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São os Investidores Pessoa Física Responsáveis pela Alta das Bolsas?

Publicado 27.07.2020, 15:03
TSLA
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IBOV
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Tanto nos EUA quanto no Brasil o fenômeno da invasão de pessoas física investindo no mercado de ações aumentou de maneira gigantesca após a pandemia. Nos EUA, um dos aplicativos que popularizaram isso foi o Robin Hood, onde muitos desses investidores são conhecidos graças a esse movimento, como RobinHooders.

Nos Estados Unidos, com o avanço da pandemia e o incentivo por parte do Fed, o Banco Central Americano, foram injetados trilhões, onde inicialmente cada detentor de Social Security Number (o CPF dos americanos e que os residentes possuem) receberam US$ 1.200 de graça para gastar. Já quem está em auxílio-desemprego recebe semanalmente US$ 600. Muitos estão recebendo esse auxílio até em valor maior do que quando trabalhavam, ocorrendo casos em que preferem ficar em casa do que trabalhar. São valores altos e que muitas vezes passam do custo de manutenção de uma família, sobrando dinheiro para outras coisas, como investir na bolsa de valores, por exemplo.

Outro fato que posso notar, e ajudou na corrida das pessoas físicas para a bolsa, foram os fechamentos de cassinos, esportes como baseball, futebol americano, basquetebol, jogos que podem ser apostados e com grande número de apostadores em casa, só restou uma coisa aberta: a bolsa de valores, vista como muitos (de maneira equivocada) como um local de apostas!

Soma-se a questão de grana liberada de graça, mercados de apostas fechados, unindo-se ao tempo ocioso em casa, bummm!, temos o ambiente propício para os investidores pessoa física irem para a bolsa de valores.

 

Mas será que esses investidores influenciaram tanto assim o mercado de ações?

No Brasil, efeito similar ocorreu, temos o maior número de pessoas física na bolsa brasileira. Em 2002, tínhamos cerca de 85 mil pessoas física investindo e agora perto de 2,7 milhões de pessoas, ou seja, um crescimento de quase mais de 50% apenas em 2020 e o maior número da história!

Fonte: B3

Fonte: B3

No Brasil, o aplicativo que mais se assemelha ao RobinHood dos EUA é o Warren, mas que não é igual. Tanto nos EUA quanto no Brasil, mais apps surgiram e isso tem facilitado a questão de entrada de pessoas físicas investindo. O Warren recebeu recentemente R$ 120 milhões para ampliação e o Robin Hood existe desde 2013, permitindo que investidores abram um cadastro sem um valor mínimo inicial, inclusive com custo aparentemente gratuito, digo aparentemente, porque nos EUA é permitido a ordem de venda do que estão fazendo os investidores dessas corretoras para fundos e investidores institucionais, ou seja, há autorização e permissão para os investidores institucionais operarem do uso dessas informações. No Brasil isso ainda não ocorre, há corretagem aparentemente gratuita, mas como não existe almoço grátis, muitas dessas plataformas saem do ar no momento que o investidor mais precisa perdendo a possibilidade de operar por alguns momentos. Obviamente, não há “almoço grátis” em nada na vida.

Sobre o Robin Hood ele foi criado em 2013, tem 10 milhões de clientes e, apenas nesse período de pandemia, abriu cadastro para 2 milhões de investidores no primeiro trimestre, sendo esse número maior que corretoras americanas como Charles Schwab (a XP Investimentos dos EUA), TD Ameritrade e E-Trade combinados. Outros dados que são interessantes é a idade média do investidor que usa o Robin Hood, 31 anos e média de US$ 4.800 por cliente, o que é muito baixo e que multiplicando o valor médio por cliente vezes o número de clientes, temos US$ 48 bilhões, um valor muito pequeno perante o valor de mercado de US$ 14 trilhões a US$ 15 trilhões que possui o valor total do mercado americano.

