Os preços da gasolina e do diesel estão se afastando perigosamente dos seus valores internacionais e criam risco concreto para a comunicação do BCB que deve iniciar o corte de juros semana que vem.
O diesel está, segundo dados da ABICOM, 16% abaixo que estaria caso andasse com os preços internacionais. A gasolina está 20% aquém da paridade.
Que pese uma nova política de preços para os combustíveis feita pela Petrobras (BVMF:PETR4), a ausência de sinalização sobre o repasse criar dificuldades para a condução da política monetária no sentido de pegar a Autoridade Monetária “no contrapé”.
Imagine um eventual corte e sinalização de mais cortes na Selic e, logo após a reunião, a Petrobras resolve subir a gasolina. De duas uma, o mercado vai pensar:
1) que a Petrobras esperou a decisão do Copom para subir a gasolina e nesse caso tentou manipular o BCB, ou,
2) que a melhora do câmbio já chegou ao limite no que tange a inflação e que não teremos mais melhoras na margem.
Não acredito que estas duas hipóteses sejam integralmente verdadeiras, mas não precisa conhecer muito do mercado de capitais brasileiro para saber que será assim que as mesas e os economistas vão interpretar.
A questão na mesa é simples: os juros longos já caíram bastante e o mercado está à espreita para qualquer desculpa para subir os vencimentos mais distantes.
Um corte de juros mais forte semana que vem que não for acompanhado por uma sinalização da Petrobras pode se tornar uma Vitória de Pirro, ou seja, a parte curta da curva cai, mas devolve tudo na parte longa.