticas, hoje também vemos alguns empresários engrossarem o coro por uma Selic mais baixa. Contudo, a decisão de política monetária não acontece por uma simples vontade política. Ela depende de uma série de fatores que, combinados, criam o cenário de alta ou de queda.
No início do ano, quando falávamos dos ajustes necessários nas contas do governo, economistas diziam que seria preciso uma economia da ordem de 1% a 2% do PIB e, claro, previsibilidade fiscal.
O que tivemos foram anúncios de novos gastos com a apresentação do arcabouço fiscal em segundo plano. Felizmente, após algum frisson gerado pela Faria Lima, Fernando Haddad apresentou o projeto antes do que se esperava.
Eu mesma comentei este tema aqui, mas é importante reiterar que a nova âncora foi bem recebida pelos agentes econômicos, contudo, com a observação de que se tratava de algo frágil.
Isto porque ela age para que a dívida pública não exploda, mas sem fazer as lições de casa necessárias. Há quem diga, por exemplo, que a proposta é complexa e difícil de ser compreendida, especialmente, pelo investidor estrangeiro.
E é mais ou menos isso o que tem sido indicado pelo Banco Central. De acordo com o comunicado do Copom, ainda há incertezas em relação ao formato do arcabouço e, ainda que o cenário de inflação seja considerado mais benigno, é preciso ter “cautela e parcimônia”.
Diante deste cenário, é quase consensual entre os economistas que a Selic deve começar a cair em meados de agosto e setembro, ainda que as sinalizações da autoridade monetária não tenham dado a entender isso.
Portanto, todo o barulho que temos escutado na imprensa durante os últimos dias não passa de estratégia política do governo que tem no crescimento da economia a sua principal promessa de campanha.
Se eu fosse conselheira de Haddad, diria para ele que continue com a ideia de uma economia equilibrada, com responsabilidade fiscal sem esquecer o social. Os resultados estão acontecendo devagar - elevação da nota do Brasil e de algumas companhias listadas pela agência de classificação de risco, S&P - e, caso as lições de casa sejam feitas adequadamente, colheremos frutos importantes em um futuro não muito distante.
O dólar está abaixo de R$5 e a bolsa na casa dos 119 mil pontos. Já existem alguns analistas falando em “Bull Market” no Brasil.
É esperar para ver.
Do lado do investidor, gosto sempre de destacar a importância da diversificação, seja em momentos de bonança ou de crise. Ter um portfólio bem equilibrado ajuda o investidor, por exemplo, a não se preocupar tanto com as movimentações do campo político.
Momentos como o que vivemos hoje geram crises, mas, também oportunidades.
Até a próxima e bons negócios!