Por Rebeca Nevares, da Galapagos Capital
Que 2021 foi um ano de grandes desafios, ninguém duvida. Ainda que as vacinas tenham chegado aos “braços” de boa parte da população, a pandemia de Covid-19 seguiu no centro das atenções do mercado pressionando a economia em todo o mundo. Os Bancos Centrais têm atuado para conter o problema, mas por aqui, agravada por incertezas políticas e fiscais, a inflação tem “castigado” um pouco mais.
Exemplo disso foi a mudança de política monetária promovida pelo Banco Central do Brasil. Iniciamos 2021 com a Selic em 2% e caminhamos para encerrar o ano em quase 10%, com a curva de juros futuros apontada para cima. Hoje, por exemplo, somos o país com o maior juro real do mundo, perdendo apenas para a Turquia.
Diante deste cenário, vemos as eleições de 2022 se aproximarem com a expectativa de quem ocupará a cadeira do Executivo. Com este clima de polarização acirrado e a popularidade do atual presidente em baixa, o “embate” eleitoral, que era esperado para daqui dois ou três meses, foi antecipado.
Isto, em tese, fez com que o governo mudasse o tom da política econômica e abandonasse o Teto de Gastos com o objetivo claro de injetar dinheiro na economia a fim de recuperar a confiança dos eleitores.
Esta movimentação, aliada às dificuldades na aprovação de reformas no legislativo, fez o mercado ruir e sair de 130 mil pontos em meados de maio para 102 mil em novembro.
Em evento durante a semana, o gestor de Wealth Management da Galapagos, Arnaldo Curvello, falou sobre o tema.
Para ele, embora seja esperada volatilidade para 2022, nós começaremos o ano com preços bem diferentes do início de 2021. Descontada a inflação, segundo ele, parece que as ações brasileiras estão muito interessantes.
Por não ser analista, não posso dizer quais empresas estão “baratas” na bolsa, mas sugiro que alguns setores como varejo e commodities sejam observados de forma mais atenta, pois existem oportunidades de investimentos com bons upsides.
Algumas empresas estão nos mesmos patamares de março de 2020, quando as economias de todo o planeta estavam fechadas. Apesar do ano difícil, os fundamentos não mudaram a ponto de haver uma mudança tão drástica nos preços.
Por outro lado, a renda fixa, dado o momento, volta a ser uma alternativa interessante. Como eu disse mais acima, o Brasil, com a Selic acima de 9%, temos uma das taxas básicas de juros mais altas do mundo. E, obviamente, isto abre algumas janelas para o investidor, tanto via títulos públicos quanto privados, como por exemplo, IPCA +.
Há um ou dois anos, comentei neste espaço sobre a mudança de estratégias ao longo do tempo. Os investimentos devem ter como foco o longo prazo, porém, em momentos de crise, principalmente, é preciso rebalancear a carteira e incluir novos e bons ativos.
Se 2022 é cercado por incertezas, nos mercados pode ser o ano das oportunidades. Pense nisso!