“As estrelas brilhavam como diamantes. Era o tipo de noite que deixa você feliz por estar vivo”, foram as lembranças do sobrevivente Jack Thayer do dia 10 de abril de 1912, quando o ilustre Titanic partiu de Southampton, Inglaterra, rumo a Nova York em sua viagem inaugural.
A alegria durou pouco.
A bordo, muitos empresários importantes, artistas e celebridades - todos saboreando a sensação de tranquilidade. O navio era o maior, mais luxuoso e, ao que parecia, mais seguro do mundo.
Os avanços tecnológicos desenvolvidos e utilizados no projeto o notabilizava como inafundável. Com tanta modernidade e solidez, os botes salva-vidas eram mera formalidade - poucos foram levados – visto que não seria necessário, pois o navio era o ápice da segurança.
Em 14 de abril, apenas quatro dias após a partida, por volta das 23h30, o capitão Edward Smith, mesmo com toda sua experiência, ignorou os avisos telegráficos que anunciavam um iceberg em sua rota e permaneceu nela. O Titanic o atingiu, originando sua destruição.
O navio conseguiu permanecer na superfície por aproximadamente 3 horas após o contato inicial. No dia 15 de abril, quando o desastre terminou, mais de 1500 pessoas perderam a vida.
O mundo das finanças está repleto de Titanics. Um dos mais notáveis é o fundo de investimento Long Term Capital Management.
Em 1993 iniciava-se a formação de um time de estrelas. A equipe dos galáticos contava com Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar. Pepe Guardiola comandava o elenco e por aí vai.
Os fundadores Myron Scholes e Robert Merton estavam por trás da fórmula Black-Scholes, com participação também de Fischer Black. Com dois Prêmios Nobel à frente e com uma equipe que ainda contava com um ex-presidente do Federal Reserve, David Mullins, e John Meriwether, um famoso trader que chegou a vice chairman do Salomon Brothers, o LTCM tinha tudo para ser um sucesso.
Com o pequeno spread das estratégias de arbitragem, para conseguir uma boa rentabilidade, o fundo era extremamente alavancado.
No auge em 1998, o LTCM possuía aproximadamente US $ 5 bilhões em ativos, controlava mais de US $ 100 bilhões e possuía posições cujo valor total era superior a US $ 1 trilhão.
Quando a Rússia entrou em uma profunda crise, o LTCM permanecia com uma posição significativa em seus títulos. Apesar da perda de milhões de dólares por dia, os modelos matemáticos desenvolvidos pelos PHDs recomendavam manter a posição. O fundo possuía 5% do mercado global de renda fixa. Temendo uma crise global, o Federal Reserve orquestrou o resgate e o fundo foi liquidado em 2000.
A tragédia do Titanic e a derrocada do LCTM deixa algumas lições.
O excesso de confiança e o ambiente perverso de arrogância, cujo desdobramento é a concentração e a alavancagem são caminhos que levam à ruína. A diversificação, seguros contra convicções, consciência da própria limitação e que pode estar errado - e portanto - não pode estar numa estratégia que lhe tira do jogo caso não dê certo, são as armas contra este viés cognitivo.