Abaixo seguem dados da evolução dos investidores divididos por idade. Nota-se que a maioria dos investidores possui mais de 55 anos, correspondendo a 74% do total de investidores, não sendo o perfil dos investidores nos EUA:

Faixa Etária dos Investidores nos EUA

 

No Brasil temos evento similar onde mais da metade dos investidores, em torno de 55%, possui mais de 55 anos. Além disso, se somarmos todo o massivo crescimento de investidores de 2019 para 2020 (cerca de 1 milhão de investidores) eles representam apenas 25% do total de valores investidos na bolsa brasileira, com peso menor que os investidores institucionais e ainda quase a metade dos investidores estrangeiros (que resgataram da bolsa brasileira cerca de R$ 75 bilhões apenas em 2020).

Fonte: B3

Nos EUA, o RobinHood possui um mecanismo para sabermos quais são as ações mais populares no app. Há uma gama de ações e a mais popular no momento é a Tesla (NASDAQ:TSLA), que muitos falam que estaria cara e que vem subindo no ano.

Fonte: RobinHood

Tendência de crescimento no número de investidores e de dinheiro investido na Bovespa

Muitos sabem que nos EUA, metade da população americana (328 milhões de pessoas) investe diretamente ou indiretamente no mercado de ações, sendo 55% de investidores acima dos 18 anos. Esse percentual já foi de 65% em 2007, um ano antes da Crise de 2008. No Brasil, temos cerca de 2,7 milhões de investidores e se tivéssemos apenas um quinto do percentual americano, ou seja, 10% da população brasileira (209 milhões de pessoas), teríamos um crescimento de mais de 9x no número de investidores.

Porcentual da população dos EUA que investe na bolsa

 

No Brasil, o potencial de pessoa física é gigante, além disso, diferentemente dos EUA, estamos vivendo nosso primeiro período de juros baixos. Por exemplo, em 2001, chegamos a ter juros de renda fixa a 42% ao ano e hoje temos juros de 2,25%, uma queda de quase 40%, o que é muita coisa e que vai transformar aos poucos o pensamento do investidor pessoa física brasileiro.

Soma-se a isso, um valor de R$ 7 trilhões em renda fixa, com R$ 1 trilhão em poupança e que deve migrar nos próximos meses para a bolsa. Se pegarmos apenas 5% do valor de R$ 7 trilhões, temos R$ 350 bilhões saindo da renda fixa e entrando na renda variável. Como exemplo que comentei anteriormente, os estrangeiros com uma das maiores saídas da história do Brasil do Ibovespa com R$ 75 bilhões e que já teve uma grande influência, é quase um quinto do que tende a entrar no mercado de ações.

Sendo assim, conclui-se que atualmente o investidor pessoa física tanto nos EUA quanto no Brasil foi fator importante, mas não fundamental na alta recente das ações, eis que representa em ambos os países menos de 30% do total de investidores.

 

Mas, então o que auxiliou na alta das ações, se não foram os investidores pessoa física?

Em artigos anteriores, comentei que a recuperação das mínimas nas bolsas mundiais, “coincidentemente” teve valor similar ao que foi injetado na economia. Nas mínimas de março, as bolsas mundiais atingiram US$ 63 trilhões e que após os incentivos elas chegaram rapidamente a US$ 81 trilhões. O que ocorreu para mudar esse valor especificamente? Incentivos somados de US$ 17 trilhões pelos quatro maiores bancos mundiais: BOJ, FED, Banco Central da Inglaterra e BCE.

Abaixo podemos notar a quantidade de dinheiro que foi injetado nesses últimos 12 meses:

Estímulos econômicos

Somado a isso e outros acontecimentos macros é que comentei que maiores oportunidades de investimentos podem estar em mercados emergentes, empresas focadas em value investing, commodities (algumas com maior potencial que outras, que comentei no último artigo quais são), real state e propriedades.

Fico por aqui!

Era isso!!
Um grande abraço,
Eliseu Manica Júnior

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