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Publicado 17.08.2020, 12:46

As notícias do final de semana seguem tomadas pelo impasse político e fiscal no alto escalão do governo.

Por um lado, gastar mais gera muita popularidade. O programa de auxílio emergencial fez com que a avaliação do governo Bolsonaro crescesse bem, levando-o ao seu maior patamar desde o início do governo.

Com as eleições de 2022 se aproximando, a ala desenvolvimentista, com Rogério Marinho do Desenvolvimento e Tarcísio de Freitas da Infraestrutura, quer recursos para seguir lançando e concluindo obras que afetem positivamente a imagem do governo.

Por outro lado, temos o ministro Paulo Guedes, o guardião fiscal do governo, e o pilar principal de credibilidade com o mercado. Paulo Guedes é fortemente contra qualquer aumento de gastos, e deu na semana passada uma entrevista bem contundente explicitando que ampliar gastos e furar o Teto poderia constituir em crime de responsabilidade e dar margem ao pedido de impeachment.

Segundo fofocas dos jornais, essa declaração lhe rendeu várias críticas da ala que quer gastar, além da insatisfação do próprio presidente. Vários jornais deram sua saída como "certa", e especularam a entrada do Presidente do BC, Roberto Campos, no lugar do ministro.

Outros jornais apontam como impossível esse rearranjo, uma vez que Campos só estaria no governo por conta de Guedes.

Enquanto ficamos nesse disse me disse, o mercado subiu os juros longos por 3 dias seguidos, levando a taxa de 5 anos de volta para 6 por cento.

A instabilidade política e fiscal é mais do que suficiente para atrapalhar qualquer plano de queda dos juros longos e alta forte na bolsa no curto prazo.

Tudo isso tem que ser endereçado antes de novas ondas de otimismo, a não ser, claro, que se divulgue a vacina contra o coronavírus.

 

Do BC para o Tesouro, com amor

O Tesouro gastou boa parte do seu caixa pagando juros e amortizações da dívida, e evitou fazer grandes emissões nessa época de medo em relação ao fiscal. Até aqui, a estratégia deu certo, e o número menor de emissões longas evitaram uma posição técnica ruim.

No lugar, o Tesouro aumentou bastante o percentual em tesouro selic, que paga a menor taxa dentre os títulos.

Mas, para 2021, teremos um cronograma de vencimentos bem mais carregado. O caixa atual não vai servir e o Tesouro precisará achar uma saída.

Uma das vias seria aumentar a emissão de títulos longos. Essa saída deve automaticamente colocar uma pressão negativa nas taxas, podendo levar ao seu aumento.

Outra saída, que Guedes estuda com Campos, segundo jornais, é a transferência de 400 bilhões do Banco Central para o Tesouro, fruto do resultado com as reservas cambiais.

Segundo os jornais, Campos teme que essa transferência reduza a margem de manobra do BC caso tenha que lidar com alguma instabilidade na moeda. Além disso, o BC parece ter feito consultas ao TCU, para saber se essa transferência é legal.

A regra antes dizia que essa transferência de lucros era automática, e se caso fosse prejuízo, o Tesouro que emitiria títulos para pagar a conta. Porém, com a alteração recente da regra, a transferência só ficou permitida em alguns casos, incluindo dificuldade relevante de financiar a dívida pública.

 

Risco de atividade

O auxílio emergencial está agendado para acabar agora em agosto e, salvo novas prorrogações, pode gerar um impacto negativo relevante na atividade.

Os 600 reais deram bastante suporte a vendas de supermercado, varejo, e outros gastos da economia. O fim do auxílio poderia reverter a trajetória de dados acima do esperado.

O governo, sabendo disso, corre contra o tempo para avaliar opções de postergar a ajuda, mas o ganho de popularidade gerado acabou por trazer vários inimigos no congresso.

De repente o Congresso, e Rodrigo Maia, ficaram muito preocupados com os gastos fiscais e a flexibilização do Teto. Que lindo, não é mesmo? Tudo para não manter a popularidade do presidente.

 

Mercado não sabe o que faz

Em meio a todos esses riscos, o mercado brasileiro vai ficando à deriva. Não sabemos se a popularidade vai falar mais alto e teremos flexibilização do teto. Não sabemos se teremos austeridade e os dados da economia vão despencar.

Não sabemos como o Tesouro pretende financiar a dívida, e tampouco sabemos como o BC seguirá perseguindo a meta de inflação.

Em meio a todas essas preocupações, os investidores institucionais estão reduzindo parcialmente suas posições de risco.

Como sempre comento aqui, você não precisa enfrentar todos os tipos de mercado.

Um piloto de helicóptero, por exemplo, evita viajar quando o tempo está ruim. Por quê? Pois é muito mais arriscado e pode causar um acidente fatal.

Você deve fazer a mesma coisa. Maneirar na exposição excessiva a riscos neste momento mais delicado. Deixe o céu clarear de novo para voltar mais agressivo.

Tentar passear no mercado com esses raios e trovões pode te levar a alguns acidentes, já que os preços não estão tão baratos quanto antes.  

Um abraço, e uma excelente semana!

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