Salve-se Quem Puder no Brasil! - Resumo da Semana

Publicado 28.10.2016, 14:55

Salve-se quem puder!

O Brasil nesses últimos dias teve um pouco de tudo. Foi notícia boa para o governo com o avanço das reformas propostas, mas também teve notícia ruim para o futuro de Temer, com importantes aliados (e ex-aliados) do governo sendo ameaçados com o avanço das investigações da Lava Jato. Adiciona-se a isso uma dose de pessimismo com o desemprego e uma empresa na bolsa cancelando seu plano de reestruturação e temos como resultado o cenário econômico-político dessa semana. Vamos aos destaques.

Do lado positivo para o governo, a PEC passou novamente com louvor na votação do segundo turno na Câmara dos Deputados com 359 votos a favor e 116 contra (no primeiro turno foram 366 contra 111). De fato, nenhuma novidade, afinal não se esperavam grandes mudanças de lados, ainda mais com o presidente Michel Temer e o presidente da Câmara Rodrigo Maia fazendo um corpo a corpo para angariar votos com direito a jantares e coquetéis (já dizia o ditado que o melhor jeito de conquistar alguém é pela barriga).

Por hora o avanço da PEC 241 fica parado enquanto passa pela análise dos pontos sugeridos pelos demais deputados a fim de ver se haverão inclusões ou exclusões de algum item. Em Dezembro a PEC segue para o Senado para votação (haja mais comida pros senadores).

Para continuar no clima otimista, algumas outras notícias na semana que passou animaram os mercados sobre a retomada da economia brasileira. Dentre elas:

- Os consumidores voltaram a mostrar confiança com o resultado do ICC (índice de confiança do consumidor) atingindo o maior valor nos últimos dois anos. O ICC atingiu os 82,4 pontos, com ganhos de 1,8 pontos em Outubro, maior valor desde Dezembro de 2014, quando este índice estava em 86,6 pontos.

- O setor de construção brasileiro mostrou otimismo na divulgação do Índice de Confiança da Construção (ICST) atingindo a marca de 74,7 pontos (acima do esperado), além da menor inflação registrada no Índice Nacional de Custos da Construção (INCC), desacelerando 0,17%.

- Demais indicadores de confiança também atingiram seus maiores valores para os últimos dois anos, tais como o Índice da Situação Atual (total de 69,0 – ganho de 0,8), o Índice de Expectativa (total de 92,6 – ganho de 2,5)

- Expectativas do governo para a repatriação de recursos superando as expectativas de R$ 80 bilhões. Segundo fontes do governo, houve uma forte reentrada de capital estrangeiro no país nessa última semana com a data final em 31/Out, onde as pessoas estavam aguardando até a semana final para saber se haveriam novas regras (já que o governo muda tudo a toda hora) que pudessem as beneficiar. Como não alteraram nada, houve um corre-corre para aderir até a data limite e não ser punido pelo atraso.

E pelo lado negativo?

Como nem tudo são flores no país abençoado por Deus, esses últimos dias também tiveram uma série de notícias negativas que, mais uma vez, deixam investidores (principalmente estrangeiros) sem uma base concreta se de fato a economia por aqui entrou nos trilhos ou se qualquer passo em falso pode voltar a desestabilizar as últimas conquistas.

Começando pela economia, a taxa de desemprego da população veio em linha com o esperado, porém ainda assim ruim. Segundo o IBGE, o total de brasileiros sem emprego já chega à quase 12 milhões de pessoas, batendo o valor de 11,8% da população.

Já sobre o crescimento do país, como já foi noticiado, o IBC-BR veio pior que as expectativas quando esperava-se uma queda na atividade econômica brasileira de -0,69% e o resultado foi de -0,91% (a pior em 15 meses!!!). Esse resultado é importante porque demonstra que os analistas que vem apontando a recuperação do Brasil como certa podem quebrar a cara e ter de se desculpar com o mercado, afinal quando há um clima de instabilidade política e econômica instaurada no ar, qualquer afirmação deve ser feita com cautela em dobro.

E isso vale também para os consultado do FOCUS que essa semana divulgou suas expectativas de mercado. Conforme gráfico abaixo, os principais índices ou pararam de melhorar ou voltaram a apresentar deterioração e isso significa duas coisas:


Expectativas FOCUS

a) Os analistas estão menos influenciados pelo passado clima de otimismo e voltaram a fazer contas.

b) O risco político voltou a pesar na ponderação dos cenários políticos.

E o risco político dos quais estamos falando vem do fato de que não só o governo federal está à espera dos próximos passos de Eduardo Cunha, o qual possui um verdadeiro arsenal de “causos” para contar aos policiais, mas também das novas fases da Lava Jato que decorrerão das informações que estão sendo apuradas advindas dos BOs que o Marcelo Odebrecht soltou.

Nessa semana, a colunista da Folha, Mônica Bergamo, ressaltou que o possível estrago que o ex presidente da Odebrecht pode fazer contaminaria não só o assento máximo do executivo, mas também as diversas camadas de aliados que Temer conta para aprovar medidas polêmicas no futuro. Segundo pessoas próximas ao processo de depuração dos fatos contados por Marcelo, o que está por vir não deixaria pedra sobre pedra na seara política, derrubando grandes figurões atuais.

O drama seria tamanho que lideranças partidárias já estariam supostamente mexendo suas peças por detrás dos panos a fim de levantar nomes que substituiriam os atuais governantes. Dentre os que foram citados, Fernando Henrique Cardoso já foi idealizado por líderes tucanos, um nome que ainda tem algum prestígio no país.

Para piorar, um dos nomes mais fortes do lado de Temer, o presidente do Senado, Renan Calheiros, arranjou briga com o STF e trocou farpas com a presidente do supremo, Carmén Lúcia, quando o primeiro ofendeu um juiz chamando-o de juizeco, e a segunda veio em defesa da categoria. Resultado? Ruim pro Renan que no dia 03 de Novembro acompanhará a votação pelo STF no julgamento do processo que proíbe políticos que sejam réus em processos de estarem em cargos que ocupem a linha sucessória da presidência, tipo de cargo esse em que Renan está, podendo o atual presidente do Senado ser afastado de seu posto.

Será que o governo conseguirá implementar suas pautas de mudança econômica ou o castelo de cartas cai antes e voltamos ao ápice da crise? Acompanhe as próximas semanas neste mesmo canal, neste mesmo horário!

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