Por Rebeca Nevares, sócia da Monte Bravo Investimentos
O mês de março foi histórico para os mercados de todo o mundo. De repente vimos as bolsas caírem muito mais rápido que em crises anteriores e isso se deu pela circulação rápida de informações. O que temos visto é que está ficando cada vez mais difícil processar todos os dados e tomar decisões mais assertivas de investimento. Agora imagine se fosse possível otimizar o seu patrimônio diante de um cenário negativo assim? Pois saiba que a tecnologia pode ajudar no desempenho da sua carteira e uma forma de fazer isso é por meio dos fundos que usam modelos matemáticos.
Mas como eles funcionam? Basicamente, eles utilizam estratégias produzidas por algoritmos poderosos que exploram padrões e assimetrias no mercado. Aqui no Brasil esta ferramenta ainda é pouco utilizada, mas algumas gestoras já contam com ela para ajudar na tomada de decisão.
Para exemplificar o que eu quero dizer vou tomar emprestada uma analogia citada pelo Rodrigo Terni, CEO da Giant Steps Capital, gestora que utiliza esse tipo de recurso, em um podcast da Monte Bravo. Ele explica que o processo de extração do ouro era totalmente diferente há 500 anos. O garimpeiro ia até uma caverna ou riacho e lá podia encontrar o metal com certa facilidade.
Hoje este processo é muito mais complexo. Para extrair algumas gramas de ouro empresas precisam gastar muito dinheiro com tecnologia e mapeamento de solo.
Algo parecido ocorre com os mercados financeiros. Gestores viram seus processos evoluírem ao longo do tempo chegando ao ponto de robôs ajudarem a comprovar as hipóteses de investimento, já que está impossível processar todas as notícias que impactam os indicadores diariamente.
Mas vale ressaltar que a tecnologia não faz tudo sozinha. As teses por trás dos algoritmos ainda são desenvolvidas por pessoas (analistas, engenheiros, matemáticos, etc). As decisões nesse tipo de fundo além de serem mais ágeis, contam com um fator determinante na negociação de ativos: a minimização do viés emocional nas decisões de investimento.
Mas como escolher esse tipo de fundo e quais os riscos envolvidos?
Aqui no Brasil os chamados fundos quantitativos ainda não têm uma categoria própria na classificação da Anbima. Eles são registrados como multimercado e possuem flexibilidade para operar câmbio, juros e bolsa, inclusive fora do país.
Como em qualquer tipo de investimento, é preciso saber qual o seu grau de tolerância ao risco. Neste sentido é fundamental entender a estratégia utilizada pelo gestor para saber se ela casa com o seu perfil e objetivos. Como eu já citei aqui anteriormente, comparar as rentabilidades e taxas também é algo importante na hora de escolher uma gestora.
Contudo, se você ainda não sente confiança, é muito importante contar com a ajuda de um profissional. A tecnologia pode ser uma aliada relevante para a criação de patrimônio hoje em dia, mas a figura do ser humano capaz de entender os desejos e anseios por trás de cada investidor ainda não pode ser substituída, afinal falar de dinheiro é muito mais que falar de matemática.